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Jussara Queiroz: uma diretora de cinema potiguar

Jussara Queiroz

Pouca gente sabe, mas o Rio Grande do Norte tem muitos diretores de cinema e uma das pioneiras do audiovisual potiguar é uma mulher. Se Septo e outras produções potiguares feitas pela mulherada existe, porque existiu alguém que começou a trabalhar na área quando tudo era literalmente mato. Ela se chama Jussara Queiroz, conhecida pelo…

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Pouca gente sabe, mas o Rio Grande do Norte tem muitos diretores de cinema e uma das pioneiras do audiovisual potiguar é uma mulher. Se Septo e outras produções potiguares feitas pela mulherada existe, porque existiu alguém que começou a trabalhar na área quando tudo era literalmente mato. Ela se chama Jussara Queiroz, conhecida pelo longa “A Árvore da Marcação”e vamos contar a sua história a seguir.

Jussara nasceu na cidade de Jucurutu em 04 de janeiro de 1956. Sua paixão pelo cinema veio de família, uma vez que seu pai era dono do cinema da cidade e exibia diversos filmes, como “Tarzan”. Mas, ela era fã assumida do diretor Glauber Rocha, autor de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Após o Ensino Médio, ela se mudou para o Rio de Janeiro com a finalidade de cursar cinema na Universidade Federal Fluminense (UFF) e trabalhou na TV Educativa e Embrafilme.

Entre a década de 70 e 80, Jussara produziu curtas, que sempre tratavam sobre problemas urbanos e buscava fazer os mais variados experimentos, mas seu primeiro longa só foi feito em meados da década de 80, onde encontrou bastante dificuldade. Com o fechamento da Embrafilmes, durante o período da Ditadura Militar, no final da década de 70, lhe prejudicou bastante, uma vez que estava na produção do seu filme, “A Árvore da Marcação”.

A gravação começou em 1987 e só terminou em 1993, após uma parceria com a emissora ZDF da Alemanha. A história narra a trajetória de Jocélia, jovem estudante de Direito, que reencontra em seu trabalho o Inspetor, personagem violento e autoritário, que lhe recorda sua infância em Marcação, pequeno vilarejo da zona canavieira da Paraíba. Ali, a maioria das crianças trabalha, desde os cinco anos de idade, nos canaviais e no mangue, e tem seus direitos desrespeitados pelos poderosos do local. Dentro do vilarejo, Jocélia e amigos percebem o que está se passando e organizam uma luta contra a absurda situação da comunidade que é obrigada.

O elenco do filme é totalmente nordestino, com predominância de artistas paraibanos. Participam, também, crianças e adolescentes de Marcação que viveram personagens reais na história que agora apresentam.

A produção pode ser conferida a seguir:

Em seus filmes ela traz para discussão um conteúdo político, a referência ideológica à esquerda e a mobilização popular, aliás, diria que estes são aspectos fundamentais contidos em suas obras documentais e, na maioria, experimentais. Ela documentou as lutas das classes sociais, a exploração nos canaviais, a desvalorização do homem do campo, dos sem tetos e das crianças sem direito à Educação.

Interrompeu a sua carreira na década de 90 por problemas de saúde e sua história foi contada através do documentário “O voo silencioso do Jucurutu”. Em 2012, a Prefeitura do Natal lhe forneceu a medalha de Honra ao Mérito Nísia Floresta.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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