Avisam a todos que eu sobrevivi a 2019, subi aquela escadaria pesada e cansativa, como o Rocky Balboa quando treinara. Parece que foi ontem que tive medo do futuro e que ele fosse sombrio. Ele é, mas tenho gente do meu lado.
O mês era novembro de 2018.
Perdi o emprego. Meu carro foi arrombado. Tinha terminado um namoro e estava mal. Perdi uma amizade que me importava muito pelo simples fato da namorada não gostar de mim. Tive uma das piores crises depressivas. Fracassei em salvar a vida de um gato que encontrei na rua. Perdi o freela. Chorei.
Respirei e tentei seguir em frente. Parecia que não daria certo, foi um ano que estava em dúvida do que viria. O fascismo batendo na porta e eu só via na janela o avanço da intolerância que estava sendo escancarara sem nenhuma vergonha.
Estava com muito medo de 2019. Me apavorava com o que esperaria politicamente, visto quem foi eleito era contra tudo o que eu sou. Mulher, independente e que não abaixava a cabeça para piada machista. Queria fugir, confesso. Estava muito mal e mentalmente fudida com o que tudo aconteceu. Mas, o que fazer quando está esgotamento mental? Seguir em frente, tinha uma revista para lançar, um site para continuar a fazer e um começo de uma nova especialização. Não dava para desistir enquanto a minha cabeça ainda pensa.
Faz 1 ano que passou e fico orgulhosa em mostrar a força. E estou cada vez mais convicta dos meus pensamentos, princípios e o que quero na minha vida. Cada vez mais sou de esquerda, cada vez mais eu sou feminista e que acredito que o progresso é a luz para diminuição das desigualdades sociais.
Pensei muito em me reprimir e não falar em política em 2019, dizia que o Brechando deveria focar apenas em curiosidades e jornalismo bonitinho. Porém, no dia 31 de dezembro de 2018, eu refleti e vi que nunca me acorvadei em situações tensas, era a hora de falar as minhas opiniões, afinal o jornalista precisa ter opinião acima de tudo. E mudei toda a pauta para janeiro.
Como disse no ano passado, era o ano que iria soltar as bruxas. E soltei.
Era o primeiro passo para começar a ser resistência e fazer ações para reagir ao antifascismo. Conheci os artistas antifascistas e admirar o grupo, resolvi estudar para processos seletivos, fiz um curso de webjornalismo, revista do Brechando foi para o mundo e foi o ano que mais botei a criatividade para moer.
Foi o ano que mais trabalhei. Descobri meu lado documentarista que quero jogar em festivais. Voltei a escrever ficção e tive tempo para fazer umas aventuras.
Esta nova década em que chega e vou chegar aos 30 anos quero que me deixe continuar com espírito jovem, mas sempre manter as minhas convicções vivas.
Agora precisamos ter olhos firmes. Calma, eles vão cair.
Aviso a todos que sobrevivi a 2019.
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