Nos meus carnavais, quando ficava numa casa de praia em Búzios (RN), no município de Nísia Floresta, região Metropolitana de Natal, era muito comum ouvir o barulho do triângulo, marcando no mesmo compasso. Não era um membro de um trio sanfoneiro de Forró voltando para casa sozinho, mas um vendedor de cavaco chinês, que junto com o instrumento carregava um recipiente de inox gigante nas costas. Era a alegria da criançada que corria em direção ao som para comprar um pacote do doce, que custava menos de um real.
O gosto? Praticamente uma hóstia gigante com adição de açúcar. Como a minha mãe já dizia: “Não tem gosto de nada, mas sei que isso é muito bom.”. A medida que os anos foram passando, a quantidade destes vendedores foi diminuindo e o som característico raramente escutava.
Cavaco chinês é feito com uma masa de farinha de trigo e açúcar, de sabor agradável, que se dissolve muito facilmente na boca. Cada cavaco é feito individualmente numa prensa. Apesar do nome, a tradição veio dos Portugueses. Alguns pesquisadores afirmam que é originário da Índia. Será mesmo ?
Porém, nos últimos meses, estou vendo a volta das pessoas vendendo a iguaria nordestina.
Hoje, o produto está sendo vendido em um saquinho com várias unidades juntas. Antigamente era vendido, um a um, sem embalagem. O recipiente também foi deixado de lado. Na verdade, fica na esquina do sinal, com risco de ser levado rapidamente por um ladrão espertinho, caso ele seja doido por doce.
Verdade. Em tempos de crise econômica, muitas pessoas ficaram desempregadas e tiveram que procurar plano B para sustentar a família e um deles foi vender o Cavaco Chinês.
No lugar das ruas, o doce está sendo vendido nos sinais de trânsito na cidade, no qual o vendedor exibe o produto e fica gritando: “Olha o Cavaco Chinês passando !”, competindo com a água, os morangos, para-brisas e algumas quinquilharias que são vendidas nestes locais. Apesar da concorrência, o doce é comprado bastante pelos motoristas natalenses.
E, aí, já viu um desses vendedores de Cavaco Chinês?
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