Estava eu programando os posts do blog, sendo uma social mídia descente e vi uma notificação do meu celular que Anitta finalmente conseguiu ser a artista mais escutada dos hits globais do Spotify, com “Envolver“. Isto lembrou rapidamente da eu criança quando via grandes eventos nacionais, como Olimpíada e Copa do Mundo, e perguntava se um dia o Brasil seria considerado tão grande quantos esses países que estavam celebrando um evento esportivo ou se teríamos uma artista tão massa quanto a Shakira. A resposta chegou.
A década de 2010 provou que esses dois eventos aconteceram e que 2012 veio Anitta com “Show das Poderosas”. Alguns diziam ser só mais uma Kelly Key, que estava se aventurando neste universo pop. Mas, você via uma moça ambiciosa e extremamente marqueteira. Para quem trabalha com comunicação e ver um monte de artista da cidade se arriscando para SP e ser superstar sabe: difícil unir o talento, carisma e marqueteiro. Ou você tem um desses elementos mais evidentes, ou tem nada.
A gente fez altas críticas para Anitta. Já defendi e cancelei diversas vezes. Mas, eu nunca neguei o seu lado marqueteira e realmente ela é. Ela percorreu o mesmo caminho da Shakira. E hoje vamos fazer uma análise.
Começaram cantando no idioma materno e estilos totalmente diferentes
Shakira começou a sua carreira no início dos anos 90. Era uma adolescente prodígio e cantava músicas românticas, do jeito que os latinos gostavam. Mas, tomou sucesso apenas cantando um pop rock estilo Alanis Morissette, com elementos dançantes. No final dos anos 90, aquela mulher de cabelos negros e lisos cantando “Estoy Aquí” e “Piez Descalzos”.
Anitta também começou em outro estilo. O funk. Foi cantando para a tradicional “Furacão 2000” que começou a ficar famosa no Rio de Janeiro, sua terra Natal. Foi lá que fez as suas primeiras danças e surgiu o famoso quadradinho.
Por causa da voz e dança fez com que chamasse atenção de empresários para ir ao pop estilo Britney Spears, Lady Gaga e outras que o pessoal acampando em grandes arenas. Aí com um clipe simples e plano sequência, bombou com “Show das Poderosas”, que até hoje a canção é base de várias outras músicas pop, como “Trava Trava”, da Lia Clark.
Criaram uma fase introdutória para anunciar mudança história
Para que os fãs estavam acostumados desde o início da carreira e queriam que elas fossem seguidas. Elas começaram as suas mudanças de estilo por conta-gotas. A Shakira, primeiramente, começou a avermelhar os cabelos e colocou elementos de música árabe nas suas músicas, além de criar versões em inglês. Fazendo com que ela ficasse famosa por toda a América Latina e não somente na Colômbia. Sem contar que até hoje “Ojós Así” virou coreografia de música de dança do ventre.
Além disso, ela começou a fazer danças mais coreografadas, misturando os elementos que a ficaram famosas. Conquistando o público mais novo e fidelizando os mais antigos.
A Anitta seguiu essa mesma cartilha. Saiu da Furacão 2000, arranjou uma empresária para lançar seu disco oficial e enquanto isso fazia shows poderosos, mesmo tendo quatro singles lançados. Assim, ela fidelizava os antigos e ganhava novos fãs. Após o sucesso do novo álbum, ela continuou a investir nas suas apresentações, que conquistaram todas as pessoas e ajudou a lançar coreografias. O “Movimento da Sanfoninha” até hoje é usado nas festas para o momento de rebolar a raba nas pistas.
Durante a transição, tanto ela e Shakira lançaram um disco para garantir que a mudança veio por completo.
A mudança do estilo
Somente nos anos 2000, a Shakira botou o descolorante para jogo e ficou loiríssima. Lançou o “Laundry Service” e aí veio as músicas “Whatever, Whenever”. Chocou os latinos, mas mesmo assim manteve a sua base. Além disso, ela conquistou o difícil mercado dos Estados Unidos, participando de grandes premiações e virando nome em grandes canais da música. Assim, a Shakira criou a sua base musical e depois disso nunca mais parou. Mesmo investindo nos EUA, ela nunca largou as músicas hispânicas, apesar de ser bem menos frequente.
Ela foi criticada pelo seu inglês capenga, mas mesmo assim ela insistiu e conseguiu fazer.
Já a Anitta seguiu a mesma cartilha, a transição foi terminada quando lançou “Bang”, que mudou a sua carreira por completo. O primeiro passo foi criar uma concepção artística com Giovanni Bianco, o ítalo-brasileiro que dirigiu a arte dos últimos álbuns de Madonna. Posteriormente, ela começou a criar raízes com um ritmo mais americanizado, mas sem deixar o lado brasileiro. Assim, ela começou os primeiros contatos internacionais, como Diplo, bombando o ritmo “Sua Cara”, com Major Lazer.
Além disso, ela participou do projeto “Xeque-Mate”, que lançou quatro singles de uma vez e finalmente fidelizou brasileiros. Mas, começou a sua carreira nacional por completo.
Foi seguindo esses caminhos que elas conquistaram os Estados Unidos.
Tentativas e erros
Tanto a Shakira quanto a Anitta não teve um sucesso tão linear, elas cometeram os seus fracassos. Afinal, as duas trabalharam com tentativa e erro. Os americanos são bem dificéis de conquistar, já que o público americano é bem seletivo e eles querem algo para fugir da mesmice. Sem contar que elas buscam os elementos que equilibram para agradar gregos e troianos.
Elas procuraram fazer esse caminho a partir de nuances e camadas, assim como uma a arte digital é feita via Photoshop. E tem artistas brasileiras que tem o mesmo talento que a Anitta, que não desistiram no meio do caminho. A Sandy, por exemplo, a sua voz potente e soprano conquistou muita gente e alguns acreditavam que o sucesso do dueto com Andra Bocelli fosse ser sucesso internacional. Mas, o disco internacional de Sandy e Jr foi um verdadeiro fiasco por apresentar o mais do mesmo.
Não é fácil, pois conseguir o sucesso precisa manter uma constância. Mas, isso mostra que os caminhos podem ser bem sucedidos e, inclusive, precisam ser bem executados.
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