Vício na máquina de pegar bichinhos

Vício na máquina de pegar bichinhos

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Oi, meu nome é Lara. Sou viciada na máquina de pegar bichinhos. Independente se é no bar, no shopping ou qualquer conveniência, se tiver uma máquina e a mesma aceitar pix já estou tentando. Sempre penso: “Ah! Custa apenas 10 reais uma tentativa.”. Mas, a gente sabe que não vai parar na primeira tentativa.

Desde 2022 essas máquinas estão se multiplicando mais que os fungos de jogo de filme de terror.

Parece que uma força magnética quer me atrair nessas maquininhas. Agora, eles estão se multiplicando. Inclusive, tem loja específica com várias máquinas para pegar todos os tamanhos de bichinhos. Quando era criança usava meu pai de laranja para pegar por mim. Na primeira vez que peguei sozinha, sem ajuda de adultos, foi em dezembro de 2022 e depois disso nunca mais parei.

Um verdadeiro cassino de bichinhos de pelúcia. Lembro de uma vez, quando eu, uma jovem adulta, fiquei disputando um bichinho com uma criança de mais de 10 anos que iria pegar a rena de pelúcia.

Spoiler: ele venceu, quando eu desisti após gastar as mais inúmeras fichas da máquina de bichinho. Depois disso a vontade era ficar assim:

Recentemente, almoçando no shopping, eu vi um garoto carregando um bichinho de pelúcia maior que ele. Lembrando dos tempos da escola em que alunos do Ensino Fundamental tinham que cuidar por uma semana a pelúcia que representava um mascote de uma famosa escola de inglês.

Mas, é um jogo de azar e estamos sendo trouxas?

Recentemente, o site Conjur divulgou um caso em que a Receita Federal apreendeu as máquinas de um fliperama afirmando que as máquinas funcionavam como uma espécie de caça-níquel. Ou seja, são programados para que as pessoas percam. A Receita apreendeu juntamente com uma operação pela polícia federal.

Assim, o “jogo” da máquina de bichinho dependeria predominantemente da “sorte” ou do “azar” do jogador.

Mas segundo laudos e pareceres técnicos produzidos pela defesa, a habilidade da pessoa que tenta capturar um bichano de pelúcia também é variável que determina o êxito da empreitada.

Assim, o juiz entendeu não ser seguro “inferir e afirmar, extreme de dúvidas, qual desses dois fatores seria preponderante na hipótese em exame”.

Segundo o artigo 50, parágrafo 3º, do Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei das Contravenções Penais), são jogos de azar aqueles em que o ganho e a perda dependam exclusivamente da sorte.

“No caso concreto, contudo, se por um lado o perito técnico selecionado pela Polícia Federal, ao examinar o manual de instruções do dispositivo, concluiu que os parâmetros ajustáveis no aplicativo eletrônico que controla a máquina são capazes de manipular o resultado do jogo em favor do proprietário, por outro lado, a defesa apresentou prova técnica bem fundamentada que afirma exatamente o oposto”, disse o julgador, que também considerou a ausência de dolo por parte do empresário.

“Isso porque, ainda que sejam desconsideradas as ponderações técnicas antes abordadas, não se pode ignorar ser relativamente comum encontrar em estabelecimentos comerciais de grande envergadura, tais como shoppings e hipermercados, equipamentos dessa natureza (máquinas de bichinho de pelúcia)”.

O juiz também considerou que o empresário já importou anteriormente outras máquinas de bichos de pelúcia, sem ter problemas fiscais ou penais, o que “já seria suficiente a gerar inequívoca expectativa ao acusado de que as importações de tais produtos seria permitida pela lei brasileira”.

O que acho da máquina de bichinho?

Ainda as pessoas têm a mente de que máquina de caça-níquel é coisa de boteco nas regiões periféricas ou ligação a criminalidade. Entretanto, o uso de uma coisa “fofinha” pode ser uma forma de expandir os seus negócios de uma forma sútil, sem que as pessoas saibam.

Inclusive, teve máquinas de fliperamas que já foram apreendidas como caça-níquel. Cabe saber se as autoridades vão fazer operação tais quais como fazem em regiões periféricas.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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