A partir deste fim de semana, o Festival Dosol começa as suas inúmeras atividades. Nesta sexta-feira (22)está para acontecer na Sede do DoSol, espaço cultural no bairro de Potilândia, a abertura dos festejos, com Esdras Nogueira e Grupo (DF) e Camarones Orquestra Guitarrística (RN).
Os shows por lá vão até a sexta seguinte (29), e contarão com a participação de diversos artistas, como Carmen Jaci (França), Sarah Oliver (RN), Open The Coffin (RN), entre outras atrações. Serão 17 shows no total. Ainda mais, haverá ainda oficinas sobre o fazer artístico e autogestão com artistas brasilienses.
Já no próximo sábado (30) haverá a atividade carro-chefe, que acontecerá no Largo da Rua Chile, após oito anos que saiu do lugar.
Para alguns seria uma blasfêmia dizer que o Dosol abandonou o Centro Histórico. Após as últimas edições na Cidade Alta, eles desceram para a Ribeira. Depois de duas décadas de história, o Festival Dosol, um dos maiores eventos musicais independentes do país, está voltando ao lugar onde tudo começou: a Ribeira, bairro histórico de Natal.
Apesar de não ter mais o casarão amarelo que marcou a origem do que seria apenas o bar, a produtora cultural sempre buscou criar atividades por lá como o Circuito Ribeira.
O Brechando realizou uma entrevista com Anderson Foca, idealizador do projeto, sobre as origens do festival, as mudanças ao longo dos anos e o que o público pode esperar essa nova fase.
Sem contar que sempre negou que deixou a Ribeira de lado ou se arrependeu de mudar o festival para outros lugares.
A origem na Ribeira
A relação de Anderson Foca com a Ribeira começou antes mesmo do Festival Dosol existir. “Comecei a frequentar o bairro entre 1995 e 1996, bem antes do Officina (banda dele e de Ana Morena Tavares, sua parceira de trabalho, no início dos anos 2000)”, relembrando, citando um dos espaços culturais icônicos da região.
Ele conta que foi ali, ainda em 1997, que produziu os primeiros shows com sua banda, Ravengar. “Já naquela época a Ribeira tinha essa energia criativa e boêmia que tanto inspira a cena cultural.”
A ideia de criar o festival surgiu da sua vivência em outros eventos. “Eu já fui em festivais como o Abril pro Rock, em Recife, e fiquei na pilha de fazer algo parecido aqui”, explica. O momento certo surgiu com a criação do Selo Dosol, em 2001. “O caminho natural pra divulgar as bandas era ter um festival que as reunisse. E assim, em 2002, nasceu o Festival Dosol, no palco do Blackout, na Ribeira.”
O Blackout que Foca se refere foi um icônico bar dos anos 90, fundado por Paulo Ubarana, que realizou inúmeros shows de rock e onde hoje fica o Galpão 29.
A saída e o movimento constante
Embora a Ribeira tenha sido a casa do festival por muitos anos, o Dosol buscou explorar outros cenários. A mudança para a praia foi um desses momentos de transição. “Festivais como o Dosol não podem e nem devem ser estáticos, acontecendo iguais de um ano pro outro. esse sonho de fazer algo na beira da praia, e quando surgiu a oportunidade, abraçamos.”
Quando questionado se houve arrependimento por deixar o bairro, nem que de forma mínima, Foca é categórico: “Não. A vida tem ciclos, a produção cultural também. Mesmo indo para praia, o Dosol nunca saiu do Centro Histórico. Fizemos as prévias, as ressacas, então continuamos conectados ao bairro. Sempre estivemos lá.”
Por que voltar?
A Ribeira, para Anderson, é muito mais do que um bairro. “É uma incubadora cultural na sua essência, lugar de boemia, de ideias avançadas sobre o mundo, como todo centro histórico tem. É uma energia diferente para quem curte cultura.” Além disso, a decisão de retorno veio em parceria com Ana Morena, também à frente do festival. “Temos quatro casas ativas na Rua Chile, reformadas, em ótimas condições. Era o lugar ideal para ocupar com essa ideia de lineup e movimento cultural.”
O que esperar do retorno
Com a edição de 2024 batendo à porta, marcada para o dia 30, Anderson garante que a ansiedade já foi dominada pela experiência. “São 30 anos de produção cultural e musical. Você aprende a controlar a ansiedade e aproveitar o momento.”
E o que o público pode esperar? “Mais de 60 shows, diversidade, artistas consagrados, artistas novos e lugares incríveis para curtir. Diversão e boa música são garantidas. Entregaremos isso com certeza!”, promete.
O retorno do Festival Dosol à Ribeira é mais do que um evento; é um reencontro com as raízes da cultura natalense. Com uma programação rica e variada, a expectativa é, portanto, que a energia única do bairro volte a ser palco de momentos inesquecíveis.
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