Forno de Lixo era o conhecido lixão localizado no bairro de Cidade Nova e possui uma relação com a criação do bairro da zona Oeste. Na teoria, o mesmo deveria está desativado por conta do aterro sanitário localizado em Ceará-Mirim, mas esporadicamente recebemos notícias da grande imprensa que catadores voltam para coletar o lixo que é ainda jogado na região.
Foto acima do título: Tribuna do Norte
No meio das dunas, o bairro de Cidade Nova recebeu os primeiros moradores, que vinham de origem humilde e do interior do estado, elegendo a região, por ser mais distante do centro, para construir os seus casebres.
As terras do atual bairro de Cidade Nova eram um grande terreno que foi dividido e vendido em pequenos lotes. Surgiu a partir da década de 60 quando, em suas vizinhanças, o povoamento já vinha ocorrendo com a construção e ocupação da Cidade da Esperança. Em 1971, por iniciativa da Prefeitura Municipal de Natal, ali foi instalado o forno do lixo, numa duna entre os bairros de Cidade Nova e Felipe Camarão, local destinado a armazenar os resíduos obtidos com a coleta na cidade e necessitados de uma destinação adequada, antes o lixo era jogado nas margens do riacho do Baldo.
Em 1983, o lixo de Natal transfere-se para “Aterro Sanitário de Nova Cidade”, localizado no final da Avenida Interventor Mário Câmara. Na realidade, essa estrutura tem características de um aterro controlado e apresenta considerável avanço operacional. A área era totalmente cercada, existia um sistema de coleta de gases, com o seu aproveitamento em uma cozinha comunitária e ocorre o recobrimento regular dos resíduos. No entanto, pela falta de material de recobrimento ocorre profunda destruição das dunas do local. A utilização dessa área se dá até o ano de 1986, quando a destinação do lixo retorna a área de Cidade Nova.
Em 1988, na época que Garibaldi Alves Filho ainda era prefeito, é construída a Usina de Reciclagem e Compostagem de Cidade Nova. De acordo com a Prefeitura do Natal, em seu site, a unidade de reciclagem projetada para uma produção de 150 ton/dia, já se mostra sub-dimensionada para a produção de resíduos que já apresentava uma produção diária de 297,37 ton/dia. O certo é que a unidade só consegue processar 90 ton/dia, ou seja, 30% da produção de resíduos da época.
Mas há controvérsias.
A disposição de resíduos na área de trinta hectares localizada no final da Avenida Central, na zona limite entre os bairros de Cidade Nova e Felipe Camarão se processa de forma contínua há cerca de vinte anos, com o aterramento de aproximadamente 4 milhões de toneladas de resíduos sólidos, formando uma camada de lixo que varia de 10 a 18 metros de altura.
Apesar do nome, a Usina era um lixão. De acordo com matéria publicada pela RN Econômica dos anos 90, os catadores disputavam os alimentos estragados que eram jogados no lixo. “O exército de famintos em meio ao amontoado de lixo reproduz um quadro deplorável e completamente hostil aos princípios básicos de higiene. O mau-cheiro que emana dos detritos manipulados pelos catadores é insuportável, mas eles garantem que já estão acostumados e, portanto, não sentem mal-estar. Expostos a todo tipo de doença, eles se gabam de uma imunidade adquirida no cotidiano, convivendo pacificamente com milhares de moscas e outros insetos. A cada caminhão que chega repleto de lixo, a euforia é grande e a esperança de ficar com a melhor parte se renova. Algumas crianças se queixavam de falta de iogurtes vencidos e frutas estragadas. “, diz um trecho das reportagens.
A mesma reportagem diz que o forno processava apenas 70 toneladas de lixo, o que era menos de 10% do lixo doméstico produzido em Natal naquela época. O projeto original, no entanto, processaria 150 toneladas de lixo diariamente, em 10 horas de trabalho, porém a capacidade foi reduzida pela insuficiência de equipamentos.
Alguns fatores comprometem a utilização da área para destinação de resíduos sólidos urbanos, tais como: proximidade das residências; área praticamente 100% utilizada, o que impede a implantação de uma nova célula; camada de lixo velho bastante espessa, que leva a custos extremamente elevados para impermeabilização de fundo do aterro; impossibilidade de aprovação do novo projeto, frente a Resolução nº04/95 do CONAMA (segurança aeroportuária); presença de catadores; inexistência de material de recobrimento. Além de todos esses fatores, o mais grave é que a disposição de resíduos é feita em uma área de dunas de alta permeabilidade, o que leva a total dispersão do chorume no lençol freático.
Por isso, o então Forno do Lixo foi desativado em 2004, porém alguns resíduos sólidos ainda são jogados na região. Na teoria, os resíduos sólidos são jogados no aterro sanitário em Ceará-Mirim, porém é comum ver reportagens de catadores ainda coletando material no bairro de Cidade Nova.
Em janeiro deste ano, a Prefeitura do Natal assinou com a Reusi Tecnologia, fazendo transformar o lixo de Cidade Nova em energia elétrica. Será que agora vai?
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