Recentemente a senadora Gleisi Hoffmann, que também é presidente do Partido dos Trabalhadores, fez um vídeo que foi veiculado para Al Jazeera, do Catar, seria o equivalente com a Globo, aqui no Brasil e a BBC na Inglaterra. A empresa é sediada em Doha e transmite em língua árabe e inglês. Al Jazira já tinha uma atuação internacional, com sucursais e correspondentes espalhados pelo mundo, mas somente começou a chamar a atenção do Ocidente ao mostrar manifestações populares antiamericanas em seguida aos atentados de 11 de setembro. Sua cobertura das guerras do Afeganistão (2002) e do Iraque (2003) fugiu ao padrão ufanista geralmente adotado pelas grandes redes de TV norte-americanas.
O vídeo em questão era pedir a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República que está preso em Curitiba (PR) por receber um triplex no Guarujá (SP) como forma de propina da OAS, empreteira envolvida na Lava-Jato. Hoffman acredita que Lula só está preso por conta de perseguição política e o vídeo em questão pode ser visto a seguir:
https://www.facebook.com/gleisi.hoffmann/videos/968699493307304/
Por causa disso, uma fake news tomou de conta das redes sociais. Usuários começaram a replicar a ideia de que Gleisi estaria pedindo apoio à terroristas para livrar o ex-presidente Lula da prisão. Resultado? Uma investigação foi aberta na Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar a senadora pelas declarações à emissora árabe.
No Twitter, a hashtag #GleisiTerrorista foi criada e milhares de usuários replicaram mensagens contrárias ao suposto pedido de apoio da petista aos árabes. Alguns até chegam a confundir a rede de TV Al Jazeera com o grupo terrorista Al Qaeda, o que rendeu os comentários mais revoltosos. Essa confusão também foi ao plenário do senado graças a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS). Após a repercussão do vídeo veiculado na Al Jazeera, a senadora Ana Amélia (PP-RS) afirmou que Gleisi poderia ter violado a Lei de Segurança Nacional, por supostamente ter provocado “atos de hostilidade” contra o Brasil.
As declarações de Ana Amélia causaram um clima de animosidade com a petista que rebateu as acusações. A Lei de Segurança Nacional foi criada no ano de 1973 e delibera que “entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, para provocar guerra ou atos de hostilidade contra o Brasil” seria crime, de acordo com o artigo oitavo da lei.
Sites especializados em notícias falsas divulgaram uma versão do vídeo editada com um pedido de ajuda a terroristas. No Facebook, essas matérias chegavam a milhares de visualizações. Uma das notícias falsas teve mais de 14 mil compartilhamentos. No Twitter, um site anti-PT convocou um twitaço na quarta-feira, 18, com o uso de #GleisiTerrorista.
De acordo com pesquisa do MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, as Fake News têm 70% mais de chance de viralizar do que as notícias verdadeiras.
Para quem não sabe, Al Qaeda significa em árabe “O Alicerce” e é uma organização fundamentalista islâmica internacional, constituída por células colaborativas e independentes que visam disputar o poder geopolítico no Oriente Médio.
A princípio, o foco de atuação da Al-Qaeda tinha por objetivo expulsar as tropas russas (na época ainda era URSS) do território do Afeganistão. Durante esse período os Estados Unidos realizavam ajuda financeira à organização para a compra de armas e realização de treinamentos. No entanto, com a Guerra do Golfo e a instalação de bases militares estadunidenses na península arábica, sede dos principais santuários do Islã. Assim, Osama Bin Laden, líder do grupo, iniciou uma campanha contra os estadunidenses, dentre os ataques famosos está a destruição das torres do World Trade Center, em Nova Iorque, no dia 11 de setembro de 2001.
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