Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? qual é negão?É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revistaTodo camburão tem um pouco de navio negreiro
O Rappa
Dia 20 de novembro é considerado, no Brasil, o Dia da Consciência Negra. A data não deveria existir, se não houvesse o racismo, embora no dia 13 de maio de 1888 tenha surgido a Lei Áurea, que aboliu os negros da escravidão. A condição de vida do povo negro, todavia, não deu acesso à terra e à moradia, que os permitissem exercer uma cidadania de fato.
Por isso, muitos foram forçados a viver em cortiços e depois aos morros, surgindo as primeiras favelas em terras brasileiras. O Rio Grande do Norte, apesar de ser um estado de tamanho menor, sente esses problemas urbanos brasileiros.
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Mesmo não existindo troncos e senzalas, a população negra do Brasil vive em lugares periféricos e são castigados pela violência urbana no Brasil.
Em Natal, os homicídios, nos últimos três anos, tende a crescer. Em 2012, os números de assassinatos foram 356; no ano seguinte saltou para 419 e depois (2014) para 437 mortes. Ou seja, a cada 100 mil habitantes, quase 47 morrem assassinados.
Os dados do Mapa da Violência mostram que os dados na maioria das mortes no Brasil são de:
1) Pardos (26.354)
2) Brancos (9.766)
3) Pretos (3.459)
4) Amarela/Asiático (61)
Já no Rio Grande do Norte, este valor 1054 negros foram mortos. Ou seja, a cada 52 negros são mortos numa população de 100 mil pessoas. Em 2003, esse número era só 202 pessoas. Quer dizer, o número de mortes no estado potiguar cresceu em 334,8%. É o quinto estado do Nordeste com mais homicídios nesta população, perdendo apenas para Alagoas, Paraíba, Piauí e o Ceará.
Porém, existe mais um problema. O Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS) é a única fonte que levanta esse quesito em nível nacional, com critérios relativamente uniformes, até os dias de hoje. Ou seja, só contam o número de mortes de pessoas negras que deu entrada nos hospitais brasileiros. Portanto, este número ainda deve ser maior que se imagina.
Sem contar que muita gente da população brasileira se identifica como pardo, no qual para muitos é uma forma tranquila de fugir do racismo.
Mas, o Mapa da Violência conta a população negra como a junção de Pardo e Pretos. O mesmo documento aponta o número de vítimas negras passa de 20.291 para 29.813, aumento de 46,9%.
Calma! Temos números mais atuais do Atlas da Violência, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Houve crescimento intenso das taxas entre 2010 e 2015 nos estados de Sergipe (77,7%), Rio Grande do Norte (75,5%), Piauí (54,0%) e Maranhão (52,8%).
De cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras. Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra. O Atlas ainda aponta que o cidadão
negro possui chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação aos cidadãos de outras raças/cores, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.
Entre 2005 a 2015, houve um crescimento de 18,2% na taxa de homicídio de negros, a mortalidade de indivíduos não negros diminuiu 12,2%.
Sim, o RN é o segundo estado que teve o acréscimo de homicídios e dessas mortes e o maior estado com o assassinato de pessoas negras, nos últimos 10 anos, houve um crescimento de 331,8%. Portanto, os casos quadruplicaram. Em 2015, a cada 100 mil habitantes, 62 negros eram mortos no RN.
Os dados são bem piores que a primeira vez que postamos sobre o Dia da Consciência Negra no blog. Ainda dizem que racismo é frescura, não é?
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