Independente se você pertence ou não uma religião de matriz africana, tem que reconhecer que a estátua de Iemanjá em Natal, inaugurada inicialmente há 20 anos, é um símbolo da praia do Meio. Durante as celebrações de ano novo ou 2 de fevereiro (dia da orixá), as pessoas entregam promessas para que sejam atendidas e todos comemoram em sua volta. Com a reinauguração do monumento, não foi diferente e isto aconteceu neste domingo (2), no qual o dia inteiro as pessoas comemoraram a sua volta à praia com festa e várias cerimônias.
Considerada no Brasil como a “mãe” do Candomblé, Iemanjá tem a estátua de concreto e ferro de Natal como alvo de depredações desde 2004. O monumento foi erguido há quase 20 anos pelo escultor potiguar Etewaldo Santiago, e sua manutenção é feita por integrantes da Federação de Umbanda e Candomblé do Rio Grande do Norte. No entanto, nos últimos anos, por motivos de intolerância religiosa, a obra foi destruída por vândalos. Foi feita novamente pelo escultor Emanuel Câmara, tem três metros e meio de altura e pesa quatro toneladas, sendo a maior imagem de Iemanjá confeccionada na história do Rio Grane do Norte. A data de entrega estava prevista para 8 de dezembro, mas em razão da necessidade de adaptação logística e transporte, a inauguração foi adiada. Ainda conta com detalhes que simulam as ondas do mar.
O Brechando acompanhou o evento na hora que o Folia de Rua estava celebrando as tradicionais festas do estado para alegria dos banhistas e simpatizantes da Iemanjá, trazendo bastante alegria. Além disso, havia vários curiosos para saber como ficou a obra e conhecer um pouco as religiões de matriz africana que são bastante deturpadas na mídia. Na manhã, bem cedinho, foi feito um banho de petálas para celebrar as boas vindas a Iemanjá, que foi removida em agosto do ano passado após inúmeras depredações.
Considerada a Rainha do Mar, Iemanjá é uma das divindades mais queridas da Umbanda e do Candomblé. Muito cultuada e respeitada, Iemanjá é tida como a mãe de quase todos os Orixás. Sua representatividade está muito ligada à fecundidade – por isso foi destinado à ela o Mistério da Geração. No Brasil, ela também recebe os nomes: Inaé, Ísis, Janaína, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar e Sereia do Mar.
Filha de Olokum, soberano dos mares, Iemanjá tomou, ainda quando criança, uma poção que a ajudaria a fugir de todos os perigos. Quando cresceu, a divindade se casou com Oduduá, com quem teve dez filhos Orixás. Diz a lenda que seus seios se tornaram maiores e mais fartos devido a amamentação de todos os seus filhos, característica que gerou à ela grande vergonha. Cansada de seu casamento, Iemanjá decidiu deixar seu esposo e seguir em busca de sua própria felicidade.
Após algum tempo, ela se apaixonou pelo rei Okerê, com quem viveu uma história nada feliz. Contos revelam que, em um certo dia, após beber demais, Okerê se referiu aos seios de Iemanjá de maneira grosseira, o que fez com que ela fugisse decepcionada. Para escapar da perseguição, Iemanjá fez uso da poção dada por seu pai. Assim a Rainha do Mar se transformou em um rio que encontra o mar.
Para recuperar sua esposa, Okerê decidiu interferir no curso do rio, ao se transformar em uma montanha. Mas com a ajuda de seu filho Xangô, que abriu passagem naquela montanha, Iemanjá conseguiu seguir seu caminho, tornando-se então a Rainha do Mar.
Confira as fotos da nova estátua de Iemanjá em Natal a seguir:
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