Estudante do Instituto do Cerébro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe/UFRN) estuda métodos alternativos para substituir os antidepresivos. É um projeto de doutorado da Jéssica Winne e conta com a supervisão do neurocientista Richardson Leão, chefe de Laboratório de Neurodinâmica, que estão na fotro acima do título. A pesquisa, publicada na revista inglesa Experimental Neurology, mostra que foi utilizada 5-methoxy-N,N-
Durante o experimento, foi observado que animais de controle, que não receberam o 5-MeO-DMT, mostraram-se muito ansiosos na exploração de novos ambientes. Os que tomaram a dose do psicodélico, por outro lado, demonstraram resiliência à ansiedade, causada pela percepção do zumbido, e exploraram novos ambientes de maneira similar a animais saudáveis.
De acordo com Richardson Leão, esse estudo é consequência do trabalho do estudante Rafael Lima, também realizado em seu laboratório, no qual foi demonstrado que uma única dose dessa mesma substância aumentava consideravelmente a criação de novos neurônios no cérebro, explicando o efeito benéfico tardio de antidepressivos. “Além do comportamento, a atividade elétrica do cérebro foi normalizada pelo mesmo tratamento”, afirma o neurocientista.
O estudo do ICe não é o primeiro a mostrar resultados no mundo. O Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humano dos EUA, equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou pesquisas nas quais o alucinógeno Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD) foi administrado em pacientes com depressão severa. Por aqui, o ensaio clínico com 5-MeO-DMT ainda não é uma realidade. Segundo Jéssica Winne, o estudo no ICe foi realizado em animais e ainda existe um longo caminho até que esses compostos possam ser seguramente usados no tratamento de psicopatologias. Ela explica que, apesar de robustos, os estudos ainda engatinham e ninguém deve abandonar o tratamento com drogas clássicas sem o acompanhamento médico apropriado.
Ansiedade e depressão estão entre os problemas de saúde que mais avançam no mundo, atingindo, juntos, quase 30 milhões de pessoas só no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os mecanismos dessas doenças ainda são obscuros e há um grande número de pacientes que não se beneficia dos medicamentos disponíveis no mercado. Os antidepressivos ainda são drogas consideradas controversas que causam dependência. Nos últimos anos, pesquisas têm buscado alternativas para esse problema, algumas com resultados promissores a partir de substâncias psicodélicas.
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