Brechando mais uma vez o Sul do país

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Após 2023 ter ido para Porto Alegre, o Brechando desta vez visitou outras cidades do Sul do Brasil, indo para os estados do Paraná e Santa Catarina, mais precisamente nas cidades de Curitiba, Balneário Camboriú e Florianópolis. Foram 10 dias de visitas intensas, no qual tive que dividir meu lado pesquisadora (em Balneário fui apresentar no Intercom 2024) e meu lado curiosa para compartilhar o que vi aos meus leitores.  

Confira as minhas observações a seguir:

Curitiba

Curitiba foi a primeira parada do Brechando antes de se apresentar ao congresso, que iria acontecer na parada seguinte. Por que a escolha de visitar a capital paranaense? O primeiro motivo foi o fato de não a conhecer, apenas pelos relatos dos jornais, por ser uma cidade conhecida como “modelo” para outras capitais brasileiras, além de que o clima é totalmente diferente de Natal. 

Após ter tido quase um treco pelo fato do avião ter feito uma manobra de arremete quando pousamos no aeroporto, cheguei com vida e relaxei apenas quando toquei o chão. Só de abrir a porta do aeroporto você sente aquele vento congelante e rapidamente quer colocar o primeiro casaco que vem na frente. O que mais me chamou atenção foi o fato de ter muitas árvores coníferas, conhecidas como os pinheiros. Sendo mais famosa é a araucária, que eles consideram símbolo da cidade, assim como a Xanana em Natal

A vontade era tirar foto de todos os lugares, principalmente por ter muita, mas muita arte urbana. A cada 10 prédios antigos do Centro de Curitiba, uns 11 tinham algum graffith, lambe ou outra expressão artística. Agora, precisamos falar do Centro

 

O Centro de Curitiba é o bairro nobre

Diferentemente de outras cidades, que rapidamente vemos o Centro apenas como espaço para lojas e escritórios, este é um espaço que há muitos moradores, principalmente de grandes apartamentos de 20 andares, intercalando entre o novo e velho, além de ficar os principais shoppings da cidade. 

E uma curiosidade dos shoppings é que alguns surgiram em cima de prédios históricos. Por exemplo, o shopping Curitiba surgiu em um quartel do Exército. Já o shopping Estação, veio numa antiga Estação de Trem, onde há um museu contando a história da ferrovia no Paraná.

No Centro há muito estúdios daqueles que vimos em São Paulo, no qual vendem um apartamento minúsculo de um cômodo só como se fosse uma grande inovação. O AirBnB que fiquei, por exemplo, foi um estúdio. Por sinal, utilizei o aplicativo para minha hospedagem, ideal para quem quer fazer uma viagem longa e com mais pessoas. 

 

O que comer

 

Curitiba tem muitas padarias, bom para quem gosta de comer aquele pão na chapa. Mas também, há muitos restaurantes nos principais pontos turísticos, como Ópera do Arame, Jardim Botânico e Parque Tanguá (ideal para ver as Capivaras, animal símbolo da cidade e é normal vender pelúcia do bichinho nas lojas de brinde).  

 

5 lugares para passear que recomendo

Os lugares existentes em Curitiba são mais parques para visitar, uma vez que não tem praia e em dias quentes as pessoas vão lá para se refrescar, fazer piquenique e encontrar os amigos, ficar próximo da natureza ou brincar com as capivaras. Na parte cultural, também tem muitas opções, visto que há o Teatro Guaíba e o tradicional Ópera de Arame, onde no dia que visitei teve um ensaio da banda Angra. Aqui indico os cinco que mais gostei de passear. 
  1. Jardim Botânico.
  2. Ópera de Arame. 
  3. Parque Tanguá. 
  4. Padaria América. 
  5. Passeio Público. 

