Em março de 2020, diante dos casos de Covid-19 chegando ao Brasil, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) suspendeu eventualmente suas atividades presenciais. Simultaneamente, a instituição aprovou o Período Letivo Suplementar Excepcional (PLSE), que iniciou em junho do mesmo ano. No mês de setembro de 2020, ensino remoto foi oficializado na UFRN.
Foto: Anastácia Vaz.
A previsão é que o período letivo 2021.2 encerre em fevereiro deste ano e, em março, tenha a retomada da regularidade das aulas presenciais. Assim, acabando o ensino remoto da UFRN.
Semestres remotos e problemas com a saúde mental
Com os semestres online, muitos estudantes enfrentaram, além das dificuldades instrumentais (falta de aparelhos tecnológicos adequados para acompanhar as aulas e as atividades), problemas que afetaram a saúde mental. Além disso, todo esse cenário colaborou para um rendimento acadêmico prejudicado, segundo alguns relatos que recolhemos.
Lucas Gabriel, 19, é estudante do Bacharelado em Tecnologia da Informação (BTI) e entrou na UFRN quando a pandemia já era uma realidade. Ele conta que desde a sua entrada, no 2021.1, tem enfrentado a desmotivação.
“A Universidade é algo que não estamos habituados quando saímos da educação básica, e enfrentar essa transição no cenário da Covid-19 me deixou desmotivado em alguns momentos”, relata.
Para Lucas, que conta já ter dificuldades de concentração, o ensino remoto é um desafio no desempenho acadêmico, o qual ele acredita que irá melhorar com o retorno presencial.
“Muitas vezes eu me distraio quando estou estudando em casa. Se as aulas realmente voltarem no modelo presencial, terei um ambiente bem mais adequado para estudar e tirar dúvidas com os professores (o que não dá para fazer nas aulas assíncronas)”.
Thainá Trajano, 20, cursa Jornalismo e está na UFRN desde 2019, antes da pandemia. No entanto, para ela, as atividades no modelo online também são um grande desafio.
“No meu ano de entrada na Universidade, tive uma experiência muito boa. Quando veio a pandemia, achei que duraria no máximo um mês. Mas o tempo foi passando e a nossa formação foi sendo prejudicada”, confessa a estudante.
E adaptação ao ensino remoto da UFRN?
Quem precisou se adaptar ao novo modelo de aulas que a pandemia nos forçou a adotar, enfrentou, além de problemas físicos, questões atreladas à saúde mental. Com Thainá, não foi diferente:
“Eu frequentemente tinha dor de cabeça e dor nas costas, até me acostumar. Na verdade, a questão não é de costume, mas sim de esgotamento físico e mental, porque o ensino remoto exige muito mais concentração de você”.
Está dentro da estatística
Os casos de Lucas e Thainá não são exceções. Na verdade, a quantidade de alunos desmotivados em estudar na pandemia é consideravelmente grande. De acordo com uma pesquisa sobre educação na pandemia, o percentual de alunos sem motivação para estudar saiu de 46%, em maio de 2020, para 54% em setembro do mesmo ano. Os dados foram obtidos em 2020 pelo Instituto DataFolha.
“Eu estou animada para o retorno das atividades presenciais, porque eu sinto falta do contato físico com as pessoas. Sinto falta até mesmo de vê-las pessoalmente. Mas, ao mesmo tempo, estou apreensiva sobre como será essa volta. É uma mistura de sentimentos, pois não sei como a Universidade vai garantir as medidas de biossegurança”, relata a estudante Thainá.
Servidores também apresentaram problemas com o ensino remoto da UFRN
Os estudantes, entretanto, não são os únicos a sofrer com esse cenário acadêmico durante a pandemia. Os professores também enfrentam muitas dificuldades.
Mônica Mourão, 38, tornou-se professora do Departamento de Comunicação Social (Decom) da UFRN após o início da pandemia e, assim como os estudantes “calouros”, ela também ainda não aproveitou os espaços da Universidade.
“Comecei a dar aula na UFRN em janeiro de 2021, sem conhecer ninguém presencialmente. Basicamente eu conhecia apenas as pessoas que fizeram parte da minha banca no ano em que fiz o concurso”, conta.
Quando questionada sobre como se sente com o previsto retorno presencial, a professora se mostra com grandes expectativas.
“Estou com expectativas enormes. Não vejo a hora de estar no campus. Eu mudei de cidade e de trabalho, mas, no fim das contas, continuo trabalhando dentro de casa, em frente ao computador e preocupada com a conexão, como eu já fazia desde março de 2020 na instituição em que eu trabalhava anteriormente”, desabafa a professora, que também tem suas apreensões para a volta.
“Por outro lado, há um desejo, na verdade, de que a pandemia esteja se encaminhando para o seu fim. Não sabemos ainda como vai estar a nossa situação sanitária quando acontecer o retorno previsto para o fim de março. Quero muito que seja uma situação possível para o nosso retorno”.
A volta do ensino presencial
Em janeiro deste ano, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aprovou, por unanimidade dos votos, o Calendário Universitário de 2022. O cronograma prevê que o próximo período letivo, o 2022.1, acontecerá de 28 de março a 30 de julho de 2022, com a retomada da regularidade das aulas presenciais.
E você, estudante ou servidor da UFRN, quais são suas expectativas para esse retorno? Deixe o seu comentário!
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