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Campus Party reúne mulheres programadoras

As mulheres fazem parte de uma porcentagem muito pequena dos desenvolvedores de software – elas são 11,2%, de acordo com uma pesquisa de 2013 – e a presença do sexismo em todos os lugares na indústria de tecnologia. Conta-se nos dedos mulheres importantes da programação e que são CEO de alguma empresa. Não é novidade que…

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As mulheres fazem parte de uma porcentagem muito pequena dos desenvolvedores de software – elas são 11,2%, de acordo com uma pesquisa de 2013 – e a presença do sexismo em todos os lugares na indústria de tecnologia. Conta-se nos dedos mulheres importantes da programação e que são CEO de alguma empresa. Não é novidade que as mulheres têm pouca participação no mercado de tecnologia. No entanto, diversas iniciativas surgiram para reverter esse quadro e dentro da programação da Campus Party existe diversas atividades voltadas para isso, como a M.U.T.E., embora o nome da sigla em inglês quer dizer “Mudo”, as meninas querem propor o contrário. Ninguém vai as calarem mais.

Dentro do espaço são oferecidos bate-papo sobre feminismo, programação para mulheres, mercado de trabalho e dentre outras atividades. A Gabriela Silva está finalizando o curso de Tecnologia da Informação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ama o que faz. “Para mim programar é um grande desafio diário, gosto de ser desafiada e programando ajuda solucionar alguns problemas do nosso cotidiano. Muito bom facilitar as coisas”. comentou.

Apesar de amar o que trabalhar, Gabriela tem que matar o machismo todos os dias, inclusive no evento. “Eu estava aqui explicando uma atividade para uma garota que resolveu estudar aqui. De repente um cara apareceu e foi dizer a mesma coisa que eu estava falando. Um mansplaining mesmo”.  Para quem não sabe, o mainsplaining é um tipo de assédio que acontece com as mulheres quando o um homem dedica seu tempo para explicar algo óbvio a uma mulher, de forma didática, como se ela não fosse capaz de entender. O termo é uma junção de “man” (homem) e “explaining” (explicar). Em atos de mansplaining, um homem acha que sabe mais sobre um tópico do que uma mulher.

“Muitas vezes ficamos de mãos atadas com o preconceito. Quando as mulheres programadoras estão reunidas é uma forma de juntar várias vozes em uma só para mostrar que somos capazes de trabalhar com tecnologia da informação”, disse.

Pyladies reúne mulheres da área de programação (Fotos: Lara Paiva)

A programadora Raquel Oliveira também concorda com a afirmação de Gabriela, porém isto a deixa mais forte para continuar no mercado de trabalho. “Eu amo trabalhar com computação e fazer várias coisas ao mesmo tempo, é muito bom trabalhar com o que ama. Adoro programar em Java e C++, embora o primeiro seja bem malhado no meio. Mas é o que mais gosto de fazer. O importante é entender a lógica da programação”, contou Raquel, bacharel em Tecnologia da Informação, estudante de Ciência da Computação e também faz mestrado como aluna especial.

A jovem conta que começou o interesse pela área no Ensino Médio, quando cursava Informática no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), mas no período do vestibular chegou a ter dúvidas se era isso que queria seguir como carreira. “Cheguei a imprimir 5 boletos de diferentes cursos para minha mãe pagar minha inscrição. Aí ela escolheu pagar o de Tecnologia da Informação. Aí passei, mas não tinha terminado o Ensino Médio. Então entrei na justiça, porque faço barraco mesmo (risos) e consegui terminar o colégio e a faculdade”, relembra.

Ambas são integrantes do Pyladies, no qual estimulam as mulheres a aprenderem linguagem em Pyton, uma das mais utilizadas atualmente no mercado.. “A gente diz que Pyton é uma linguagem simples e tira aquela ideia de que programação é um bicho de sete cabeças. Muitas vezes é utilizada como uma porta de entrada para as mulheres na informática”, contou Raquel.

O PyLadies foi criado por desenvolvedoras que são apaixonadas pela linguagem de programação Python. Tanto programadoras quanto mulheres iniciantes que queiram saber mais sobre a linguagem podem participar do PyLadies e até mesmo representar o grupo caso ele ainda não esteja presente em suas cidades ou países. O projeo também existe em Recife, Rio de Janeiro, Brasília e São Carlos (SP).

Além do M.U.T.E, a Campus Party também contou com uma palestra do Code Girl, projeto que estimula meninas do ensino médio a seguir carreira em tecnologia. O programa faz parte do projeto Programar meu Futuro, que foi criado para mulheres que já estejam cursando graduação em tecnologia mas se sentem desmotivadas a continuar nessa área.

Com palestras e oficinas sobre programação e empreendedorismo, a ação já conseguiu atrair mais de 500 meninas em um único evento, onde tiveram oportunidade de conhecer sobre o mundo da programação e do empreendedorismo.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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