Neste sábado (26) é dia de Malhação do Judas, que faz parte das tradições da Semana Santa e vigente em diversas comunidades católicas e ortodoxas. Foi introduzida na América Latina pelos espanhóis e portugueses. São criados bonecos gigantes, que simboliza a morte de Judas Iscariotes, que dedurou Jesus Cristo aos Romanos por 30 moedas, depois se arrependeu e tirou a própria vida. Então, as pessoas das ruas de um bairro começam a batê-lo e atear fogo a ele.
A criatividade brasileira transformou a malhação de Judas em uma sátira sobre amigos e vizinhos e/ou sátira política, razão pela qual a ditadura militar de 1964 vigiava as malhações para não permitir que personagens do ou a serviço do regime militar fossem alvo de chacota. Em alguns lugares, era preciso ‘tirar autorização na polícia’ para o evento, só concedida mediante a apresentação do testamento. Crianças e adultos adoram entrar nesta brincadeira.
Há quem diga que a malhação do boneco venha originalmente das religiões pagãs, a partir de cultos agrários e as festas da colheita. Ao longo do tempo, a brincadeira saiu das cidades grandes e foi encaminhando para os bairros e cidades periféricas, mas não se especifica quando ocorreu essa fase de transição. Hoje, no interior do Rio Grande do Norte vemos ainda algumas manifestações da brincadeira.
Um dos municípios tradicionais em fazer a malhação do Judas é Major Sales, na região Oeste do Estado. Hoje a tradição é mantida pelo projeto do Caboclos de Major Sales, integrante da Associação Comunitária Sociocultural do município.
Como funciona? Antes de acontecer a malhação, os caboclos fazem uma dança tradicional, no qual mistura elementos de origem indígena e espanhola e exerce importante papel cultural no Estado.
A base coreográfica tem de quinze a vinte brincantes, envolvidos em passos característicos e mantendo o “Judas” no centro, onde é pisoteado e agredido com bastões. Quando estão se apresentando, os dançarinos emitem um som cultural, onomatopaico de ira, incessante, e seus sapateados ajudam a compor a base de percussão. As roupas de trapos de panos multicoloridos com capuzes, cuja confecção é realizada em mutirão, provocam bastante impacto visual.
Como manda a tradição, durante toda a semana os grupos de caboclo andam ruas e cidades arrecadando contribuições para a festa de malhação de Judas que acontece no domingo.
Veja o vídeo a seguir:
Além de Major Sales, outros municípios, como Venha Ver, Ouro Branco, José da Penha, Marcelino Vieira (que foi matéria recentemente da Intertv Cabugi), Tenente Ananias e dentre outros.
Mas, em Natal? Existe algum lugar? Na capital do Rio Grande do Norte, os bairros que tem uma forte tradição no catolicismo e em regiões periféricas, como a Rocas, é conhecida por fazer a Malhação do Judas. No bairro das Quintas também é comum vendo crianças batendo no boneco.
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