“Nossa, por que você não me apresentou o Angra na fase do Andre Matos ? Baixei ontem umas músicas no Kazaa e eu gostei, melhor que Edu”, eu dizia.
“Edu Falaschi é o melhor cantor de todos os tempos, olha esse agudo, Lara. Você não está entendendo” – dizia meu amigo Luiz, o cara que estudava comigo e trocávamos figurinhas sobre o Heavy Metal.
Essa era uma das 19018108101891018 discussões que eu tinha com Luiz Guilherme, meu amigo headbanger que só “reconheceu” a “vitória” de Andre (sem acento mesmo) depois de anos no bar em Natal, quando falou que ficou decepcionado com o show do Angra no Rock In Rio, em 2011. Apesar do Luiz ter abandonado o metal há alguns anos, ele me ajudou a apresentar o Iron Maiden, o Angra, Blind Guardian e dentre outras bandas existentes de metal que eram famosas nos anos 2000. Depois, por conta própria e graças a MTV (somente em horários bem sem futuro, pois não tinha mais Gastão para levantar a bandeira da cena), ao Orkut e Google, comecei a achar meu próprio caminho para o headbanger.
Nesse caminho, descobri “Carry On” do Angra, após ver uma comunidade do Orkut chamada “Toca, Carry On” e puxava bastante saco da formação original; que terminou nos anos 2000 após uma briga com empresário. Então, rapidamente baixei e me apaixonei logo de cara.
Assim, eu baixava aos poucos, no Kazaa e as colocava dentro do meu MP3. Gostava da forma que misturava o erudito com o metal, além de colocar um pouco de Brasil nos arranjos e letras. Ficava horas e horas escutando, ainda ousava em tentar imitar, mas sem sucesso, a sua voz e deu aquela coceirinha de fazer aula de canto, mas a preguiça não me deixou seguir em frente.
Embora fosse genuinamente uma atitude de heavy metal, o som que ele cantava era original, carismático e ao mesmo tempo não queria imitar os finlandeses e os britânicos, os dois países que mais levam a sério o Heavy Metal até hoje. Escutando fui pesquisar o que Andre fazia, as entrevistas e também se tava tocando em outra banda, então rapidamente achei o Shaman e descobri que aquela música bem ópera que tocava em “O Beijo do Vampiro”, no qual cheguei a comprar a trilha sonora, era a música “Fairy Tale”, que tem um dos arranjos mais bonitos do metal brasileiro.
Você já ouviu alguma outra banda de heavy metal como trilha sonora na Globo ? Eu não.
Foi com Andre Matos que comecei a admirar os vocais agudos, as letras melódicas e achar genial a ideia de misturar o heavy metal com as batidas brasileiras, que são super perceptíveis no Holy Land e Angels Cry. Além disso, Matos sempre era uma cara simpático para fazer as entrevistas e não vangloriava dos seus efeitos, apesar de sabermos que existem muitos da cena que são bastante exibicionistas.
Ainda cheguei a descobrir o Viper, uma das primeiras bandas de metal a terem reconhecimento na mídia (um pouco antes do Sepultura, inclusive), no qual foi onde a sua carreira começou e você escuta o cantor ainda na sua adolescência com uma voz bem marcante, mesmo que fosse “verde” para especialistas. Assim, mostra como ele é um marco histórico, que ajudou a formar três bandas importantes e ainda tem uma carreira solo incrível, com parcerias com músicos famosos de outros países.
Deixou um legado.
Era um assunto recorrente nas mesas dos roqueiros da cidade. Se alguém fizesse um agudo em um show de metal, um rapaz prontamente dizia:
“Só quer ser o Andre Matos esse galado”
Também fiz amizade com um outro garoto na escola que tinha um cabelo gigante e preto e eu rapidamente gritei:
Você parece o Andre Matos, boy”
Assim começou uma amizade que existe há mais de 10 anos.
Sempre dizia que quando fosse ver o Andre, eu iria chorar igual uma fã de Luan Santana. Mas, infelizmente, isto não aconteceu, visto que na tarde deste sábado (8) foi confirmada a morte do cantor, vítima de um ataque cardíaco, segundo os fãs. Além disso, cresceu meu arrependimento de não ter ido ao Viper em 2012, quando tocaram em Natal, no qual não pude ir por conta de um trabalho no dia seguinte.
Agora, é só compartilhar o seu som e mostrar que como esse moço ajudou com que a cena tivesse sua característica própria.
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