Não é todo dia que a gente tem umas coisas peculiares, como o seu Spotify invadido. Como isso aconteceu? Bem eu estava estranhando que o Spotify estava mostrando que escutei algumas músicas de língua hispânica. Entretanto, achei que a minha irmã escutando no Spotify na TV sem querer e esqueceu de trocar a conta. Afinal ela fala espanhol, ensina o idioma e gosta de música.
A medida que foi se passando os dias, percebi que as músicas eram do mesmo estilo. Geralmente era um reggaeton ou rap. Ninguém da minha casa para escutar.
Um belo dia saí do meu trabalho mais cedo e resolvi ir ao ponto de vacinação para receber minha dose de reforço, que no dia não deu certo. Enquanto estava no carro escutando Red Hot Chilli Peppers, percebi algo estranho. Alguém pausou do nada e minha conta começou a reproduzir o som a partir do “Iphone do Kiwi”. Não tinha nenhum Bluetooth na rua, ao abrir o menu do dispositivo, aproveitando a demora do sinal de três tempos.
Rapidamente fui direto nas configurações da minha conta e o meu e-mail foi alterado, porém entro apenas pelo Facebook. Gente, cuidado com o mau costume de entrar em contas de dispositivos pelo Facebook.
Os primeiros passos
Primeiramente, eu desloguei o Spotify em todas as minhas contas e cancelei o Spotify Premium. Verifiquei no e-mail que o rapaz era realmente da Espanha através do IP. Tudo isso enquanto estava na fila do posto, que depois descobri que tinha que vacinar 10 dias depois.
A volta da casa eu fiquei escutando música pelo YouTube e pensando numa forma de me vingar desse espanhol chatolino que invadiu o meu Spotify. Chega em casa e começo a ver colocou. Sabia que ele colocou uma playlist? Aí lembrei do Vampetaço que fizeram contra o vocalista do Burzum.
Vampetaço
O vampetaço é uma espécie de cancelamento. Sempre que alguma figura pública faz ou diz algo que desagrade a massa, ela pode ser vítima do vampetaço. Geralmente acontece numa rede social que não exige muitas regras sobre nudez.
Tudo começou quando o vocalista do Burzum, Varg Vikernes, disse que os brasileiros eram raças inferiores. Então, os brasileiros começaram a enviar nos comentários do tweet uma foto do jogador Vampeta pelado para G Magazine.
Como diz a matéria do TMQDA, “ele não aguentou a pressão e decidiu fechar sua conta na rede social, ou seja, agora ela não é mais pública e não é qualquer usuário que consegue responder suas publicações, apenas os que ele autoriza de o seguirem”.
A atividade
Eu exclui todas as músicas do e coloquei músicas da Gretchen, Calypso e do Sidney Magal. Músicas totalmente opostas ao que ele escutava. E depois que eu troquei por uma uma foto Vampeta do mesmo estilo que a o pessoal fez com o vocalista após dizer coisas xenofóbicas contra os brasileiras. Eu peguei uma foto do Vampeta na G Magazine e coloquei no lugar do avatar dele, que era uma moto bem envenenada. Na descrição disse que aqui era Brasil. Minha vingança foi feita e o rapaz nunca mais tocou nada, mas tinha que trocar o e-mail.
Apoio conversar com o atendimento Spotify e colocar meu inglês pra funcionar eu finalmente recuperei minha conta e eu deixei a minha playlist lá pra que fosse um sinal de vitória, dia do dia que eu bati o hacker.
Alguns criticam o ato
Apesar do vampetaço ser também uma manifestação inserida no terreno do humor, é possível localizar o gesto no debate sobre o racismo à brasileira. O sociólogo Rodrigo França, que participou da edição de 2019 do BBB, afirma ver no fenômeno o que ele chama de “coisificação ou desumanização da pessoa negra”, valorizada apenas por seu físico ou por seu sexo.
“A hipersexualização do negro, uma herança do período escravocrata, nega qualquer aspecto de intelectualidade e valoriza apenas questão sexual e braçal. Muitas vezes até pessoas negras acreditam que esse é seu único ponto positivo e acabam reproduzindo essa lógica racista”, afirma ele, que prefere valorizar a contribuição de Vampeta, pentacampeão mundial em 2002, para o futebol brasileiro.
“O histórico do Vampeta no futebol brasileiro acaba ficando em segundo plano para valorizar apenas uma parte do seu corpo. E ridicularizar essa questão sexual. Vamos verificar a singularidade, a subjetividade dele ou vamos focar só no corpo, num membro sexual?”, questiona.
Retirei esse trecho na matéria do Uol.
O Vampetaço surgiu com os antifascistas
Entretanto, o primeiro registro do que viria a ser o protesto surgiu inicialmente quando o deputado bolsominion Douglas Garcias denunciou pessoas antifascistas com uma lista gigante em PDF. Depois, a caixa de e-mails esteve lotada com fotos do Vampeta nu em anexo. Na ocasião, o deputado estadual eleito em 2018 criou um canal de “denúncias” após um movimento de torcidas organizadas de futebol encabeçar um protesto antifascista e contra o presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo.
Incomodado com as manifestações, o parlamentar chamou os então torcedores de “fascistas” e disponibilizou seu e-mail oficial da Assembléia Legislativa para receber os nomes e anexar provas. Depois desse episódio, perfis brasileiros e grupos de compartilhamento de mensagens autodeclarados conservadores, também viraram alvo das investidas que consiste em enviar fotos do ensaio de Vampeta para a G Magazine, revista voltada para o público gay, feito em 1999.
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