Brechando/brechadas / Grafith não é mais apenas banda de pinta e aceitem isso!

Grafith não é mais apenas banda de pinta e aceitem isso!

Grafith

Feriado é motivo para descansar? Não! Enquanto nesta quinta-feira (21) estava organizando minha cobertura de São Miguel do Gostoso, fui tentar parar e lanchar na Praça Pedro Velho. Para a minha surpresa, estava lotada de gente. Era procissão da padroeira? Não, porque a última missa foi às 19h. Mas, o show do Grafith na fronteira…

Compartilhe:

Feriado é motivo para descansar? Não! Enquanto nesta quinta-feira (21) estava organizando minha cobertura de São Miguel do Gostoso, fui tentar parar e lanchar na Praça Pedro Velho. Para a minha surpresa, estava lotada de gente. Era procissão da padroeira? Não, porque a última missa foi às 19h. Mas, o show do Grafith na fronteira de Petrópolis e Tirol. De graça. O evento reuniu a galera, desde os mauricinhos do Plano Palumbo até a galera que os playboys natalenses chamam de pinta.

Nesta semana, a capital potiguar entrou em clima de festa com o Festival Petrobras Tropicana, que trouxe uma programação imperdível e totalmente gratuita para moradores e Grafith tava como atração principal.

A foto acima do título mostra o quanto mais perto que conseguia para chegar perto do quarteto mais famoso do RN.

“Pera, vamos tentar chegar no posto para comprar um refri e saber como está a apresentação”, pensei. Mas, era um mar de gente. Quase não conseguia ver a banda de tão lotado.

Até você via o amarelinho da STTU (responsável pelo trânsito de Natal) dando uns passinhos. “Realmente o Grafith merecia ser patrimônio imaterial”, disse. Desde que fui no show deles no Império Music, falo que não vejo a diferença deles com um da Ribeira. Um ano depois do texto, continuo achando a mesma coisa.

Para mim foi uma aula de sociologia com misto de felicidade de que uma banda que saiu da Cidade da Esperança, teve uma carreira bem complicada e conquistou fãs principalmente na classe mais baixa de Natal, no qual eles procuraram mostrar o som que essa galera reproduzia e trazia identificação.

Para quem não sabe, pinta tem o conceito similar ao chavoso, mofi e outros adjetivos a garotos de periferia que vão às baladas andando de correntes prateadas e/ou douradas, grandes pingentes, roupas de grife reais ou imitação e um comportamento ousado e de ostentação.

Sabendo disso, a classe alta começou a tirar sarro

Início da internet dos anos 2000 era período que o campo do hater era muito forte e mais sem filtro que hoje. Numa época de Twitter e Orkut, o Grafith sofreu um verdadeiro bullying da classe alta natalense chamando de “banda de pinta” ou que “só chama pobre”. Poderiam parar ou encerrar as atividades, mas tiveram a audácia de utilizar os dois limões para fazer uma limonada e caipirinha.

Eles realmente abraçaram seu público e começou realmente tocar para eles e não para os outros, até hoje os integrantes defendem, com todo carinho, os pintas com unhas e dentes, porque sem eles até hoje a banda não viraria patrimônio imaterial do RN.

Sabendo que isso não lhes atingiam, muitos desceram o seu salto e soltaram a hipocrisia de que está escutando a banda. Logo, eles rapidamente começaram a ser chamados para cantar nos bailes de formaturas, festas particulares e afins.

Assim, o Grafith tem algo que é peculiar as bandas locais: Ter porte de banda nacional, mas mostrando que gosta de ser potiguar, faz som como qualquer outro artista nacional e que possuem carisma. Algo parecido que você ver com o Nordestão, no segmento de supermercado.

Por muito tempo, o mercado era associado por algo de classe baixa e assumir que tem orgulho do seu público-alvo fez com que a turma rica da cidade descesse do salto e abraçasse o Nordestão por conta dos preços mais em conta, variedade de produtos nordestinos e atendimento personalizado.

O festival foi encerrado com chave de ouro ao som do pagode romântico de Dilsinho, que apresentou seus maiores sucessos, como “Diferentão” e “Péssimo Negócio” .

Agora aproveitem este resto de feriado e venha filosofar com o Brechando. Hoje, o Grafith é uma banda potiguar, que toca, portanto, para o público que realmente vive a sua terra.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

Clique aqui para saber mais.

Arquivos

Chuva de palavras

Alecrim Arte banda Brechando Brechando Vlog Campus Party carnaval Cidade Cidade Alta Cidades cinema Covid-19 Cultura curiosidades Dosol entrevista Evento eventos Exposição feminismo Festival filme filmes Historia lgbt livro Mada mossoró Mudanças Mulher Música Natal pesquisa Peça potiguar projeto Quarentena Ribeira Rio Grande do Norte RN Rolé Show Teatro UFRN ônibus