A primeira vez que vi o nome Cuscuz Peitinho em sua fanpage, isto me provocou algumas sensações, como espanto e curiosidade para saber o que significa. Brechando a página mais aprofundado, eu descobri que era um filme, o mais novo curta-metragem de Rodrigo Sena e Julio Castro, criadores do curta “O Menino do Dente de Ouro”.
Nesta produção, eles contam a história de uma pessoa da periferia que vive com a tia conservadora e trabalha numa fábrica de cuscuz com tapioca (daí vem o nome!) e faz amizade com um colega de trabalho. Então, o mesmo aproveita a ausência da sua parente para se descobrir.
Aí começa uma história que envolve romance, sexualidade, problemas sociais, drogas e dentre outros assuntos que serão discutidos em apenas 20 minutos.
O curta foi feito, inicialmente, no formato guerrilha. O que significa isso? Elaborado sem a ajuda de edital ou algum patrocinador. As gravações começaram em setembro do ano passado e terminou em fevereiro. Apesar das dificuldades, eles conseguiram finalizar a produção com o edital de Economia Criativa do Sebrae.
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“No filme falamos de assuntos como amizade, sexualidade, drogas e preconceitos, quando comecei a fazer o filme, usei o titulo observando e perguntando qual a reação que o nome “Cuscuz Peitinho” gerava nas pessoas. As reações foram diversas, mais com uma predominância de preconceito associado com algo quem vem de sexo ou libertino e promíscuo.”, afirmou Rodrigo Sena em entrevista ao Brechando.
O diretor comentou que a situação dos personagens do filme é muito mais comum do que se imagina. “Sou um Realizador que vai esta sempre falando de problemas sociais do nosso dia a dia. A poucos anos atrás surgia personagens nas nossas vidas como os deputados Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e uma bancada evangélica que trava o país [com os seus preconceitos]. Fiquei querendo contar uma história que trata desses assuntos em conflito”, explicou.
Em um período aonde a intolerância entre o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) está sendo bastante repercutido pela imprensa nacional e internacional, como o Massacre de Orlando, perguntei ao Rodrigo Sena se ainda tem jeito para combater a LGTfobia (se esse nome existe), o diretor prontamente respondeu:
“A intolerância segue um vies que passa pelo modelo de família, escola e chega aos meios de comunicação. Podemos salvar as crianças desse mal com educação. Nas escolas deveriam falar sobre sexualidade e identidade de gênero dentro e fora da sala”, comentou.
Por falar sobre esses assuntos, no ano passado a Câmara Municipal de Natal (CMN) tirou esses artigos no Plano Municipal de Educação, no qual alguns vereadores afirmaram durante a sessão de votação que era uma forma “de ensinar putaria às crianças”. O mesmo quesito também foi retirado no Plano Estadual.
Apesar da parte negativa, o filme quer mostrar que esses problemas sobre sexualidade é bastante comum, visto que os seres humanos estão a todo momento se descobrindo. “Cada um sabe o que é bom pra si, mas tem gente que nunca se permite a ser o que sente por questões sociais”, contou.
Agora, o filme vai estrear nesta semana em São Paulo no festival “Entretodos”, no qual está em sua nona edição. O foco do festival é o conteúdo e a discussão acerca dos direitos humanos. A primeira exibição começa nesta quinta-feira (16) e será exibido em vários pontos da maior cidade do Brasil até o dia 22 de junho, mesma data que a produção será lançada pela primeira vez em Natal, no Ateliê Bar, no bairro da Ribeira.
“Nós fizemos fazer um filme que debata os assuntos sociais, o festival é uma ótima oportunidade de exibição. O evento faz parte de uma politica do audiovisual de SP que e sonho de toda cidade brasileira, pois contempla o seguimento que temos mais dificuldade: exibição e distribuição.”, disse.
Com o filme, Rodrigo espera que mais assuntos como esses sejam debatidos na sociedade.
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