A primeira vez aos poucos…Consegui ir aos shows, festas, viajei e mesmo assim não me sinto bem.
O ditado popular diz que “a primeira vez a gente não esquece”. Decerto é verdade, pois me sinto em liberdade condicional neste mundo pós-pandêmico. Parece que o medo de andar e ser infectada ainda acontece, mesmo tentando voltar a vida aos poucos. Até o momento que escreve está aumentando as internações.
Recentemente, eu encontrei um amigo e a gente ficou conversando, depois decidimos ir a 1 bar no meio da lama. Lá ele teve uma espécie de ataque de pânico, na minha visão, quando viu mais pessoas chegando e mesmo que as mesas tivessem um pouco distante além de a gente estar em um lugar aberto o medo de ser infectado ainda era gigante.
Numa exposição presencial, ninguém sabia se podia dar soquinho de cumprimento, abraçar ou apertar a mão. Era normal ficar perdido de como cumprimentar.
Sair aos poucos, parece uma sensação de liberdade e ao mesmo tempo a gente fica na dúvida de como a gente vai cumprimentar as pessoas. Além disso, eu não sei mais cumprimentar, falar ou perguntar como está. Ainda mais, fico culpada em me divertir, enquanto tem gente ainda morrendo ou medo de infectar pessoas.
Sem contar com a sensação de julgamento, como se fizesse besteira ou deu uma de Gabriela Pugliesi.
Até pra sair do restaurante a gente tem medo agora. Medo de ser infectado, do que os outros vão achar ou ficar alguns minutos sem máscara, apesar de a gente ter tomado a segunda dose. A gente está com medo de ir aos shows. Tenho medo de visitar os amigos e mesmo que diminua cada vez mais as mortes.
Foram dois anos difíceis, onde a humanidade teve os seus podres expostos e as consequências de um consumo explorador ainda vai continuar. Se destruirmos nossas fontes naturais, Covid-19 será brincadeira de menino. Mesmo que liberem as máscaras, a gente ainda vai se esconder por uma tentativa de proteção.
Queria estar feliz com 50% da população imunizada, mas estou me sentindo culpada pelo fato de começar a sair. A liberdade condicional. Se eu fizer besteira, vou voltar a ficar presa em casa.
Termino este texto sobre o mundo pós-pandêmico com a famosa frase de Alexandre Pires: O que vou fazer com essa tal liberdade ?
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