Foi a cidade que mais tive receio de conhecer. Primeiramente, não queria ser xingada na rua pelo meu jeitinho comunista de ser. Mas, eles são muito conservadores. E a xenofobia, que foram sutis, e deu para contornar. Para começar a entrada da cidade tem um letreiro da Havan como se fosse a Hollywood, algo bem estranho para um patriota, e vários outdoors com o rosto do Ratinho. Quando via as fotos de Balneário, pensava que era uma cidade relativamente grande, com muitas praias e que tivesse uma área territorial enorme. Mas, a BC, como carinhosamente os moradores chamam, não tem nem 200 mil habitantes e sua área territorial é bem menor que Natal. Medindo apenas 46m2

Os prédios altos rapidamente veem de longe. São mais de 100 andares e eles adoram o termo “Dubai brasileira”. Mas, não pense que todo mundo mora nestes grandalhões. Se tiver cinco moradores, é muito. A cidade tem menos habitantes que Mossoró e vi mais Shineray e lanchas do que carrões.

Tive a sensação de que era uma cidade que estava esperando receber uma abundantemente de pessoas, a qualquer momento, se transformando em uma futura metrópole. Olhava a praia e os espigões questionando se isso pode durar 30 anos ou menos, mas será que vai rolar mesmo?

Entretanto, para quem quer só se divertir, este lugar é ideal, porque fornece diversas opções para quem gosta de parque de diversões, atrações e atividades para brincar. Quem quer esquecer os problemas de casa, ideal viajar para região, porque é uma terra de sonhos e especulações.

Se quer brincar radicalmente, a cidade fica vizinha ao Beto Carrero. E ver os peixinhos e peixões, aquário. Conhecer a vista da praia, o teleférico. Ótimo ambiente para tirar fotos e lembrar que existe uma cidade que não parece nenhuma cidade brasileira, porque, ao mesmo tempo que BC tenha suas influências, ela também tem suas características próprias que muitas vezes julguei.

Sim, esta é uma cidade bastante cara e precisa fazer uma senhora garimpada para achar restaurante. Dica é procurar restaurantes na Marginal Leste. Lá, fica a Univali e as casas mais populares.

O nome é Balneário Camboriú e existe uma outra cidade vizinha chamada Camboriú

Eu fui uma das pessoas que pensava que Camboriú e Balneário Camboriú eram o mesmo. São duas cidades totalmente diferentes, apesar de serem vizinhas. 

Camboriú, embora esteja a poucos quilômetros de distância, tem um clima completamente diferente. É uma cidade mais tranquila, sem praias, com um estilo de vida mais voltado para o interior. Em Camboriú, a rotina é mais calma e as atividades envolvem muito mais o contato com a natureza, como trilhas e passeios em sítios e parques. Além disso, a cidade preserva uma cultura mais tradicional e é conhecida por sua produção agrícola.

Itajaí e BC é separada por uma ladeira

A Estrada da Rainha é uma via icônica que conecta Balneário Camboriú a Itajaí, percorrendo um trecho litorâneo de tirar o fôlego. É famosa por suas curvas sinuosas e por proporcionar uma vista espetacular do mar e da orla de Balneário Camboriú.

A Estrada da Rainha é bastante utilizada tanto por moradores quanto por turistas que desejam acessar rapidamente as praias da região, como a Praia Brava, em Itajaí, conhecida por suas belezas naturais e pelas boas condições para a prática de esportes aquáticos. Por ser uma via estreita e de tráfego intenso, especialmente na alta temporada, é importante dirigir com cuidado, principalmente se seu carro for manual.

Além de sua importância como ligação entre as duas cidades, a Estrada da Rainha é um ponto turístico por si só, oferecendo mirantes e pontos para apreciar a paisagem deslumbrante da costa catarinense.

Esconder os mendigos

Lá existe uma política de “não dar esmola”, inclusive com uma placa bem grande adicionado no calçadão. De acordo com a prefeitura, o objetivo é reduzir a mendicância e ajudar a população em situação de rua de maneira mais efetiva. A ideia por trás dessa política é desencorajar a prática de pedir esmolas nas ruas e, ao mesmo tempo, promover um apoio mais estruturado e sustentável para essas pessoas.

