A calçada da fama em Hollywood é o sonho de todos os atores e gente das artes que querem seu reconhecimento nos Estados Unidos. Entretanto, teve gente que morreu na calçada enquanto comia cuscuz, com esperança de dias melhores. Gosto de imaginar que ele estava na parada de ônibus esperando corujão da linha “Paraíso”, com um prato de cuscuz e ele correu para o abraço.
Mas, Romildo Soares não era apenas um morador de rua qualquer, mas cantor, compositor, músico, organizador de eventos e entre outros. Foi só a morte lhe buscar na calçada da C&A (também morta pelo capitalismo), que as pessoas se tocaram que o Beco da Lama vai perdendo seus membros raiz. Não os nutelas pós-graffiti. Nem devíamos romantizar a sua morte, fazer um obituário para dizer ser um artista foda e muito menos chegar a este ponto.
Romildo Soares foi encontrado morto em uma calçada, que ao invés de lhe trazer fama, trouxe problemas de saúde e de dignidade.
Deveríamos ter pedido desculpa por vê-lo assim o tempo todo e não mover uma palha. A última vez que vi Romildo Soares dormindo no Espaço Ruy Pereira no palco de cimento, próximo do Zé Reeira, era um sinal de que ele só queria arte e diversão.
Agora, ele descansou e não vai precisar mais da ajuda do céu para se manter como artista.
Erramos rude, erramos feio. Falhamos como sociedade. Falhamos como artistas. E, pior, falhamos nas políticas públicas de incentivar a arte e, ao mesmo tempo buscar condições de moradias dignas aos moradores de rua.
Deixe um comentário