Neste ano, houve mudanças no âmbito do Governo Federal. A presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo na votação do Congresso Federal após suspeitas de crimes de responsabilidade fiscal. Durante seis meses, o Brasil será administrado por Michel Temer, que era o vice-presidente. Ainda falta uma votação do Senado para saber se Dilma sofrerá um impeachment, no qual será impedida de assumir as funções públicas por oito anos.
Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional de Indústrias) apontou que o governo interino tinha 87% de rejeição. Ou seja, apenas 13% das pessoas acham que o atual governo é bom ou ótimo.
O que os potiguares estão pensando nessas mudanças? Entrevistei diversos jovens de 18 a 25 anos, que representa a maioria da população brasileira, segundo a pirâmide etária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, foram os jovens que realizaram diversos protestos em 2013 reivindicando diversas mudanças no âmbito político.
Confira os depoimentos a seguir:
Sou anarquista. Então, minha posição politica é que este é um governo falso, com propostas falsas e objetivo falso. Sempre foi assim, só está mais escrachado.
Guilherme Neri, historiador
Eu preferia que o PT continuasse no poder, mas do jeito que as coisas iam Dilma não tinha articulação ou influência alguma para conseguir governar. Apesar dos motivos que fizeram ela ter saído não serem bons, já que o suposto crime de responsabilidade que ela cometeu nunca foi motivo para impeachment nesse país, e o interesse principal da saída dela fosse da classe conservadora brasileira, acho que de alguma forma isso pode ter sido positivo no longo prazo. E levando em conta que ela vinha adotando muitos posicionamentos neoliberais nas políticas econômicas, a entrada de Temer não mudou tanto a forma como o governo federal tem agido.
Mozart Maia, jornalista
Não ando acompanhando tanto politica como antes, mas pelo que andei lendo ele pretende reformar a previdência, vai piorar a situação do contribuinte, além de querer flexibilizar a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), diminuindo as garantias dos trabalhadores. É um partido liberal no poder, intervindo menos na economia, deixando a iniciativa privada tomar os rumos da sociedade. Mas é um assunto pra analisar com calma. Em se tratando dos direitos sociais, inclusão e combate as desigualdades, é a pior escolha pro Brasil.
Sérgio Leonardo, universitário
No âmbito econômico sou favorável ao Governo, por querer ajustar as contas públicas, reduzir gastos desnecessários e reconquistar a confiança dos investidores no Brasil. De forma que a crise econômica seja superada e o emprego volte a ser gerado. No âmbito político eu apoio, mas com ressalvas, porque além de ter nomeado ministros investigados, porém em menor quantidade que Dilma, ele se aliou a políticos de baixo calão para conseguir apoio no Congresso nacional. No âmbito social eu concordo com a visão de Michel Temer, porque de fato programas devem ser mantidos para quem realmente precisa e cortados para quem consegue se sustentar, como no caso dos inúmeros funcionários públicos do RN que foram denunciados por estarem recebendo indevidamente.
Rodrigo César Neves, estudante de Direito
Diferença na política de Dilma e Temer, eu diria que há várias e ao mesmo tempo muita proximidades. Além de deixar claro que é muito pouco tempo para ver claras mudanças na forma de governo, principalmente na economia. O máximo que ocorre é uma volta maior do governo para uma política que desonere a carga tributária e retira o Estado mais de participação na economia ou o contrário, este último o que ocorre mais frequentemente por aqui e é a base do sistema econômico do Brasil, junto a uma dependência de commodities. Temer fez o que Dilma dizia fazer e não fez, até quando ela estava no governo ainda. Reduzir ministérios e com seus gatos e comissionados, mas também não tão quanto o próprio disse que reduziria.
Temer também trouxe Henrique Meirlles, um dos “capitães” da equipe econômica de Lula. Aqui que entraria a mudança, pelo que ela aponta, a privatização ou terceirização, cabe lembrar que Dilma também apontava várias dessas “saídas” como manobras econômicas para crise, de empresas estaduais afim de pagar as dívidas dos Estados os desonerar futuramente. Outras medidas a abertura maior do mercado, mais liberdade para o Banco central, que este mais livre na administração Lula e isso é previsível na constituição, com tudo isso aumentando o intercâmbio e abertura do mercado brasileiro para outros Blocos (aumentando o comércio), além dos BRICS e MERCOSUL, que se fechou muito para si no que diz respeito ao consumo.
Enildo Fernandes, jornalista e estudante de C&T
Acho que estamos enfrentando um retrocesso político. No governo Dilma nos víamos um falso modelo de esquerda, onde ela segurava o modelo populista fazendo algumas concessões flexibilizado os direitos trabalhistas. Era ruim, mas com o governo Temer não há escrúpulos aos ataques aos trabalhadores e minorias. Estamos vendo nossos direitos revogados. A política antidrogas está sendo militarizada, quando já sabemos a verdade sobre a guerra às drogas que descriminalizar e legalizar é o caminho para dar fim ao tráfico, o salario mínimo não vai mais ter reajuste, as leis trabalhistas estão sendo vistas como privilégio, estão repensando o direito das mulheres de abortar em caso de estupro, etc. Não há espaço para minorias e trabalhadores no Governo Temer.
Fernanda Protásio, universitária
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