Até o século XX, o Rio Grande do Norte era cheio de estradas ferroviárias, que ligavam fazendas e cidades. Mas, reza a lenda que esta ponte era um pedaço que seria utilizado para a construção da Ponte de Igapó, também conhecida como o Elo Perdido. A Ponte Velha de Igapó foi construída pela inglesa ClevelandBridge & EngineeringCompany e inaugurada em abril de 1916. Hoje, o que restou da estrutura de ferro já se tornou parte da paisagem urbana de Natal.
A Ponte Metálica de Igapó inicialmente seria de 10 vãos de 50 metros. Houve um acidente e um vão de 70 metros foi confeccionado. Assim, sobrou um vão de 50 metros que foi aproveitado no Ramal Lajes / Pedro Avelino.
Quem descobriu este vão foi o pesquisador e engenheiro Manoel Negreiro, após ouvir o relato de um ferroviário de 91 anos, chamado Arruda Mariano.
Negreiros é engenheiro civil e começou a pesquisar a ponte de Igapó há quase duas décadas. Segundo Manoel, seu interesse pela ponte metálica surgiu depois de ler um texto do jornal “O Poti” de 1994. escrito pelo também engenheiro José Narcélio Marques Sousa. Essa busca pelo pedaço perdido da ponte foi o resultado da dissertação de mestrado.
Lá, ele visitou a empresa que fabricou a estrutura da ponte, na Inglaterra. Obteve cópia do projeto original de engenharia, descobriu nomes de engenheiros projetistas e executores da ponte, da empresa brasileira que contratou a obra com o Governo Federal e, até estabeleceu o ano em que a obra foi realmente concluída: 1914. Ou seja, dois antes de ser inaugurada durante o Governo Joaquim Ferreira Chaves, em 20 de abril de 1916.
Sabia-se que a ponte contratada constava de dez módulos metálicos com 50 metros cada, perfazendo 500 metros de extensão. Mas, o projeto original apontara uma ponte com 520 metros e um dos vãos com 70 metros de comprimento. Qual o motivo da mudança? Por que um vão com 70 metros? Tudo faz crer que dificuldades na execução das fundações levaram os construtores a modificar o projeto. Criaram então um vão diferenciado da sequencia estabelecida alterando a simetria da obra, pois o vão de 70 metros não é central. Mas, qual destinação foi dada aos 50 metros do vão desprezado?
Então descobriu que como pontilhão para transpor um riacho, no antigo ramal ferroviário de 28 quilômetros ligando Lajes a Pedro Avelino, inaugurado no dia 8 de janeiro de 1922. O impressionante é que o pontilhão está em excelente estado de conservação guardando os traços da ponte principal inaugurada.
O ramal de Macau foi aberto em 1918, chegando até Pedro Avelino, com apenas 28 km. Em 1950 foi prolongado até Afonso Bezerra. Finalmente chegou a Macau, nos anos 1960. Jamais foi desativado oficialmente, mas está sem tráfego de trens desde praticamente que a CFN assumiu o trecho em 1997.
A intenção era promover a economia do povoado de Gaspar Lopes, hoje Pedro Avelino.
Com a chegada da linha do trem e a consequente inauguração da estação ferroviária de Epitácio Pessoa, em 8 de janeiro de 1922, o povoado viveu dias de desenvolvimento e de expansão na sua produção agrícola e no comércio, onde o progresso claramente chegava pela ferrovia. Já o Guia das Estradas de Ferro de 1960 dá a data de inauguração da estação como tendo sido em 8/1/1928 e não 1922.
Em 1938 foi elevado a distrito e em 3 de dezembro de 1948 desmembrou-se de Angicos, passando a chamar-se Pedro Avelino, numa homenagem prestada ao jornalista de Angicos, Pedro Celestino Costa Avelino, falecido em 1923. A estação foi ponta de linha até 1950, quando foi inaugurada a estação seguinte, Afonso Bezerra.
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