Três quadrinistas, Shiko, Diego Sanchez e Pedro Cobiaco, lançarão as suas obras na capital potiguar, mais precisamente no histórico prédio do Solar Bela Vista. Eles vão autografar as suas obras que saíram pela Mino, atraindo ao evento um numeroso público potiguar que é leitor de quadrinhos. A ideia veio do selo potiguar Jovens Escribas, que está investindo cada vez mais em HQs no estado.
Os escribas colocaram os quadrinhos no mesmo local onde acontecerá o lançamento do novo livro de poemas do presidente da Câmara Municipal do Natal, Franklin Capistrano.
O carioca Diego Sanchez e o paulista Pedro Cobiaco concederam uma entrevista ao Brechando. Independente da rivalidade entre os dois estados e se o correto seja biscoito ou bolacha, o paulista e o carioca estão juntos nessa empreitada e estão rodando o Nordeste para divulgar que existe um trabalho excelente de quadrinhos nas terras tupiniquins.
Ambos começaram apenas por hobby na infância. Diego explicou que sua primeira fase de vida era introspectiva, fazia poucos amigos, pais trabalhavam bastante e mudava bastante de escola. Então, o desenho foi uma válvula de escape daquelas frustrações. “Passava muito tempo em casa desenhando com meu irmão, na escola fiquei com fama de o garoto que desenha e depois me identifiquei com aquilo e fiz faculdade de arte”, disse o quadrinista com Sanchez.
Já o Pedro, por sua vez, reza a lenda que foi incentivado por “monges do Tibete que estimulou a desenhar”. Mas, na verdade, começou por intermédio do pai, o também quadrinista Fabio Cobiaco. Com apenas 14 anos, começou a publicar tiras semanais na Folha de S. Paulo. Em 2013 lançou de forma independente sua primeira graphic novel, Harmatã, republicada no ano seguinte pela editora Mino.
Ele também criou um coletivo chamado Lóki, baseado no álbum do ex-mutante Arnaldo Baptista, que reúne vários brasileiros que fazem arte e quadrinho, além de outros materiais autorais.
Os dois sempre se ajudam em diversos trabalhos com várias outras pessoas. Mas, eles pensam em fazer um trabalho mais completo em dupla.
“A gente já fez em trabalho conjunto com outras pessoas, como a revista Oito, que era um experimento em quadrinho. A gente montava um quadrinho, no qual eu desenhava quatro páginas e ele mais quatro, sendo que tinha um porém: a pessoa que continuaria a história só podia ver somente as quatro últimas páginas. Quem participou dessa empreitada foi eu, Pedro, Felipe Portugal e Jopa Moares. Depois, nós quatro criamos uma página na internet chamada ‘Batalha Naval’, que durou seis meses”, comentou Sanchez.
O Pedro e Diego também fizeram uma tirinha, no qual um desenhou e o outro fez o roteiro, baseado a partir de poemas. “Pedro disse que iria ver se tinha um poema que encaixasse no desenho que fiz e ficou bem bacana. A gente pensou junto também a diagramação. É uma das minhas tirinhas preferidas”.
O Pedro também desejou em trabalhar com Sanchez, apesar das dificuldades. “Sempre tive problemas de fazer um trabalho coletivo devido à dificuldade de reunir o pensamento com a mesma pessoa. Não consegui fazer um quadrinho em duas mãos. Uma parada que penso em fazer muito é escrever um roteiro para Diego”, afirmou Cobiaco.
“Vamos fazer, pô (risos)”, disse Diego enquanto Pedro respondia.
Os dois são integrantes da editora Mino. “Conheci o trabalho deles quando estava no FIQ (Feira Internacional de Quadrinhos, que acontece em Belo Horizonte) no ano de 2013. Tinha acabado de lançar Harmatã (primeiro HQ de Cobiaco). Inicialmente, o pessoal queria saber sobre um quadrinho do meu pai, mas eles ficaram com o Harmatã. Um tempo depois, eles me retornaram para que eu fosse integrante da editora. Depois, eu apresentei um projeto sobre a Rua Augusta, mas não deu certo e lançamos ‘Aventuras na Ilha do Tesouro’”, explicou Pedro Cobiaco.
O Diego integrou ao selo por intermédio de Pedro. “Estava em São Paulo e precisava de um canto para dormir. Então, o Pedro me chamou para dormir na casa onde ficava o pessoal da Mino e deixei um quadrinho com intenção que eles olharem o meu trabalho. Aí lancei com eles, contou Sanchez, que já publicou “Pigmaleão”, “Perpetuum Mobile” e “Quadrinhos Insones”.
Sobre a produção independente, o Diego concorda que existe um crescimento na área, uma variedade de pessoas e com produtos de excelente qualidade.
“É muito interessante a diversificação de pessoas fazendo quadrinhos, pois ajuda a aumentar o interesse das pessoas em ler os trabalhos e de querer criar um próprio. Recebo mensagens de vários lugares do Brasil, de diferentes classes sociais e pensamentos políticos, e isso é muito foda. Acho bacana que a produção de quadrinhos está deixando de ser feita apenas por um grupo ou pensar que é algo infantil ou fala sobre super-heróis. Existe diversas formas de fazer um quadrinho.”.
Diego apontou que o crescimento do quadrinho está ligado com a internet e pela facilidade que a ferramenta proporciona na divulgação. “As redes sociais facilitaram muito em divulgar os trabalhos e qualquer pessoa que tenha conexão, mesmo a mais fraca, pode me conhecer, pois as imagens não demoram muito para carregar quanto um vídeo.”.
Entretanto, isso não quer dizer que as dificuldades sumiram, pois uma galera ainda desiste pela falta de feeedback no circuito de quadrinhos e do público. “É muito triste ver uma galera fazendo um trabalho massa e desistir.”.
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