Por mais que tenha sido nascida e criada em Natal, 90 por cento da minha família vem no interior do Rio Grande do Norte. Principalmente, na região do agreste. Eu, particularmente, achava que isso era só uma característica e não criaria alguma memória. Afinal, era meu cotidiano e não dava tempo de pensar que essas coisas futuramente desapareceria. Há quase dois anos, minha avó paterna se foi e coisas simples me fazem ter saudade dela.
Diferentemente de muitos que postam fotos dela nas redes sociais para estar nas redes sociais, eu vou atrás de algo que me lembra muito dela. Uma delas é comer doce de leite vindo do interior. Diferentemente do argentino, os feitos no interior do Rio Grande do Norte, são bastante açucarados que fazem com que eles tenham um sabor cremoso, mas, ao mesmo tempo, uma característica crocante única. E minha avó não usava leite condensado, botava na panela de pressão e ficava naquela consistência.
Era leite vindo da vaca mesmo, ela mexia na panela, colocava açúcar e outros ingredientes. Mexia diversas vezes. Até que, portanto, chegava naquele ponto. No final da visita, antes de voltar à Natal que comia, deixando com gosto de quero mais. Além disso, adorava levar potes de vidro cheio deles para comer em Natal. Entretanto, a medida que vovó foi envelhecendo, os doces de leite diminuíam e isso me entristecia, porque além de não saber, nenhum deles chegava perto do dela.
Por isso, todo evento que tem produtos do sertão sempre procuro algo que a remeta aquele doce de leite e possa matar a saudade. Logo, procurava o mais perto que fosse da minha avó para comprar. Sendo assim, degustava todos os produtos até comprar o ideal.
A procura do doce de leite para obter memória afetiva
No dia seguinte que fiz a visita noturna no Castelo Zé dos Montes, eu e minha família fomos ao restaurante com a finalidade de tomar um café da manhã. Lá tinha café, o tradicional Pastel de Tangará (falaremos em uma outra postagem), café, cuscuz, pão com queijo de manteiga e doces. Após servir bem com meu café da manhã.
De longe, no caixa, eu vi potinho de doce de leite armazenado em um copo maior do que de café. Bateu uma vontade de comer. Então, resolvi pedir para pelo menos comer algo que goste do interior, sem a ânsia de lembrar o da minha avó. Comprei, afinal queria comer algo doce para adoçar aquele domingo.
Mal sabia que eu iria experimentar algo que chegasse perto de vovó. Foi rápido, mas deu um pouco de vontade de matar a saudade da minha avó e sentir que ela está bem. Era bem próximo do sabor que ela fazia, chegando a ter uma memória afetiva e conforto para a semana que iria começar.
Volto para casa mais açucarada e com a sensação de guardar memórias afetivas através de um simples alimento.