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Elza Soares: imortal Bossa Negra do fim do mundo

Elza Soares

Numa tarde de 20 de janeiro de 2022, Elza Soares, de 91 anos, deixou a vida terrena, onde os seres superiores deixaram ela cantar até o fim. Agora, a sua história será repassada eventualmente para outras mulheres negras que conseguiram sobreviver ao racismo, misoginia, assédio e entre outros preconceitos. Por isso, eu resolvi deixar que…

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Numa tarde de 20 de janeiro de 2022, Elza Soares, de 91 anos, deixou a vida terrena, onde os seres superiores deixaram ela cantar até o fim. Agora, a sua história será repassada eventualmente para outras mulheres negras que conseguiram sobreviver ao racismo, misoginia, assédio e entre outros preconceitos. Por isso, eu resolvi deixar que Abner Moabe, um admirador da música brasileira tão quanto eu, escrevesse no Brechando.

Com vocês, Abner Moabe.

Escrever sobre Elza Soares ao mesmo tempo que pode soar fácil, tendo em vista a grande obra que ela construiu ao longo do tempo, também é uma tarefa bastante desafiadora pois qualquer coisa que se diga sobre Elza Soares soará como sendo insuficiente para descrever a importância de sua personalidade para a cultura brasileira.

Do ponto de vista artístico, Elza construiu uma obra extremamente rica e cheia de contrastes, sendo totalmente leviano lhe rotular como uma cantora de samba apenas. Apesar de que ela já mereceria todas as honras por romper a hegemonia branca da bossa nova. Assim, dando notoriedade a sua bossa negra, mas antes de qualquer rótulo: Elza era uma cantora do Brasil. Nunca teve medo de experimentar novos sons em seu trabalho.

Poucos artistas se mantiveram tão produtivos por tanto tempo. Lançando trabalhos fortes que realmente traziam algo a dizer e não apenas álbuns que servissem de justificativa para uma nova turnê.

Elza Soares é moderna até o fim do mundo

Nas últimas décadas, Elza cantou de tudo. Dialogou com artistas das mais diferentes gerações e estilos. Seus 3 últimos trabalhos ‘A mulher do fim do mundo’, ‘Deus é mulher’ e ‘Planeta Fome’ são exemplos da inquietude criativa, É uma Elza mostrando lucidez e atividade. O seu tempo era, portanto, o hoje e o agora.

E foi mostrando que seu tempo era sempre o presente e o agora que Elza se fez importante lutadora das causas do povo. Em especial do povo negro, das mulheres negras. Sendo considerada a voz do milênio, uma voz mulher, negra, brasileira e feminista, Elza foi porta-voz de si mesma e de outras tantas que se viram e se veem nela.

Hoje Elza Soares adentra o panteão das deusas e dos deuses da música brasileira e tem seu nome eternizado entre as lutadores do povo brasileiro.

A mulher do fim do mundo agora finalmente é imortal!

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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