Eu subestimei e este texto é para falar como peguei a Covid-19, a variante Omicron. E como. Achei que tomando as três doses podia fazer todas as coisas. Estava feliz e empolgada com janeiro começando, tinha planejado tudo. Tinha programado posts, estavas prestes a gravar no Youtube e iria finalizar o 2021.1 da UFRN sem algum arranhão. Pensei.
Olhava as notícias e eu tinha certeza que nunca iria rolar. “A gente sempre se cuidou e vamos continuando”. Além disso, eu só saia do trabalhando usando uma PFF2. Mas, uma simples gripe que meu pai pegou pós festa de fim de ano mudou.
Era uma segunda-feira e estava preparando meu café da manhã, quando meu pai reclamou de resfriado. Como a família é toda alérgica e colocamos o Hixizine na cesta básica, pensei que fosse mais uma crise alérgica.
Após uma melhora, ele foi ao Alecrim com a finalidade de trocar os pneus numa oficina indicada pelo meu tio e iria encontrá-lo lá. Esqueceu de um pequeno detalhe: Este tio viaja bastante e é uma pessoa um pouco boêmia. Ou seja, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ficaria triste com sua atitude.
Após voltar com o carro de pneus novos e feliz, a gente foi comemorar o aniversário da minha irmã. Inclusive, o tio que meu pai encontrou mais cedo esteve na celebração. Na sexta, dia 15, os sintomas da “gripe” voltaram e de forma piorada.
No domingo, eu lembrei de um teste rápido que tinha em casa. Tinha participado no ano passado do teste de vacina. Quando vi os dois tracinhos indicando positivo, eu corri para minha mãe e disse o resultado. Assim, a chamei mais minha irmã para pegar o restante do teste e fazer na gente. Felizmente, tinha dado negativo. Eu não peguei a variante Omicron, uhul.
Estava salva? Claro que não!
O primeiro dia passou, a gente separou as coisas da gente e do meu pai e resolvi ficar trabalhando de home office para não passar aos meus colegas.
Passou terça-feira e minha irmã sentiu dor no corpo, as horas se passavam veio a febre e garganta doendo. Minha mãe e eu estávamos sentindo numa prova de resistência do Big Brother Brasil, onde o perdedor iria direto ao paredão.
Aquela quarta…Maldita quarta…
Fui fazendo os meus trabalhos da agência em casa e as dores na lombar que estava ficaram insuportáveis, mais dor de garganta e coriza. Deitei e piorou. Depois, eu olhei o Instagram e vi meu feed várias mensagens, prints e imagens de pessoas falando que testaram positivo, relatando o mesmo que sentira. A ansiedade subiu, comecei a ter falta de ar, sentimento de culpa e as dores intensificando.
Posteriormente, mainha reclamou que estava sentindo a mesma coisa.
Sexta, o dia do exame
Após o meu pai e irmã testarem positivo, painho usava o Whatsapp do otorrino da família como telemedicina a cada 2 minutos. Sem contar que espalhou a notícia para os amigos do antigo trabalho, familiares, clientes do trabalho e qualquer pessoa que pudesse conversar.
Foi assim também que meu tio dos pneus, que mencionei acima, soube que aquela fraqueza no dia do seguinte do encontro era Covid-19. Tudo em família. Minha garganta estava insuportável e precisava saber se tomaria remédio.
Painho sugeriu que eu fosse para uma urgência. Eram mais de 200 pessoas dentro do único hospital existente em Capim Macio. Distanciamento social não existia. Máscara no queixo e minha trilha sonora era o “cof cof”. Da criança ao idoso.
Peguei a Covid-19, variante Omicron, mesmo?
No hospital primeiramente mediu minha pressão, oxigênio e batimentos cardíacos. O médico viu o resultado da minha triagem, me examinou e disse que as chances de estar com a Omicron eram bastante altas. “Sua frequência cardíaca está alta, isto é comum nos pacientes que estão positivo”, disse enquanto escrevia a ficha para me encaminhar ao exame. Neste momento, pensei: “Que bela forma de morrer…”.
Chego em casa e minha mãe também tinha acabado de receber o seu encaminhamento. Sexta-feira era o dia para saber. “Seis horas da manhã te acordo, viu, filha?.”.
Parecia que estava numa realidade paralela
Era sexta-feira, 06 horas e minha mãe disse ao meu pai que não precisava marcar. Era só ir no laboratório favorito, perto de casa, pegar a ficha e pronto. Saímos de casa, ela repetindo que o exame seria do jeito que sonhara. Chegou no laboratório favorito e a moça prontamente disse que só na unidade matriz, que ficava no Centro, que também não deu certo.
“Acabou as fichas, agora você pode pagar o teste rápido, de 120 reais à vista e não aceitamos cartão”, dizia a atendente. Olhei o Insta e vi que outro tradicional laboratório com duas formas de marcar o exame: 1) Whatsapp; 2) Drive Thru.
O laboratório final
A distância nem era tão grande, mas vi uma enorme fila de carros às 08 horas. Nem a fila da tatuagem de Roberto Nascimento era tão cheia de gente. Mas, uns minutos depois, veio um funcionário colocar uma ficha no nosso carro e pediu os nossos documentos.
Então, utilizamos o que sabia de melhor para fazer: sarcasmo. Eu podia fazer outro texto explicando como foi, mas vou mostrar as melhores frases da minha mãe.
- “Eita, a gente recebeu a ficha 100, tem 100 carros na minha família”.
- “O carro 99 só vive brigando com os furões da fila.”.
- “Eita, o carro 101 passou mal, o amarelinho foi até empurrar o carro.”.
- “Vá comer bolacha maria, quando chegar perto das barraquinhas, tu compra uma água.”.
- “Desligar o ar-condicionado para economizar gasolina.”.
- “A sorte que estamos vacinadas. Se depender daquele fresco (o presidente), a gente estava tudo morto.”.
- “Pula essa música.”.
E foi tagarelando que conseguimos sobreviver.
Como fazer exame no drive-thru
Por fim, após três horas numa linha reta, parecendo trânsito de veraneio. Finalmente entramos e mais carros esperando, os funcionários estavam protegidos dos pés a cabeça.
“Menina, Lara, o povo parece que está em Chernobyl. Será que estão com medo?”, dizia mainha, que alternava entre piadas e reclamando da demora do meu plano de saúde em autorizar o exame. E deu uma cutucada para tirar uma foto. Como resultado, esta é a imagem que ilustra este texto.
O rapaz indicou o local que iria estacionar e esperar um profissional chamar, entregar os documentos e, por fim, enfiar o temido cotonete que parecia que iria tirar o meu juízo em cada cutucada nas narinas.
Assim, eu peguei a Covid-19, variante Omicron
Após umas horas, eu descobri que o Covid-19 está em mim e eu peguei a variante Omicron. Por enquanto…Agora consigo escrever, este é um sinal que estou melhorando aos poucos e agradeço a todos os dias por ter me vacinado, acabado de tomar a terceira dose e que realmente os anticorpos estão trabalhando para que viva.
Portanto, a lição que trago é tomem a vacina, bebam água, usem a PFF2 e não escutem Fake News.
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