“Já pintou verão, calor no coração”. Neste momento, as ruas de Natal estão vazias, pois a maioria dos moradores estão dormindo em suas respectivas casas de praias e aproveitando para tomar aquele banho de mar. Mas, você sabe a origem do veraneio? Eu também não sabia, até encontrar este artigo maravilhoso do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Como surgiram estas casas temporárias em Natal e outras praias do litoral potiguar?
Os primeiros domicílios de uso ocasional que se tem registro no Rio Grande do Norte datam dos anos de 1830, localizados nos arredores dos bairros das Quintas e Barro Vermelho. Nessas áreas encontravam-se sítios, granjas, pequenos palacetes, considerados como residências secundárias em virtude do seu uso sazonal. Tais domicílios eram construídos nas áreas rurais situadas no entorno de Natal por políticos, comerciantes bem sucedidos, funcionários públicos ocupados em cargos de status e produtores rurais.
A segunda fase de expansão é compreendida pelo período entre 1900 a 1970, quando se dissemina a prática do banho do mar entre os membros da sociedade natalense. Então, inicia-se a proliferação das residências secundárias nas áreas de praia do município.
A praia de Areia Preta foi se tornando no local onde a população da cidade se encontrava nas festas, serenatas e nos períodos de carnaval, momentos em que a elite local se reunia em suas residências secundárias. No início do
século XX, o acesso à praia de Areia Preta era feito por uma estrada precária. No ano de 1915, a Companhia de Bondes Ferro Carril, empresa responsável pela exploração dos bondes de Natal, prolongou seus trilhos até a praia de Areia Preta com uma parada em Petrópolis, contribuiu para intensificar a ocupação dessa praia por residências de uso ocasional.
Com a expansão de banhistas em Areia Preta fez com que a Praia do Meio começasse a ser frequentada. De acordo com Souza, a primeira residência secundária construída na Praia do Meio, foi a do topógrafo Manuel Joaquim de Oliveira, em 1912. Depois, o pessoal se expandiu para a Praia da Redinha, com a construção de vias de acesso, como a Avenida Getúlio Vargas e Café Filho.
Entre os anos de 1950 e 1970 a praia de Ponta Negra emerge como o terceiro núcleo de residências secundárias na faixa litorânea de Natal. Nesse período, a antiga Vila de Ponta Negra começou a se consolidar como reduto de lazer e descanso para férias anuais, fins de semana e feriados, redirecionando o fluxo da produção desses domicílios para a zona sul do município. A primeira estrada carroçável ligando a Vila de Ponta Negra ao núcleo urbano de Natal – a antiga estrada de Ponta Negra – foi construída em 1923, pelo farmacêutico e Intendente de Natal, Joaquim Ignácio Torres, sendo reaberta em 1936, pelo então prefeito Gentil Ferreira de Souza. Até então, a localidade vivia isolada, subsistindo basicamente da pesca e da agricultura.
A partir dos anos setenta, com a implantação dos conjuntos habitacionais Ponta Negra e Alagamar, bem como a melhoria da acessibilidade proporcionada pela construção da Avenida Engenheiro Roberto Freire. O processo de ocupação dessa área foi intensificado a partir da segunda metade dos anos 80 com a inauguração do megaprojeto turístico Parque das Dunas/Via Costeira, que ligou Areia Preta à zona sul de Natal.
Na medida em que Ponta Negra assumiu função residencial a partir dos anos 70 e turística a partir dos anos 80, a faixa litorânea de outros municípios localizados no entorno de Natal (Parnamirim, Nísia Floresta, Extremoz e Ceará Mirim) passaram a ser mais atrativos para a produção e consumo de residências secundárias para os potiguares.
Esse processo se verifica a partir dos anos oitenta em direção ao litoral sul de Natal, englobando as praias de Cotovelo, Pirangi (Parnamirim), Búzios e Tabatinga (Nísia Floresta). Nos anos 1990, a criação da Rota do Sol facilitou o acesso às praias, intensificando a ocupação dessa área por esses domicílios.
Na década de 1990 e início dos anos 2000, a partir da entrada de expressivo volume de investimentos estrangeiros destinados a produção de residências secundárias no litoral oriental potiguar, novos usos e tipologias dessa modalidade de alojamento extra-hoteleiro são observadas, para atender demandas também de origem externas.
Nesta fase, o capital imobiliário associado ao setor turístico imprime uma nova dinâmica sócio-espacial ao litoral oriental potiguar introduzindo distintas formas de residências secundárias agrupadas em condomínios fechados, dotados de serviços de lazer, entretenimento, comércio, esportes, e sofisticado sistemas de segurança privada,
etc.
Além disso, pessoas passaram a colocar casas de praias em lugares mais distantes, como as praias que ficam no litoral Norte.
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