Esta casa acima da foto pertencia ao prefeito Djalma Maranhão, conhecido por ter feito um dos projetos considerado inovadores pela capital potiguar chamado “De Pé No Chão Também Se Aprende”, que falamos no blog. Até o ano de 2013, a casa que tinha o estilo neoclássico chamava atenção no cruzamento das avenidas Afonso Pena com a Rua Jundiaí, no bairro de Petrópolis.
Hoje, a casa foi comprada por uma empresa e demolida para dar lugar a um estacionamento para uma clínica privada no bairro de Petrópolis, descaracterizando a vista do local. De acordo com a jornalista Nely Carlos para o blog Substantivo Plural a partir de um post no Facebook, a casa chegou a ser tombada pela Prefeitura do Natal, ou seja, não podia descaracterizá-la pelo fato de ser um patrimônio histórico.
Carlos, que também atuou como presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Norte, ela viveu e sua família alugaram a casa, no qual viveram por mais de 25 anos, no qual curtiu a adolescência e criou o Burro Elétrico, bloco de carnaval conhecido por ter a maioria de foliões jornalistas e comum no carnaval de Pirangi e Carnatal, a principal micareta da cidade.
“Fico triste, muito triste, quando passo em frente e vejo o local apenas com muros e carros. Falta de respeito com a memória de Djalma Maranhão, um visionário e empreendedor, que acreditava na revolução da capital potiguar tendo como base à educação. REVOLTANTE”, disse na postagem.
Em matéria para o antigo Correio da Tarde, os vizinhos de Djalma comentava que a casa era bastante movimentada e sempre vinha políticos aparecendo pelas redondezas. Na mesma reportagem, o diretor da clínica, último proprietário do casarão, disse que somente depois que comprou os órgãos tiveram interesse em tombar os prédios históricos.
Djalma Maranhão era filho de Luís Inácio de Albuquerque Maranhão e Salomé de Carvalho Maranhão. Foi Professor de Educação Física no Atheneu Norterio-grandense,
esportista, jornalista e político, havendo criado e dirigido vários jornais, dentre estes “O Diário”. Pertecenteu ao PCB – Partido Comunista Brasileiro, ainda jovem participou da Intentona Comunista de 35, quando teve sua primeira experiência em presídio. Mais tarde, havendo denunciado integrantes do movimento por ação desonesta, foi expulso do partido (1946), no mesmo ano filiando-se ao Partido Social Progressista (PSP), cujo líder local era João Café Filho. Elegeu-se Deputado Estadual (1954) e foi nomeado Prefeito de Natal (1956), conseguindo exercer os dois mandatos alternadamente e, dois anos depois, uma suplência de deputado federal, ocupando uma cadeira na Câmara entre 1959 e 1960.
Ainda prefeito, ele fez a campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler” com o objetivo de erradicar o analfabetismo em Natal. Construiu amplos galpões com chão de areia batida e cobertura de palha de coqueiro, além de utilizar ambientes das próprias comunidades. Com o movimento político-militar (1964), foi deposto de suas funções, teve o mandato cassado e esteve preso em alguns quartéis de Natal, Fernando de Noronha e Recife. Meses mais tarde seria posto em liberdade por força de um “habeas corpus” emitido pelo Supremo Tribunal Federal.
Após publicar um manifesto na imprensa carioca, vazado em duras críticas ao modelo político então vigente, asilou-se na Embaixada do Uruguai. Nos processos a que respondeu, foi condenado a 18 anos de prisão. Casara com Dária de Souza Maranhão, com quem teve um filho, Marcos. Faleceu, em Montevidéu, a 30 de julho de 1971, e o seu corpo foi trasladado para o Brasil, sendo sepultado em Natal, no Cemitério do Alecrim.
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