O incubus é um demônio que invade o sonho de pessoas fragilizadas emocionalmente, a fim de ter uma relação sexual com elas. O mesmo drena a energia da vítima para se alimentar. A versão feminina desse demônio é chamada de súcubo. A palavra é um derivado do latim para se referir alguém que está em cima de uma outra pessoa.
Assim é a Beatriz, conhecida como Mosquito, que tem todos os dias a obrigação de derrotar esses demônios que veio na vida dela no espetáculo Inkubus, que está em cartaz há um ano, comemorado em sua última apresentação neste domingo (9).
“O espetáculo surgiu de ideias pessoais e das pessoas que participam da montagem. Na verdade, mesmo, foi de construção coletiva, quando estava no processo de escrita, estava fazendo a montagem do espetáculo. Foram coisas que eu vi, convivi e que outras pessoas me disseram”, disse Alice Carvalho, a protagonista, que também conta com o apoio de Júnior Dalberto na direção e Gabriele Carvalho na produção.
A meta é apresentar o Inkubus em regiões periféricas. “Uma das apresentações mais legais aconteceu na comunidade do Passo da Pátria e foi dentro de uma casa, depois tivemos uma roda de conversa, na qual elas falam sobre sua experiências como mulher e como o machismo as atinge. A gente quer atingir outros bairros periféricos”, contou Gabrielle Barros, uma das produtoras dos espetáculos.
O próximo passo é tentar fazer com que Inkubus circule no interior do RN ou em estados vizinhos. Em outubro haverá oficinas do Coletivo Provisório, formado pelo time que organiza o Inkubus, com trilha sonora e dramaturgia, com integrantes da peça. Mais informações, em breve, na fanpage.
Além disso, a equipe. “A nossa equipe está fazendo um trabalho primoroso, feito com muito zelo”, elogia Carvalho, que comemorou o primeiro aniversário no palco da Casa da Ribeira, durante o Circuito Cultural Ribeiro, com ingressos esgotados.
Sozinha, a protagonista conta a biografia de uma jovem artista que sofreu abuso sexual e vive uma relação conturbada com a mãe. “Mosquito é uma pessoa muito magoada com a vida, mas ela quer se libertar deste peso em seu corpo. Ela tá no caminho de encontrar o amor verdadeiro a partir de seu próprio caminho, sem alguém lhe dizer. Os paradigmas do machismo criado sobre a mulher faz com que muitas percam a autoestima e a sua autonomia de mundo.”, defende a atriz.
Com as constantes mudanças, Júnior Dalberto explicou que a peça sempre será diferente a cada espetáculo. “É como o universo e sempre está em andamento, todos os dias temos uma visão diferente. O que aconteceu hoje, a próxima apresentação terá alguma mudança e sempre para melhor. Deixando mais bonito.”.
O Brechando perguntou qual a parte mais difícil da história de Mosquito para ser contada tanto para Alice quanto para Dalberto. A atriz respondeu: ” Todas as histórias de Mosquito são bastante difíceis de ser contadas. Hoje estou mais anestesiada, mas no começo era bastante difícil. No processo de elaboração, a gente saia do ensaio chorando.”.
Já Júnior: “Sempre me emociono quando vejo a cena que a Moskito conta que foi abusada sexualmente, tentamos fazer com que a cena ficasse mais leve, porém deu uma carga dramática.”.
Alice Carvalho comentou a importância das pessoas se identificarem com a história e a importância de debater o feminismo e os relacionamentos abusivos. “Sempre tem alguém no final da peça vem para conversar comigo, dizendo que se identifica com a personagem”, disse a atriz.
Mas será que isso vai melhorar e acabar de vez a desigualdade social ? “Eu não posso falar que o feminismo melhorou, pois a mulher que vive nas zonas urbanas privilegiadas possuem vivências diferentes das periféricas”, finalizou a intérprete de Mosquito.
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