O título pode parecer estranho, mas a gente vai explicar a história com calma. A relação entre França-Natal é muito mais forte que imagina. Neste ano aconteceu o Lille Choro Festival (imagem acimas do título), levando os principais artistas do chorinho brasileiro para o norte de França. Mais precisamente na cidade de Lille. Lá teve a presença dos potiguares da Família Pádua, além de Raul de Souza, Nonato Lima e Jorge Cardoso. Além de rodas de choro, também teve palestras e mesas redondas que discutiam um pouco deste gênero musical genuinamente brasileiro, porém com algumas inspirações europeias. Assim trazendo uma identificação com os franceses com as canções que deixaram mestres, como Pixinguinha, famosos.
Destes franceses que se identificaram com o Choro está o Étienne Clément, um dos fundadores do Lille Choro Festival junto com os músicos brasileiros Rosivaldo Cordeiro, Osman Martins e Roberto de Oliveira, no qual os três juntos formam o Trio Caldo de Cana; fazendo concerto por toda a Europa.
Recentemente, Clément voltou as terras natalenses para falar sobre a relação cultural do Brasil e França, além de comentar sobre o festival e sua paixão pelo Chorinho, no qual escutou pela primeira vez em Natal. “Um amigo meu chamado Lucas me levou para o Buraco da Catita, na Ribeira, para um show de Choro e escutei as primeiras notas de choro, sem saber que algum dia trabalharia com essa música na Europa, na França”, relembrou o francês em entrevista ao Brechando.
Assim sem o Buraco da Catita, Étienne não teria conhecido o Choro e começado a estudar o assunto, além de conhcer os artistas que trabalham com o estilo.
Durante a palestra o Étienne, que hoje é doutor em Ciência da Linguagem e professor em Viena (Áustria), explicou que a relação da França com a cultura brasileira não é de hoje e é “bastante intensa”. Citou como exemplos a Missão Artística de 1816 e também o filme Saravah, de Pierre Barouh, que registrou a Bossa Nova e fez com que o diretor ficasse conhecido como “embaixador da música brasileira”. Com o Choro isso não seria diferente.
“Choro vem ganhando cada vez mais espaço e os franceses querem cada vez mais escutar pelo fato de ser uma música muito comovente, inclusive já foi estudada em conservatórios franceses e isso vai crescer cada vez mais”, comentou Étienne. Além disso, a entrada do Choro na música francesa começou a partir da turnê de 1922 do grupo Oito Batutas, no qual tinha como um dos integrantes o Pixinguinha. “É uma música tem cada vez mais interesse e espaço na Europa. Então, o público francês e europeu procura o Choro pela virtuosidade e harmonia”, explicou.
A palestra de Étienne teve bastante Chorinho, com a presença de artistas locais, como Carlos Zens e Eymar Fonseca, filha de Ademilde Fonseca, potiguar conhecida como a rainha do Choro.
“Hoje escuto Choro todos os dias pelo fato de ser uma música muito rica e os compositores deixaram um legado importante. Portanto, eu tento tanto procurar a História do Choro, incluindo os grandes compositores que morreram algum tempo, como também os compositores atuais de cada cidade do país. Eu acredito que cada estado brasileiro tem o seu sotaque, a sua língua e a maneira de tocar. A forma que um potiguar toca não é a mesma que um cearense. Quero entender a contemporaneidade do choro e como os músicos deixam este legado e tradição”, finalizou.
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