De acordo com as Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), o ponto de ebulição da água é quando atinge 100ºC. Mas, em Natal, não precisou disso tudo, pois mesmo o ar-condicionado do shopping fez com que os natalenses se sentisse com muito calor, uma vez que o fervo foi certeiro. Por que estamos falando assim?
Na noite do último fim de semana, o Teatro Riachuelo deixou de lado a formalidade dos grandes musicais e turnês nacionais para se transformar em um verdadeiro caldeirão cultural. O Festival Ponto de Ebulição, idealizado pela produtora cultural Natália Santana, através da Pinote, voltou para sua segunda edição com uma proposta ousada: misturar música alternativa, tradição e inovação no mesmo palco.
A estudante de nutrição Rebeca Cerqueira estava ansiosa para conhecer novos sons, além dos artistas que já conhecia. “Espero conhecer coisas novas. Somente conheço o Taj Ma House, mas os outros dois artistas que vão tocar eu não conheço. Então, estou esperando que seja bom. E conhecer um pouco mais da nossa cultura regional, local e valorizar esse espaço.”, esclareceu.
A abertura já mostrou a intenção do festival: uma discotecagem comentada com as cantoras Dani Cruz e Gracinha, que criaram uma setlist dedicada às vozes de mulheres negras. Essa curadoria sonora não ficou restrita ao início do evento – também embalou o foyer e os intervalos dos shows, criando uma experiência contínua para quem circulava pelo teatro.
“Acho que esse espaço no Ponto de Ebulição se encaixa como uma luva, porque o festival também é sobre apresentações de artistas, novos e nem tão novos assim, além de estimular que o público chegue mais perto (dos artistas locais), mais junto, num espaço como o Teatro Riachuelo, que oferece todo conforto. É um lugar onde artistas muito grandes vêm e nós, artistas potiguares, também podemos se apresentar. Eu e Gracinha estivemos no ano passado, e agora (nesse ano) com essa curadoria musical. Então, só felicidades”, comentou a sorridente cantora Dani Cruz.
O primeiro show foi da cantora Samela Alves, que trouxe o charme e a sofisticação do jazz nacional e internacional para o palco potiguar. Logo depois, a noite mudou de compasso com o samba de Will Alves, que chamou ao palco as veteranas Edja Alves e Annaluh Soares. O encontro entre gerações reforçou a potência do samba potiguar, mostrando como o gênero se mantém vivo e pulsante na cena local.
O encerramento ficou por conta da atração mais esperada da noite: o Taj Ma House. O grupo, formado por Frank Aleixo (na discotecagem), Janvita, Clara Pinheiro e Elisa Bacche (na percussão), trouxe uma sonoridade vibrante que mistura elementos brasileiros, potiguares e batidas da house music.
Após uma turnê europeia, a banda retornou a Natal com novidades que transformaram o teatro em pista de dança — e já é presença confirmada em festivais locais.
“Costumo dizer que essa banda não nasceria em outro lugar, tinha que ser daqui. Quando a gente sobe no palco, nós estamos fazendo um louvor, um culto à pista, à dança, à liberação, à felicidade. E eu acho que isso é tão genuíno que as pessoas sentem isso e estão conosco. É ótimo saber que as pessoas do lugar da gente curtem nossa música e torcem pela gente. Estamos juntos.”, comentou a cantora Clara Pinheiro. O grupo fez uma apresentação em parceria com Cida Lobo, com décadas de carreira não só nos palcos do Rio Grande do Norte, mas de todo o Brasil.
O Ponto de Ebulição mostrou haver público para experiências musicais alternativas em Natal e que o Teatro Riachuelo também pode ser espaço para experimentação cultural. Mais do que um festival, o evento se consolidou como um convite para pensar a cidade a partir de novos sons e encontros.
A Lilith Celeste, por exemplo, veio do distrito do Pium, em Parnamirim, só para ver o Taj Ma House. “É a primeira vez no show da banda e estou completamente apaixonada. Momento muito marcante.”, celebrou.
A influenciadora Suzie Chagas acredita que o evento é importante para apresentar novos artistas locais. “Acho que é muito importante para gente fortalecer a cultura portuguesa, a cultura natalense. Os artistas daqui são maravilhosos. Está mostrando a nossa potência. E não somente cultural, mas também só tem gente bonita aqui. Estou impressionadíssima. É a primeira vez que estou vindo, esperando pelas próximas edições”, comentou.
Por fim, mais do que uma simples noite de shows, o Festival Ponto de Ebulição se firmou como um espaço de encontro entre gerações, estilos e públicos. Ao ocupar o Teatro Riachuelo com jazz, samba e house potiguar, o evento reforça que a cena cultural de Natal está em constante movimento — pronta para ferver sempre que tiver oportunidade.
































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