Primeiramente, falamos que o único cinema de rua existente é o Cine França, no qual exibe filmes pornográficos e é um encontro para pessoas terem uma pegação mais hardocore. Entretanto, as pessoas querem colocar este projeto para acontecer. Recentemente, indo ao Beco da Lama, vi um cartaz amarelo reivindicando Cinema de Rua. Detalhe, ele estava colado do lado ao Cine Nordeste, que foi um dos principais da cidade.
O Nordeste fechou nos anos 2000. De lá para cá, todavia, boa parte da produção cinematográfica estão nos shoppings. Por isso, três alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão com uma pesquisa documental para voltar a ter um cinema.
Início da história
Tudo começou quando a arquiteta Wirenilza Lima, fã do Centro Histórico e da arquitetura modernista (febre em Natal nos anos 50 a 70), realizou um projeto, no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), para criar um cinema no Centro de Natal, aos arredores do Beco da Lama. Por conseguinte, surgiu o interesse de realizar um filme-ensaio dos estudantes de Audiovisual Anthony Rodrigues e Ilany Régia.
A ideia era fazer um projeto arquitetônico de reuso do antigo Cine Nordeste, inaugurado em 1958 e fechado em 2003. Atualmente, o prédio está em desuso após o fechamento das lojas Leader.
A sua finalidade é manter a arquitetura moderna do Cinema, tombadas pela Fundação José Augusto (FJA), apesar da parte externa ter sido modificada.
Apesar do tombamento, a estudante teve dificuldades de encontrar informações básicas para conseguir projetar e ter ideias de zoneamento de áreas, como a planta baixa, cortes ou fotos.
Após a lentidão da Fundação José Augusto fez mudar de planos
Com um semestre do curso já atrasado por conta desse contratempo e sem ter mais aonde recorrer, ela abandonou a ideia de realizar o projeto no Cine Nordeste e achou outro prédio histórico, a antiga sede da Secretaria Municipal de Tributação (Semut) em frente ao Sesc Cidade Alta e por trás da Escola Estadual Winston Churchill.
O espaço também foi a primeira sede da Faculdade de Odontologia da UFRN e ainda mais foi uma das sedes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Além disso, a paixão pelo cinema, entretanto, não a fez esquecer a ideia de reuso para esse tipo de estabelecimento.
“Quando se vai a um cinema de rua, encontramos uma experiência multifatorial. O prazer de ir ao cinema está além do filme, está nas trocas interpessoais de cada espectador com possíveis desconhecidos. Quantas vezes não ouvimos nossos parentes mais velhos falando que se conheceram quando iam ao cinema, quantos casais não foram unidos nos balcões dos cinemas, quantas amizades e laços foram feitos a partir do cinema de rua?”.
disse Wirenilza em entrevista ao Saiba Mais
Filme-ensaio para ter Cinema de Rua no Centro de Natal
Além do TCC em Arquitetura, Lima também produziu lambes para espalhar pela cidade em casas abandonadas no Centro, como uma das que eu vi e fotografei para este post. Outra achei na antiga sede do Banco do Nordeste, em frente ao Edifício 21 de Março. “E se o vazio desse casarão fosse preenchido por um cinema de rua?” é a pergunta de uma das folhas.
No processo de tentar levar sua pesquisa para os muros fora da UFRN, Wirenilza ainda conheceu Anthony Rodrigues, produtor cultural e estudante de Audiovisual que estava escrevendo um projeto de filme sobre os cinemas de rua da capital ao lado de Ilany Régia.
A produção dos estudantes está sendo mostrada no Instagram @aquijaexistiucinema.
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