Quando pensamos em rock psicodélico no Brasil pensamos no “O Terço”, “Moto Perpétuo” (consagrou Guilherme Arantes), “Som Imaginário”, “Casa das Máquinas” e entre outros. No entanto, no século 21, existem bandas que continuam este lado. É o caso da banda goiana Boogarins, que surgiu em 2012 por Dinho Almeida e Benke Ferraz. Depois entraram Hans Castro e Raphael Vaz. Mas, no ano de 2014, o Ynaiã Benthroldo entrou no lugar de Hans.
Há cinco anos eles lançaram o disco considerado um dos mais famosos da banda, “Lá Vem A Morte”, visto que chegou a ser comparado com discos da era psicodélica do Nordeste, como o Paêmbiru, de Zé Ramalho e Lula Cortez.
O disco de cor transparente é considerado um dos mais raros e pesquisando no Mercado Livre, você pode o encontrar facilmente por 350 reais e até um valor maior. Por ter o disco, sempre tive a vontade de perguntar a banda sobre o procedimento e um belo dia rolou o bate-papo.
A entrevista aconteceu durante o Mada 2022, quando eles tocaram no segundo dia do evento. Confira a entrevista completa a seguir:
Eu quero dizer primeiramente que eu amo o LP “Lá vem a Morte” e como surgiu fazer aquele disco transparente?
A versão da [revista] Noize pensamos em uma cor totalmente diferente. Eles deram várias opções e no final escolhemos a transparente. Isto foi muito bom. O disco tem várias facetas, tem a versão da Noize, tem a versão marrom cocô (palavras da banda, ok?) que foi vendida lá na gringa. Mas, a versão transparente realmente ficou o mais bonito.
Era o que ia perguntar, o transparante era o mais bonito na visão de vocês.
Ele é o que a gente tem esse carinho e sempre as pessoas vem nos perguntar, comentar e elogiar a produção. A gente lançou dois discos pela Noize, mas esse realmente ficou massa e ficou para história. Tanto para gente quanto aos leitores (A Noize lança uma revista e um LP durante a compra).
Vocês poderiam contar um pouco da história do “Lá vem a Morte” aos nossos leitores?
É um disco que gravamos em 2016, né? Foi quando fomos aos Estados Unidos e ficamos por seis meses numa casa em Austin. O estúdio era do lado da casa e alugamos um equipamento. A gente gravou tudo abertão, um negócio feito com preguiça, bem demorado, várias coisas acontecendo ao mesmo tempo…E estávamos em um momento intenso, com três meses de turnê.
A gente estava com vontade e tocava todo final de semana nua casa de show. Era um processo de gravação que era o resultado de muito tempo longe de casa, viajando e foi um momento muito particular.
Não sabíamos se era um EP ou novo disco gente não sabia se era um EP, que que era, na verdade ele era pra ser um novo disco essa sessão. Em 2017, o Benje fechou esse pacote e embalagem. Pegou a música “Lá vem a Morte”, que tem 10 minutos, cortando ela em três. Botou os recheios no meio, tipo aquele sanduíche que tem um pão embaixo, no meio e outro em cima.
Acho que é muito legal, no sentido que é tão experimental, não teve lançamento e até hoje o povo procura para autografar o disco.
Em falar de intensidade…Vocês estão de volta para tocar emNatal. Houve uma mudança de público?
Hoje tinha muita gente show. Achei muito legal, pois muita gente admitiu que não tinha visto o show da banda e foi uma experiência nova. Foi muito legal essa volta, né? Dos shows e nessa volta dos festivais, né? Estávamos com a perspectiva de um consumo online desenfreado baseado em uma publicidade doida que rola e os festivais deram a subsistência, a existência, a gente vive o mundo real, né?
Então tá num lugar tocando e tem uma galera que porra é foda.
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