A Rampa virou museu. Mas, no século XX, era uma referência ao ponto de partida dos voos transatlânticos. Lá, as aeronaves decolavam para atravessar o Oceano Atlântico em direção ao continente africano e, posteriormente, à Europa.
Era um corredor aéreo utilizado pelas forças aliadas para transportar suprimentos, tropas e equipamentos, principalmente durante a guerra.
A rampa em Natal tornou-se um ponto histórico significativo, representando o papel desempenhado pelo Brasil na Segunda Guerra Mundial e a cooperação entre os países aliados. Atualmente, o espaço, após anos de abandono, virou um museu e opção de lazer aos natalenses.
Neste fim de semana, o Brechando realizou uma visita, que foi tanta coisa que vou dividir em duas postagens.
Primeira exposição: 80 anos da Conferência do Potengi
A primeira exposição que pisamos foi falando sobre os 80 anos da Conferência de Pontengi, encontro do presidente Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt. Como resultado, a este encontro resultou na oficialização da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e, por conseguinte, a instalação da base militar dos Estados Unidos em Natal.
Por isso, a Rampa, espaço que recebia hidroaviões da Europa, onde faziam conexões para os países da África ou entrega de correspondências.
O que tinha nesta exposição
A exposição sob a divisão de duas salas mostrava a miniatura de aviões, do jipe que rendeu a famosa foto da Conferência de Potengi de Vargas e Roosevelt juntos, além de painéis explicando a trajetória da participação do RN na Segunda Guerra Mundial.
Ao adentrar ao local, fiz uma viagem ao passado. A atmosfera da exposição foi cuidadosamente criada para recriar a época da guerra. O som das sirenes, como imagens projetadas nas paredes e os objetos autênticos expostos, ajudaram a criar uma sensação de que esta história do RN deveria ser mais investigada.
A exposição foi organizada cronologicamente, desde as causas do conflito até suas conclusões finais.
Pude apreciar fotografias, documentos e objetos que ilustravam os eventos mais marcantes da Segunda Guerra Mundial. Os primeiros painéis detalhavam as políticas intensas e desalentavam o conflito, além da participação dos conflitos que o Brasil participou na Itália derrubando o regime nazista e o fascismo de Benito Mussolini.
A exposição também prestava homenagem aos heróis e às vítimas da guerra. Pude conhecer as histórias de coragem de soldados e líderes que lutaram contra o totalitarismo e defenderam os valores da liberdade.
Próxima parada: Sala da Paz
Ao sair da exposição, senti uma mistura de emoções. Por um lado, estava grato por ter tido a oportunidade de aprender mais sobre esse período histórico e compreender as complexidades da Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, senti um peso, ao perceber a magnitude das perdas humanas e dos danos causados pelo conflito.
Essa visita à exposição sobre a Segunda Guerra Mundial reforçou a importância de lembrar e aprender com os eventos passados, a fim de evitar a repetição de erros e construir um futuro mais pacífico. Através da educação e da reflexão, podemos preservar a memória daqueles que lutaram e sobreviveram durante essa guerra e trabalhar para um mundo melhor.
Por isso o final da exposição havia a sala da paz, onde a curadoria colocou mensagens de pessoas que defendiam a paz, como John Lennon, Bob Marley e São Francisco de Assis, além de uma reprodução de Guaracy Gabriel, onde criou uma interpretação do quadro “Guernica”, de Pablo Picasso.
Gabriel, no entanto, repartiu em pedaços e colocou a palavra paz nos mais diferentes idiomas.
O raid ao Rio de Janeiro
Antes de falar da exposição, precisamos contar da história. Na década de 1930, cinco remadores tiveram a ideia de remar ao Rio de Janeiro. Os aventureiros eram Ricardo da Cruz, veterano do remo natalense e e partiu com sua equipe de remadores formada por Antônio de Souza Duarte (voga), Aldo Costa Dantas e Jeremias Pinheiro Filho. Eles esperaram mais de 15 anos para receber autorização da Marinha do Brasil.
Em 1952, agora, sexagenários. Agora, os integrantes eram Ricardo da Cruz, Clodoaldo Backer, Antônio de Souza Duarte e Paulo Madureira.
A saída aconteceu no dia 30 de março, no qual saíram com a embarcação no Centro Naútico Potengi, na Rua Chile e o prefeito de Natal entregou uma mensagem que os remadores deveriam levar ao prefeito do Rio de Janeiro.
Ao passarem em frente ao Cais do Porto, dezenas de esportistas e familiares aflitos aplaudiram os corajosos remadores, que conduziam a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, a Santa padroeira de Natal. Barcos, canoas e jangadas acompanharam a saída dos aventureiros a partir do Cais da Avenida Tavares de Lira.
Infelizmente, a aventura do Raid não deu certo. Mas, eles não desistiram!
Após 62 dias de dificuldades no mar, muita chuva e frio, a embarcação enfrentou ondas gigantescas e foi completamente destruída próximo a Mangue Seco em Sergipe. Os remadores perderam a imagem da Santa padroeira. Mas, conseguiram escapar com vida.
Você pensa que esses aventureiros desistiram? Claro que não! Construíram uma nova embarcação que partiria de Sergipe, onde parou a primeira aventura, até o Rio de Janeiro. A embarcação recebeu o nome de “Rio Grande do Norte II” (homenagem ao primeiro barco) e viajou a Aracaju no Navio Caça Minas e daí até o local do desastre, onde em 05/02/1953 partiu para o Rio de Janeiro escoltada na saída por inúmeras embarcações.
No entanto, Clodoaldo e Madureira foram substituídos, uma vez que ficaram doentes e outros integrantes do Clube Naútico resolveram fazer a aventura.
Finalmente a embarcação conseguiu chegar ao Rio de Janeiro e a façanha.
O que tinha na exposição?
Além de comemorar este feito dos aventureiros, mostrou a embarcação original do “Rio Grande do Norte II”, além de recortes de jornais vindo de arquivos dos familiares e também um painel explicando o feito. Veja as fotos a seguir:
Quando visitar o Museu da Rampa
A rampa funciona de terça aos domingos, das 10h às 17 horas, no qual todas as novidades estão no Instagram da Secretária de Cultura do RN, através do @culturarn. O local fica depois do Canto do Mangue, perto da antiga balsa para ir à Redinha.
Continue acompanhando, pois vamos fazer a outra parte desta visita.
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