O Azul, a crônica

O Azul, a crônica

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Resolvi falar de Azul, gato do meu namorado, com quem estou há quase três anos e todo mundo sabe que ele é uma parte que resume meu relacionamento.

Conheci Azul no dia 17 de dezembro de 2021. Três dias após ter beijado o seu tutor na praia, no qual dizíamos que iríamos ficar apenas amigos. O mesmo ainda insistia que era lar temporário desde agosto, quando inventamos de trabalhar juntos (Trabalhamos outras vezes, mais vezes…). Eu lembro que estava nervosa em conhecer seus gatos, perdi três vezes o caminho da casa. Mas, tudo bem. 

Para mim é muito importante ter gato, pois afinal tenho quatro. Se uma pessoa não gosta de gato, é a primeira red flag. Cuidar de um felino, que a internet cria conteúdo de amor e ódio, é um ato de coragem. Infelizmente, ainda é comum ver nas ruas vários gatos. 

O que sei que Azul era um simples gato de rua, que ficou doente e perdeu um de seus olhos. Após uma chuva, o João levou para sua casa. 

Eu lembro que abriu o portão e com seu único olho azul-turquesa estilo Elizabeth Taylor me viu de cima para baixo. Ele já queria que o colocasse no braço e ficava me olhando o tempo todo, sem nada em troca. Deitava e ele já estava no pé da cama me esperando de uma forma doce e sutil. Se acordasse, ele queria que desse comida. 

A cada visita, os carinhos intensificavam e estava comigo o tempo todo. Inclusive, assistindo último capítulo de novela. 

Os apelidos e brincadeiras surgiam, as preocupações e saudades também. O mimo rapidamente surgiria, com comidinhas, roupinhas, gravatinhas, coleiras e muitas fotos. Além disso, o apego veio cada vez mais forte e sempre batia uma saudade quando voltava para casa. 

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Era como se o amor por João se multiplicasse e derramasse nos seus gatos, pois também tinha Starla, a anjinha mais zanha e carinhosa ao mesmo tempo. E acredito que foi uma forma da vida mostrar nossas verdades por meio deles.

Porque eles são uma extensão do que é o meu parceiro e sei da importância daqueles meninos em sua vida. 

Quando Starla virou estrelinha, soube muito tempo depois (a gente tinha rompido), me senti uma criança procurando algo que não existe mais e ter os primeiros reflexos sobre a morte. Lembrei rapidamente da minha irmã quando correu pela casa de vó para procurar vovô Gilberto e perguntar por ele quando a mesma tinha cinco anos após a sua morte. 

A gente sabe o que é morte, mas na hora o sumir na vista dos seus olhos traz um machucado em que a gente volta a ser criança e quer chorar o tempo todo. Mas tive que ser forte pelos dois, que estavam completamente tristes. 

O tempo foi passando e a família felina foi crescendo. Numa noite de chuva, ele me liga dizendo que resgatou uma gata, a chamando pelo fenômeno da natureza. Mas, todos estão nas minhas orações para terem saúde. 

Azul sentiu, dava para ver no olhar e demorava a entrar em contato nos lugares que ela ficava. Meu coração apertava vendo assim e nosso laço ficou forte.  

Quando íamos jantar juntos, ele estava lá, miando e pedindo um pedaço. Ou dormia no início dos nossos pés, às vezes na gaveta da cômoda. Estava comigo nos momentos que fiz entrevista de emprego, do meu lado, ou numa reunião que receberia péssimas notícias. Passei ano novo, comemoramos eleições, corri para o veterinário e altas vezes liguei pedindo para ver imagens dos gatos, pois a saudade dói. 

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Não tenho problema de rolar no chão com eles ou ficar fazendo vozinha de bebê, ou brincar dizendo que ele é um grande pirata pronto para altas aventuras com outros gatinhos marujos.  

Azul é mais que um parceiro, podemos dizer que é um colega de praia e amigo. Azul é tão brilhante com a cor que recebe o seu nome, com seu jeito único, com as suas trapalhadas que só ele pode fazer e também mostrar que posso amar um gato como se fosse meu. 

Foi o estopim para manter mais unidos, tanto que topamos na loucura de resgatar uma gata cega, a Luzia. Que, posteriormente, adotei. 

Quando vou para a praia, quero que o céu seja tão azul quanto seus olhos, pois sei, portanto, que o dia será perfeito com ele, com Chuva (sua mais nova parceira do crime) e João. Afinal, só preciso do amor dos três.  

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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