Por muito tempo, Natal não pode eleger os representantes para atuar como prefeito da cidade. A primeira eleição direta após a Ditadura Militar foi ano de 1985, quando Garibaldi Alves Filhos foi o primeiro prefeito eleito após Djalma Maranhão na década de 60. Eles foram chamados pelo nome de prefeitos biônicos.
Neste post você vai acompanhar a partir dos seguintes tópicos:
Acompanhe esta postagem e saiba desta curiosidade no período que a gente não decidia quem poderia nos representar.
O que foi o período de prefeitos biônicos?
Na década de 60, 70 e 80, o Brasil passou por um período bem sombrio chamado Ditadura Militar, uma artimanha dos Estados Unidos para impedir que houvesse algo parecido com a Cuba, visto que Fidel Castro conseguiu tirar do poder Fulgêncio Batista, que era alinhado às políticas dos EUA. Por isso, o governo americano financiou os militares de vários países da América Latina para que impedisse governos considerados progressistas.
Teve Ditadura Militar no Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai, Guatemala (o primeiro país a sofrer o golpe) e dentre outros. No Brasil, os Militares ficaram no poder por 21 anos. Neste período, portanto, partidos foram diseminados, políticos opositores perseguidos e dentre outras coisas.
A partir do ano de 1966, consequentemente, os prefeitos, Governadores e Senadores foram selecionados a dedo pelos militares, chamados de cargos biônicos.
No caso dos senadores, contudo, o termo “biônico” derivou também do Pacote de Abril, de 1977, que alterou as regras para o pleito de 1978. Nele, cada estado escolheria um nome pela via indireta na renovação de dois terços das cadeiras mediante votação de um colégio eleitoral, o que deu à Aliança Renovadora Nacional (ARENA) 21 das 22 cadeiras em jogo impedindo a repetição da rotunda vitória do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em 1974. Na disputa pelas 23 vagas a serem preenchidas por voto direto os arenistas conquistaram quinze.
Aqui no Rio Grande do Norte, os militares escolheram como governadores Cortez Pereira, Tarcísio Maia e Lavosier Maia. E como ficou a capital potiguar?
Quem foram os prefeitos biônicos de Natal?
Após a cassação de Djalma Maranhão pelos Militares, Natal teve prefeitos que não foram eleitos diretamente pelo povo. Por isso, os militares nomearam algumas pessoas para serem prefeitos de Natal, que eram nomeados pelos governadores apoiados pelo governo. Estes foram:
- Ubiratan Pereira Galvão (1971-1972)
- Jorge Ivan Cascudo Rodrigues (1972-1975)
- Vauban Bezerra (1975-1979)
- José Agripino (1979-1982)
- Manoel Pereira dos Santos (1982-1983)
- Marcos Formiga (1983-1986)
Biografia dos prefeitos biônicos
A seguir vocês vão ver o histórico de cada um desses prefeitos.
Ubiratan Pereira Galvão
O ex-prefeito de Natal Ubiratan Pereira Galvão atuou inicialmente como professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi um dos primeiros docentes nomeados da primeira escola de engenharia do RN e também professor fundador de Engenharia da cadeira de Mecânica dos solos. Atuou como engenheiro chefe do 5º distrito de obras do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão responsável pela construção de açudes e barragens no interior do estado. Ele foi nomeado prefeito pelo seu tio, o governador Cortez Pereira.
No entanto, ele renunciaria à prefeitura de Natal, no qual o motivo foi revelado quatro anos mais tarde, visto que declarou em entrevista que não cedeu à pressão no sentido de dar emprego àqueles que a revista Veja (11/8/1976) chamaria de “multidão de protegidos da toda-poderosa esposa do governador”.
Faleceu em 2016 e era tio do atual presidente da Assembleia Legislativa do RN, Ezequiel Ferreira.
Jorge Ivan Cascudo Rodrigues
Jorge Ivan Cascudo Rodrigues era Mossoroense, nacido no dia 8 de outubro de 1936 e ele ficou conhecido por ter feito Plano Diretor de Natal depois do Plano Palumbo, do italiano Giácomo Palumbo, de 1929 , dando vida, através de revisão e atualização do que foi deixado inicialmente por Agnelo Alves. Além disso, foi na sua gestão que surgiu o Machadão, pavimentação das grandes avenidas Café Filho, do Contorno e Sílvio Pedroza, nas praias e a criação do Conselho Municipal de Planejamento Urbano.
