As pessoas vêm e vão na Cidade Alta, no qual o centro comercial de Natal pulsa ainda e seus frequentadores deixam marcas, pequenas ou grandes, mesmo que estas duram mais de meio século. Um deles é um farmacêutico muito famoso nos cruzamentos das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu.
Primeiramente, ninguém o conhecia como Clodoaldo Marques Leal, mas como o Cloro da Farmácia. O seu estabelecimento, o Farmácia Natal, era um dos lugares bastante frequentado, uma vez que era perto de importantes estabelecimentos da Natal de 40 e 50, como Café Majestic, Prefeitura do Natal, Royal Cinema e outros.
Até poema de Carnaval, o Cloro já recebeu:
Além disso, ele era uma pessoa bastante querida pela população, sendo mencionado nas colunas sociais e seus anúncios eram comuns ver nos jornais mais antigos.
Afinal, quem foi o Cloro da Farmácia?
Começou a sua carreira em 1915, embora nunca tenha tido formação em Farmácia por intermédio de seu tio, Augusto Ferreira. Antes da Farmácia Natal, ele trabalhou em vários estabelecimentos na capital potiguar trabalhando na manipulação de medicamentos, como a Farmácia Brasil, na Ribeira.
Em 1926, a Farmácia Natal inaugurou, sendo um dos primeiros estabelecimentos da cidade que vendem medicamentos. O antigo proprietário era Omar Lopes Cardoso.
Com a Revolução de 1930, colocando Getúlio Vargas no poder, fez com que o antigo proprietário passasse o ponto para João Ferreira e, por conseguinte, Pedro Moura. Após meses, o Pedro quis abrir sociedade com Augusto Ferreira. No entanto, a venda tinha que ter uma condição: ceder o seu sobrinho para ser o responsável de Augusto pela manipulação.
Foi somente em 1940 que o Seu Cloro ou Cloro da Farmácia, como era chamado pelos natalenses, tornou-se proprietário da Farmácia Natal.
Na verdade, ele produzia medicamentos, uma vez que antigamente não existia uma caixa pronta de remédio. Quer dizer, o próprio farmacêutico produzia a medicação a partir dos químicos que tinha na sua estante. Portanto, uma Farmácia de Manipulação.
Cloro tinha um estilo de vida muito especial, fazendo com que todos os conhecessem. Usava quase sempre camisa branca, com uma gravata de borboleta preta (daquelas que tinha que dar o laço mesmo) e um charuto na boca. Não tinha formação superior, mas conhecia tudo de farmácia. Algumas pessoas confiavam mais em sua opinião quanto ao uso de uma medicação correta para determinadas doenças do que a opinião de um médico.
Sem contar que o espaço era ponto de referência para comentar sobre os mais diversos assuntos, principalmente na política.
Farmácia Natal e seu destino
Clodoaldo já faleceu, deixando esposa e sete filhos. Era um dos poucos lugares que também funcionara durante a noite, em regime de plantão.
Após a morte de Cloro, a propriedade do estabelecimento mudou e outros sócios surgiram. A farmácia, no entanto, fechou as portas no final dos anos 80, no qual demoliram o prédio e hoje é um restaurante popular. Uma curiosidade que descobrimos que no mesmo local da Farmácia Natal era a casa onde nasceu o poeta Lourival Açucena.
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