Ao não dar esmolas, na visão dos governantes, os moradores e turistas são incentivados a contribuir com organizações e programas sociais que oferecem assistência real e duradoura, como alimentação, abrigo, saúde, educação e capacitação profissional. A prefeitura acredita que, dessa forma, é possível ajudar de maneira mais eficaz, tirando essas pessoas da situação de rua e proporcionando condições para que elas possam ter uma vida mais digna e independente. 

A política de não dar esmolas em Balneário Camboriú enfrenta críticas, especialmente por ser considerada desumana e pouco empática. Muitos acreditam que a medida desconsidera as necessidades urgentes das pessoas em situação de rua, que dependem de ajuda imediata para sobreviver. Além disso, há quem questione a suficiência dos programas sociais oferecidos como alternativa, argumentando que eles não cobrem todas as necessidades ou pessoas. 

Alguns críticos também apontam que a política pode estar mais preocupada com a imagem turística da cidade do que com o bem-estar real dessas pessoas, gerando um efeito de marginalização e até criminalização da pobreza nas ruas.

5 lugares para visitar Balneário Camboriú

  1. Teleférico
  2. Roda Gigante
  3. Aquário
  4. Quebra-Mar
  5. Praia Central

A última parada foi em Florianópolis, onde consegui conhecer os principais pontos turísticos por apenas um dia, visto que teria que embarcar de volta à Natal no dia seguinte. Mas, essa aventura deu certo? Deu sim, no qual mesmo com um frio de matar, vimos pontos turísticos importantes, principalmente para aqueles que não gostam tanto de praia assim. Mas, se tava frio, o que fazer em Floripa? A cidade tem muita coisa interessante além de sua praia e orla lindíssima. Prometo voltar quando for um verão, porque ninguém merece dá um mergulho quando a cidade estava 17ºC. 

Assim como Curitiba, a vontade era tirar foto de todos os lugares, principalmente por ter muita, mas muita arte urbana. A cada 10 prédios antigos do centro, uns 11 tinham algum graffith, lambe ou outra expressão artística. Além disso, você via logo de cara a diferença com Balneário Camboriú, uma vez que a capital é mais realista mostrando os seus contrastes logo na entrada. 

O que dá para fazer em um dia em Florianópolis? 

Minha primeira parada foi visitar o Centro Histórico, que realmente tem forte influência dos europeus. De cara, você enxerga a Praça XV de Novembro, que é bastante movimentada e é um ponto de referência. Ela fica no local onde foi fundada a cidade, tendo partido dali a povoação da então Vila de Nossa Senhora do Desterro, nome antigo da capital catarinense.

O jardim da Praça foi construído entre 1885 e 1887 e até hoje chama atenção do pessoal, destaque para a Filgueira centenária, que tem uma energia parecida com o Cajueiro de Pirangi.

Perto da Praça existe a Catedral Metropolitana, que é uma igreja apresentando o estilo Neoclássico, diferente daquelas barrocas que a gente enxerga no Nordeste. Vizinho, tem diversos palácios com museus, sendo que visitei o Palácio Cruz e Sousa, em homenagem ao poeta da região.  

Neste palácio fica a sede do Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC), que funciona desde 1986 e também já foi o Palácio do Governo do Estado. Lá é dividido por exposições fixas e temporárias, sendo a última falava sobre o carnaval catarinense, com fantasias, fotos e recortes de jornais. 

Além disso, antes de chegar no mercado, você pode conhecer mais prédios antigos. Vi que a sede do Iphan, por exemplo, fica no prédio onde funcionara a Alfândega do estado. A galeria da Associação de Artistas Plásticos de Santa Catarina funciona no piso térreo. Um espaço para exposições de artistas regionais. Lá, se encontra também a Loja de Artesanato Catarinense, local repleto de belas lembrancinhas típicas do artesanato local como renda de bilros, cachaças artesanais e panelas de barro, além do Bar da Alfândega. Este é um dos principais pontos turísticos do centro de Florianópolis. 

E, vamos falar do Mercado de Florianópolis? Vamos! 

