Quando penso em junho no conjunto Potilândia, em Lagoa Nova, penso rapidamente nas festas juninas da minha infância. Quando passava férias na casa dos meus avós em Natal era o período do então famoso Arraía da Esmeralda, que inicialmente era para ser uma festa pequena na rua da Esmeralda, mas tomou o conjunto inteiro, chegando a ter bandas grandes tocando. Ideal para aquele bate-coxa com o boy. Tinha forró, fogueira, comidas típicas e inclusive um mini-parque de diversão, no qual andei pela primeira vez de roda gigante. Para a minha eu criança, era o momento ideal para tocar o terror. Quer dizer, soltar bombinha e ficar vestida de matuta como se fosse uma fantasia de carnaval.
Chegou os anos 2000 e as festas foram ficando cada vez mais fracas, até desaparecer por completo, no qual falamos a história da festa no Brechando e você pode conferir neste link.
Bem… O silêncio do baile junino acabou nesta década.
Há três anos, a produtora cultural Haylene Dantas criou o Ahayá de Rua, no qual ela fecha as principais ruas do conjunto Potilândia e coloca forró, comida típica e muita diversão para celebrar este período junino. Neste ano, a festa teve que ser adiada por uma semana por conta das chuvas do período, no qual estimulou que mais pessoas se preparassem para a festa. Claro que fui toda caipira, blusa xadrez, bota e maquiagem de São João para apreciar esta celebração, pronta para arranjar meu par de quadrilha.
O boca a boca foi tão grande que a praça que fica as principais vias estavam lotadas de tanta gente que tinha. Podia ver gente desde o Tá Fluindo até o Show Bar, os bares principais da região, que estavam abrigando os órfãos da cerveja, visto que a galera veio em peso que acabou a gela não só da organização, mas também dos ambulantes. A sorte que você tinha aquele amigo que morava em uma kitnet da região que corria para casa e pegava o que tinha para beber.
Ao mesmo tempo tava lindo de ver toda a rua enfeitada por bandeirolas e famílias sentadas nas calçadas para curtir o São João, igual como era a Esmeralda na minha infância.
Mas quem não gosta de beber e queria soltar aquela bombinha de São João. Havia uma fogueira bem grande para soltar estrelinhas, traques (ótimo para soltar perto daquele amigo distraído), peido de véia, rojão e todos aqueles brinquedinhos felizes da festa junina.
Você podia ficar no meio da galera dançando um forró pé de serra do Trio Trecelim ou ficar com os amigos discutindo todos os assuntos possíveis sobre a vida cotidiana. Se estivesse entediado, podia rodar todas as ruas, pois vai encontrar algum conhecido naquela festa. Não arranjou o par? Eu também não! Não tem problema, dance agarrado com uma garrafa de Ypióca que é melhor do que dançar com um cabo de vassoura. Ou com o cachorrinho do amigo, que aproveitou que mora perto e levou os cachorrinhos para passear e curtir a festa.
O forró tava animado, a galera conseguiu cantar a letra inteira de “Saga de um Vaqueiro” e também conseguia unir o melhor do pop e arrocha.
O Ahayá foi bom demais da conta e obrigada por mostrar que Potilândia ainda tem São João.
Atenciosamente,
A mocinha da foto seguir:
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