Ar mais puro das Américas? Origem deste termo para Natal e não é bem assim

Ar mais puro das Américas? Origem deste termo para Natal e não é bem assim

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Uma das formas de fazer propaganda para morar em Natal é o fato de ter o “ar mais puro das Américas”. De fato, o Rio Grande do Norte é uma cidade que não é tão poluída em comparação à Recife. Porém, podemos comprovar? 

Muitos associam o termo pelo fato de o Parque das Dunas ser uma das maiores reservas ambientais urbanas do país, perdendo apenas pela Floresta da Tijuca.

De acordo com a jornalista Lívia Marra, da Folha de S. Paulo, a origem do termo veio após estudo feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com a Nasa (agência espacial dos EUA).  

Mas, qual foi a origem da pesquisa? Se jogar no Google “ar mais puro das Américas” vai jogar Natal e outras cidades do continente americano. Entretanto, sempre trazendo informações de diferentes universidades acerca do assunto. 

Então, era hora de descobrir a origem desta pesquisa.  Achamos na internet um livro do Inpe, que conta um pouco mais desta história. 

O estudo do “Ar mais puro das Américas”

Na década de 80, a NASA montou um projetão, o Global Tropospheric Experiment (GTE Estudo Global da Troposfera). Eram estudos em cada parte do globo, onde houvesse situações que pudessem suscitar dúvidas quanto ao conteúdo troposférico. 

No Brasil, contando com a participação ativa do INPE e algumas universidades brasileiras, onde conduziram experimentos, entre os quais se destacam: 

  • GTE/ABLE – 2A – 1985 – Estudos da troposfera na Amazônia, com o uso de balões cativos e balões livre lançados de vários pontos da grande Amazônia.
  • GTE-ABLE – 2B – 1987 – Também na Amazônia, corroborando as medidas feitas anteriormente no Experimento GTE-ABLE-2A, mas com o uso de instrumentação mais sofisticada. 
  • CITE-3 – 1992 – O projeto que a NASA conduziu a partir de Natal e tinha como principal escopo, fazer avaliação do comportamento dos sensores conduzidos em avião para medidas de concentrações ambientais e entender abundância e distribuição das maiores espécies sulfúricas na atmosfera. 
  • O TRACE–A 1993 – Era um grande experimento de campo na região do Atlântico Sul, da costa brasileira até a costa africana, visando fazer medidas da química da troposfera. As operações no Brasil ficariam a cargo de cientistas brasileiros, incluindo medidas de superfície, sondagens com balões via dois aviões do INPE e FUNCEME. 
  • SCAR-B – (Smoke/Sulfates, clouds and Radiation – Brazil) que como bem diz levantou informação sobre fumaça, sulfatos, nuvens e radiação e se trouxe influência sobre o meio-ambiente e o clima. 
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A pesquisa em si

Pesquisa que comparou a qualidade do ar em seis cidades do litoral brasileiro (Fortaleza, Natal, Salvador, Niterói, Caraguatatuba e Florianópolis). A líder da pesquisa era Lycia Maria Moreira Nordermann. Seu título era “Impactos Ambientais Na Precipitação Da Costa Brasileira”, onde coletaram nas seis cidades estudadas. Como resultado, Natal apresentou uma atmosfera classificada como padrão positivo. 

“Entretanto, uma coisa é certa, nenhum de tais projetos jamais pretendeu fazer avaliação localizada da atmosfera de Natal. A imprensa e a propaganda gerada pela Secretaria de Turismo do Estado costuma dizer que “Natal possui o ar mais puro das Américas, indicado por pesquisa da NASA”, disse o Inpe.

E, em termos das demais localidades analisadas, realmente Natal apresentou melhor qualidade de ar. As águas de chuva de Natal foram consideradas como tendo uma composição química isenta de poluição e representativa das águas de chuva da região costeira do Brasil.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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