Martim Onirismo é um muralista e grafiteiro que está conquistando os muros da cidade. Sabendo disso, logo a Pinacoteca do Estado, por meio da curadoria de Sanzia Pinheiro Barbosa, o convida para realizar a exposição “Do Sonho Onírico ao Sonho Material”.
Natural de São Paulo, mais precisamente de Capão Redondo, Martim vive em Natal há mais de 15 anos, onde se formou em Design Gráfico (UNP-RN). Além disso, tem estudos em Web Design, Ilustração Digital e Curadoria.
Iniciou sua trajetória artística primeiramente pelas ruas, no graffiti, influenciado pela cultura do hip-hop e pelas referências familiares. Entre Natal e Pium, consolidou, portanto, uma linguagem que cruza surrealismo, cultura popular nordestina e, por fim, a psicologia dos sonhos.
A mostra, que acontece entre os dias 04 a 18 de outubro, reúne obras produzidas ao longo de sete anos de pesquisa, atravessando pintura, instalações e inclusive experiências sensoriais que convidam o público a percorrer um trajeto que nasce no inconsciente e desemboca nas dimensões concretas da vida.
O que fala a exposição?
A proposta é realizar uma travessia em espiral, na qual cada obra funciona como portal entre vigília e delírio, imaginação e realidade.
O percurso começa com uma fechadura diante de um espelho — convite a olhar para dentro de si — e se encerra com uma cortina de chaves, símbolo de passagem e liberdade, ambos os símbolos fazem parte da identidade artística que Martim vem desenvolvendo durante esses anos. No centro, repousam os desejos materiais e coletivos que atravessam a experiência humana: moradia, alimento, trabalho digno e mobilidade.
Inspiração na psicologia e neurociências
As leituras de Nise da Silveira, Carl Gustav Jung e Sidarta Ribeiro ajudaram na composição da obra. Vale lembrar que Ribeiro é neurocientista, escritor e professor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e importante estudioso sobre sonhos.
Por que esses autores? Martim constrói as obras através do diálogo do sonho, com o mistério do inconsciente, quanto com a luta cotidiana por dignidade.
“A exposição começou a ser pensada há sete anos, junto com o nascimento do meu filho (Ayê). Desde então venho pesquisando os sonhos em livros e também nos meus próprios processos de análise. Após algumas tentativas fracassadas, finalmente consegui amadurecer essa ideia com uma equipe de amigos e profissionais da cultura. No entanto, é a minha primeira exposição solo, um marco importante da minha trajetória. Mesmo sendo a primeira, já posso dizer que a próxima começa a ser moldada — quero capturar o público pelos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar”, afirma o artista.
Inclusão e acessibilidade
Além da mostra, a programação inclui uma vernissage no dia 4 de outubro, uma oficina de desenho e uma visita guiada exclusiva para estudantes do Centro de Atendimento ao Surdo (CAS), reforçando o compromisso do projeto com a educação, a acessibilidade e a inclusão. Ademais, no encerramento da exposição, marcado para 18 de outubro, haverá uma roda de conversa com especialistas em arte e psicologia, celebrando o encerramento dessa imersão coletiva nos territórios do sonho.
O projeto foi, portanto, contemplado pela Seleção Pública nº 09/2024 – Fomento às Artes Visuais, realizada pela Fundação José Augusto, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Programa Nacional Aldir Blanc de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal.
A produção é de Ikaro Souza e da Jokker, produtora periférica e independente de Natal.
Sobre o Artista
Criador do Manifesto Onírico em 2020, atua em diferentes linguagens — pintura, graffiti, escultura, instalação, poesia e arte-educação. Foi premiado na Expo Favela Innovation 2023 como um dos dez empreendedores de destaque no país e recebeu a Medalha de Mérito ao Desenvolvimento Econômico do RN. Ademais, participa de festivais de graffiti, exposições e leilões nacionais, com obras já exibidas em instituições como Sesc, Sesi, Banco do Nordeste, Banco Santander, Secult e Funesc, além de circulação internacional.
Serviço:
Exposição “Do Sonho Onirico ao Sonho Material”
Local: Pinacoteca Potiguar (Praça Sete de Setembro – Cidade Alta)
Datas: 4 de outubro de 2025 a 18 de outubro de 2025
Horários: terças a sextas, das 8h às 17h; sábados e domingos, das 9h às 16h
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