Na cidade de La Silla, no Chile, existe um caçador de exoplanetas, que foi desenvolvido com importante participação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O equipamento faz parte do projeto NIRPS, sigla para a frase? Near Infrared Planet Searcher. Em português, a tradução livre seria “Buscador do próximo exoplaneta”.
O caçador (foto acima) é simplesmente um Telescópio de 3,60 metros do ESO, em La Silla, Chile, onde o NIRPS está instalado. Os Astrônomos da UFRN responsáveis pela construção e exploração do NIRPS efetuarão missões observacionais presenciais regulares com este telescópio, ao longo dos próximos 5 anos.
Ele funciona da seguinte forma: utiliza a técnica de bamboleio gravitacional para medir oscilações estelares e detectar a presença de planetas ao redor de outras estrelas. Espera-se que o equipamento seja capaz de descobrir e caracterizar muitos mundos distantes, além de identificar possíveis evidências de vida em suas atmosferas.
A construção do NIRPS demandou um investimento de cerca de 10 milhões de euros (aproximadamente R$ 52,7 milhões).
Outras universidades também participaram
As instituições participantes são UFRN, Universidades de Montreal, Genebra, Grenoble e Porto e Instituto de Astrofísica de Tenerife. A expectativa é que o instrumento tenha uma vida útil de, aproximadamente, uma década.
Entrevista para UFRN
A equipe de jornalismo da UFRN, por meio de Amanda Macêdo, do sala de ciência, entrevistou os professores e pesquisadores que participaram deste ousado projeto.
Renan de Medeiros, astrônomo e líder local do projeto, acredita que o NIRPS é um marco na busca por exoplanetas. “É o primeiro instrumento dedicado exclusivamente a essa tarefa e oferecerá condições ideais para observações de longo prazo, algo fundamental para a descoberta de mundos habitáveis. Além disso, nossa precisão e a tecnologia inovadora permitirão a detecção de biomoléculas, moléculas que podem indicar a presença de vida”, disse.
O professor e engenheiro Allan Martins, do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE/CT), participou da construção do NIRPS durante três anos, em Genebra (Suíça).
“Trabalhar no projeto foi uma experiência fantástica, tanto pessoal quanto profissionalmente. Tive a oportunidade de colaborar com profissionais altamente capacitados e aprendi muito ao longo desses anos. A troca de conhecimento e a imersão nesse ambiente de pesquisa avançada foram enriquecedoras. Eu costumo brincar com meus amigos dizendo que, quando fui trabalhar no NIRPS como engenheiro, saí de lá discutindo óptica adaptativa com os grandes especialistas da área, então o ganho é ‘astronômico’”, brinca o engenheiro.
Além disso, Renan de Medeiros explicou que o NIRPS opera na região do infravermelho, enquanto o HARPS opera na região do visível. “Combinando essas duas faixas espectrais, poderemos obter uma visão abrangente e identificar propriedades físicas e composição química das atmosferas planetárias. Essa colaboração é essencial para expandir nosso conhecimento sobre esses mundos distantes”, reforça.
Por fim, a equipe da UFRN, composta pelos professores Renan de Medeiros, Bruno Leonardo Canto Martins, Izan de Castro Leão, todos do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE), e o docente Allan de Medeiros Martins (DEE/CT), terá acesso a 720 noites de observações com o NIRPS ao longo de cinco anos, em parceria com outras universidades.
Além disso, essa colaboração promete a perspectiva da descoberta de dezenas de novos mundos no cosmos. “Vamos torcer muito para que pelo menos um desses mundos seja idêntico ao nosso belo planeta azul, a Terra”, reflete Medeiros.
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