Mercado Público tem sua origem em barracas e quitandas construídas pelo governo da Capitania de Santa Catarina, provavelmente no fim do século XVIII. Estas barracas e quitandas eram alugadas por pequenos comerciantes para o governo da capitania, e após a Independência do Brasil, pelo governo da província. Lá vendiam-se peixe, carne de sol, feijão, arroz, mandioca, hortaliças e dentre outros pratos.  

Em 1838, o governo da província autorizou a construção de uma Praça de Mercado, que deveria ficar entre as ruas Livramento e Ouvidor, em um local de terreno de marinha, fora do Largo da Matriz. Por fim, o primeiro prédio do Mercado Público foi construído em 1851, situava-se ao sul do Largo da Matriz, junto ao mar. Em 5 de fevereiro de 1899, o prédio foi transferido para a localização atual, na época também à beira-mar, possuindo apenas uma ala.

A segunda ala só foi entregue em 24 de janeiro de 1931, construída sobre um aterro, assim como as pontes de ligação e o vão central. O conjunto arquitetônico tem a sua configuração atual desde 1932, com a reinauguração da primeira ala. Atualmente, devido à construção de uma grande aterro na Baía Sul, o edifício encontra-se longe do mar. Hoje, uma parte é voltada para a venda de artesanatos, roupas, acessórios e outros serviços. A outra ala é dedicada ao açougue, pescados e outros alimentos.

Já na parte central existem os tradicionais restaurantes, onde pude comer a culinária tradicional.  

Depois de ficar de barriga cheia, conhecer o camelódromo e a rua Felipe Schimdt, que é como se fosse a avenida Rio Branco em Natal, com cheia de coisas para comprar. 

E, por fim, da jornal do Brechando ao Sul do País, momento para conhecer o Parque da Luz e a Ponte Hercílio Luz 

No dia seguinte, depois de tomar café da manhã, fui ao Parque da Luz, que tem trilhas sombreadas, árvores antigas e mirantes com vistas deslumbrantes para a Baía Sul, ideal para caminhadas leves, piqueniques, andar de patinete elétrico ou momentos de descanso. Os bancos espalhados pelos caminhos oferecem um convite para sentar e apreciar a vista, as estátuas expostas. 

No final do parque tem a Ponte Hercílio Luz, um dos cartões-postais mais emblemáticos de Florianópolis. Inaugurada em 1926, é a maior ponte pênsil do Brasil e conecta a Ilha de Santa Catarina ao continente. A vontade é correr ida e volta nos seus 821 metros, onde você pode fazer isso na parte de pedestre ou andar de bicicleta na ciclovia. Lá, você contempla as vistas panorâmicas da cidade e do mar ao redor. A ponte é um símbolo da cidade, com uma arquitetura marcante que reflete a história e a identidade cultural de Florianópolis.

 

 

 

O que têm a ver com Natal?

Por incrível que pareça, o Brasil, por mais que seja dividido em regiões, e apresentarem um clima totalmente diferente, tem coisas que realmente parecem com Natal. Curitiba, por exemplo, tem um Centro que resiste ao comércio e é o espaço para a boêmia curitibana. Além disso, tem parques ótimos para passear, do mesmo jeito do Parque das Dunas ou Bosque das Mangueiras na capital potiguar. Ainda mais há a famosa estação de transferência, onde as pessoas param nestes espaços e pagam apenas por um busão. Outra coisa em comum é a dependência do transporte de ônibus. Embora Natal tenha VLTs, Curitiba não há espaço para trens urbanos.

Já Balneário Camboriú, além de ser uma cidade turística, ambas tem a mania de esconder a “parte feia”, como se varresse a parte mais pobre da cidade por debaixo do tapete. Ambas, foram alvos de uma obra de engorda, que falaremos em outra matéria sobre isso.

Por fim, Florianópolis e Natal, para mim, são parecidas pelo fato das duas terem sinais de abandono pela má administração, vide a falta de cuidado com os lugares públicos e lixo perambulando nas calçadas. São capitais que podem virar metrópole, nos próximos anos, mas precisa ter um verdadeiro planejamento urbano. 

Trajeto que fizemos no Sul do País de carro

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