A Avenida Câmara Cascudo liga os bairros da Ribeira e Cidade Alta por uma ladeira, além de ter muitos prédios históricos. Alguns dos locais famosos são a Casa de Câmara Cascudo, Solar Bela Vista, Salesiano São José, antiga sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e no seu final encontra-se a Prefeitura do Natal. Mas, você sabia que ela tinha um nome antes? Se chamava Avenida Junqueira Ayres, no qual a população mais antiga ainda a chama, assim como as antigas avenidas do Alecrim.
Por isso, vamos contar a sua história. Durante o Brasil Colônia, a região tinha poucas casas e na descida ao rio Potengi era de difícil acesso. De acordo com o próprio, Luís da Câmara Cascudo: “a única via de acesso entre a Cidade Alta e a Ribeira era a ladeira íngreme, escorregando sabão depois das chuvas. Nos papéis velhos a frase comum é aterro. Tão íngreme que dividiu a cidade. Os documentos falam de duas povoações, a Ribeira e Natal, tal a dificuldade de transitar entre uma e outra.
Depois de um tempo Cascudo se mudou para um casarão que ficara neste antigo pântano, que virou um aterro, depois para ladeira e também recebeu o nome de Rua da Cruz, segundo o historiador Lenin Soares.
QUando ela virou Junqueira Ayres?
Tudo começou em 1873 se constrói ali a Companhia de Aprendizes Marinheiros, prédio hoje onde funciona a Capitania das Artes. Depois veio os bondes, por volta de 1911, primeiramente puxados por burros. Depois elétricos, que facilitavam o trânsito dos habitantes da parte alta para a nova praça recém-construída. É do mesmo período a construção da balaustrada e a arborização com figueiras que ainda estão lá magnificamente.
Nome é uma homenagem ao ex-deputado
Junqueira Ayres era referência ao Luís Francisco Junqueira Ayres de Almeida, que nasceu em Salvador no dia 22 de fevereiro de 1860. Sua história com o estado potiguar veio graças à amizade de Pedro Velho, primeiro governador do RN, no governo do marechal Floriano Peixoto (1891-1894), foi nomeado
engenheiro fiscal da Estrada de Ferro de Nova Cruz, no Rio Grande do Norte. Pouco antes de deixar o estado para assumir o posto de engenheiro fiscal dos engenhos centrais de Pernambuco, aceitou o convite de Pedro Velho, então governador do Rio Grande do Norte (1892-1896), para candidatar-se a deputado federal na legislatura 1894-1896.
Além disso, foi arquitetado por Pedro Velho para disputar a vaga oferecida aos oposicionistas. Segundo Luís da Câmara Cascudo, Junqueira Aires foi
escolhido por ser bom orador, qualidade que então fazia falta para defender as causas do estado no Congresso.
Ao voltar a Natal em 1896 para as comemorações do fim do mandato de Pedro Velho, quando foi o orador oficial do Partido Republicano, sentiu os sintomas do que foi diagnosticado como anemia cerebral. Decidiram então transportá-lo de volta para o Rio de Janeiro, onde não conseguiu chegar. Faleceu em Recife, em meio à viagem, na companhia de Pedro Velho, no dia 10 de maio de 1896
A avenida se transformou em Junqueira Ayres somente no início do século XX . Uma curiosidade é que só foi finalmente calçada na administração do prefeito Omar O’Grady, durante os anos de 1924 e 1930.
Agora se chama Avenida Câmara Cascudo
Historiador, estudioso, jornalista, advogado e folclorista, Câmara Cascudo nasceu em 1898, época em que a capital potiguar se resumia a poucas ruas e pequena população. No final do século XX, a avenida recebe o nome do pesquisador, visto que o folclorista tinha uma casa na via e assim, a Câmara Municipal do Natal resolveu alterar o nome.
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