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O uso dos espartilhos em Natal no século 19 e 20

espartilhos no RN

Sempre gostei de espartilhos, apesar de ser difícil achar em Natal. Adorava ver os filmes de princesa aquele corpo acinturado e deixava elegante. Via as cantoras de metal gótico e ficava mais admirada, tanto que tenho um. Mas, você sabia que na virada do século 19 para 20 isso virou moda no RN? Pesquisando a…

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Sempre gostei de espartilhos, apesar de ser difícil achar em Natal. Adorava ver os filmes de princesa aquele corpo acinturado e deixava elegante. Via as cantoras de metal gótico e ficava mais admirada, tanto que tenho um. Mas, você sabia que na virada do século 19 para 20 isso virou moda no RN? Pesquisando a Hemeroteca da Biblioteca Nacional, eu vi vários anúncios de armarinhos e alfaiates que fabricavam a vestimenta do estilo mais europeu possível, no qual as moças da elite natalense claramente adquiririam.

Afirmo essa frase com tanta certeza porque os anúncios de jornais foram repelidos várias vezes e era normal ver os próprios natalenses fazerem a sua própria vestimenta. Veja os anúnicos a seguir:

Em jornais como “A República”, “O Brado Conservador” e a primeira versão do “Diário de Natal” são comuns em ver anúncios como esse acima. A venda acontecia tanto na Ribeira quanto no bairro de Cidade Alta. Nas pesquisas do Brechando essas eram as grifes mais comuns que vendiam espartilho na cidade, comprovando, novamente, que os natalenses seguiam à risca da moda europeia.

Como surgiu o espartilho em Natal

Os espartilhos surgiram na Era Vitoriana, termo que se referencia ao reinado da rainha Vitória, entre 1837 a 1901. A sua segunda metade coincide com o começo da Belle Époque na Europa e, neste período, Natal passava por um período de modernização, desde na mudança urbana até em suas vestimentas. Com o espartilho não seria diferente.

A roupa surgiu durante o período de transição entre o velho e o novo século, pode-se perceber com mais precisão o início da modernização do vestuário, principalmente relacionado ao guarda-roupa feminino. Além disso, os estilos não apenas começam a se assemelhar com a moda contemporânea, como começaram a fazer as mulheres a buscar igualdade.

Para a pesquisadora potiguar, Antônia Sabrina Bezerra da Silva, da Universidade do Estado do RN (Uern), as vestimentas desse período de transição era uma forma de mostrar a status. Ou seja, a natureza do espaço social influencia diretamente a forma como as pessoas se vestem.

Para Antônia Sabrina, “a moda reafirma a liberdade que o sujeito adquiriu para “recriar” a própria pele e as próprias formas, não as que já foram concebidas biologicamente, mas as que são geradas por sua imaginação e materializadas através das texturas, linhas, adornos, acessórios e tecidos”.

De acordo com o livro “Cidade Memória”, era comum ver mulheres de espartilho em encontros sociais importantes do século XX. Um exemplo é o Cine Polytheama ou no Royal Cinema. Para achar era fácil, basta ir na Rua Chile ou na Doutor Barata e comprar nas lojas importadas.  Já o escritor Anchieta Fernandes aponta que era comum ver nestas ruas as mulheres portando espartilhos em Natal. Além disso, elas andavam de anquinhas e sobretudo de casimira com golas de barbatana se dirigindo a Rua Chile para verem filmes no Polytheama.

O fim do espartilho da moda

Teve uma época que a calcinha era na verdade uma pantalona. Isto foi no final do século XIX e início dos anos 1900. Seu design largo ajudava a manter a abertura discreta e isto era importante para as condições sanitárias da época. Os espartilhos estavam saindo de moda na década de 20 e dando espaço para macaquinhos. As mulheres abandonaram a roupa íntima da geração de suas mães e ficaram mais confortáveis.

Assim, portanto, surgiram as lingeries que conhecemos hoje.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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