Estudou no Colégio Diocesano de Mossoró, Atheneu de Natal e formou na Faculdade de Direito de Maceió (AL). O ex-prefeito de Natal foi também presidente da Cohab-RN. Ainda na Ditadura Militar foi Secretário de Justiça, no Governo Tarcísio Maia e coordenador de Programas Sociais da Banorte Crédito Imobiliário e Secretário de Indústria e Comércio, no Governo Lavoisier Maia.
Ele era pai da ex-veradora de Natal, Sonali Rosado, e cunhado de Fafá Rosado, ex-prefeita de Mossoró.
Vauban Bezerra
Natural de Serra Negra do Norte, Vauban Bezerra de Farias foi prefeito de Natal entre 1975 e 1978, nomeado pelo governador Tarcísio Maia. Em sua gestão, várias obras foram realizadas, entre as principais se encontram a construção do Viaduto do Baldo e a pavimentação da Avenida Prudente de Morais. Vauban não foi apenas prefeito de Natal, na década de 60 também geriu a cidade de Poço Branco.
Também ingressou numa chapa que disputaria a prefeitura de Serra Negra do Norte em 2003, em virtude do afastamento do prefeito Dilvan Monteiro da Nóbrega, mas a eleição acabou não se realizando e assim iria ser prefeito de um terceiro município.
Faleceu na Casa de Saúde São Lucas, em Natal, em 2006 e a Prefeitura do Natal decretou luto de três dias.
José Agripino
Agripino Maia é formado em engenharia, mas começou sua carreira política mesmo quando virou prefeito biônico de Natal, indicado por Lavoisier Maia, primo do seu pai, Tarcísio Maia, que também já foi governador biônico. Ele ficou conhecido por ter feito várias ações no bairro do Alecrim, que recebeu um apelido da oposição que até hoje é popular, no qual já falamos no Brechando. Da prefeitura para governadoria foi um trampolim, uma vez que em 1982 venceu a primeira eleição direta para Governador do Rio Grande do Norte, derrotando Aluísio Alves. Mas, sua gestão estadual ficou conhecida pelo escândalo político do Rabo de Palha, prejudicando assim a candidatura de Wilma de Faria para prefeita de Natal, assim Garibaldi Alves Filho se tornou o primeiro prefeito de Natal eleito. Além disso, ele é proprietário da TV Tropical, afiliada à TV Record, e várias rádios no interior do Rio Grande do Norte.
Manoel Pereira dos Santos
Após Agripino deixar o cargo Municipal para se candidatar ao Governo do Estado, o próximo prefeito biônico foi Manoel Pereira dos Santos. Era ex-secretário de Planejamento Municipal, apesar de ter atuado na mesma pasta quando Cortez Pereira era governador. Após a Prefeitura do Natal, ele foi secretário estadual de Planejamento, além de ter sido reitor da Universidade Potiguar (UnP) e atuou como diretor administrativo do Novo Jornal, no qual ajudou a fundar, e um de seus últimos cargos foi de secretário de Administração, quando Rosalba Ciarlini era governadora do RN.
Faleceu em 2016, vítima de câncer.
Marcos Formiga
Marcos César Formiga Ramos, apesar de ter sido prefeito de Natal, era natural da cidade paraibana de Sousa. Na década de 60 estudou Economia na UFRN e depois mudou para Itália e Chile, onde fez pós-graduação. Era filiado ao Arena, aliado ao Governo Militar. Por isso, ele conseguiu vários cargos públicos nesta época. No Governo de Cortez Pereira, ele foi secretário de Planejamento. Com Tarcísio Maia, ele foi nomeado diretor da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), o equivalente ao Departamento de Estradas e Rodagens (DER), em 1980 ocupando o cargo por dois anos. Quando José Agripino era governador, ele nomeou Marcos Formiga como prefeito de Natal, ficou conhecido por ser o último biônico.
Em 1988 foi eleito suplente de deputado federal pelo PFL (hoje DEM) em 1986 e efetivado após a eleição de Wilma de Faria para a prefeitura de Natal em 1988, figurou de novo como suplente pelo PL em 1990, exercendo o mandato no período em que Aluizio Alves foi Ministro da Integração Regional, no governo Itamar Franco.
O que os prefeitos biônicos de Natal fazem atualmente?
Como vocês podem perceber, o único prefeito biônico ainda vivo é José Agripino Maia, que tentou se candidatar nas eleições de 2018 ao cargo de deputado federal, após mais de 20 anos atuando como senador. No entanto, ele ficou na suplência e atualmente está administrando apenas as suas empresas nas quais ele é proprietário.
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