Pensei muito antes de fazer este artigo, porém com minha ida aos vários foodtrucks surgiram inquietações na minha cabeça. Será que as pessoas estão com menos ou mais frescuras na hora de comer algo? Você sabe o que significa a palavra “Gourmet”? Gourmet é uma palavra francesa e o significado original designava a bons apreciadores de vinho. Ultimamente a palavra mudou de significado e está relacionado com “inovação” na arte culinária. Entretanto, quem é verdadeiro conhecedor comida pode adotar este termo.
Hoje, a palavra está relacionada aos prazeres da gula, comida de alta qualidade e algo “realmente” considerado original. Quando você cria um produto e este é inovador, saboroso e delicioso, parabéns, você pode adotar a palavra francesa. Sabe qual é o problema? Quando copia pratos vindos de grandes fast foods e cadeias de restaurantes, altera um ingrediente ali e acolá e botar preços exorbitantes e dizer que foi algo inusitado.
Esta é uma das poucas partes que não gosto dos foodtruck. Mas eu lhes admiro por serem os heróis da “crise econômica”, pois eles estão lucrando muito enquanto as empresas de restaurante estão cada vez mais caindo.
Os foodtruck que traduzindo ao pé da letra é “caminhão de comida”. Isto é bastante comum nos Estados Unidos e são os “sebosões” da terra do Tio Sam.
O crescimento do Foodtruck está crescendo tanto no consumidor quanto para aqueles que querem aderir à façanha. De acordo com o site Pequenas Empresas Grandes Negócios, o crescimento apenas no Brasil foi de 150% em janeiro deste ano. O previsão é crescer ainda mais, graças aos realities shows e eventos.
Ser tendência no mercado, a facilitação de abrir uma empresa no modo de Microempreendedor Individual (quando o dono pode abrir num processo menos burocrático possível e ter no máximo um funcionário) e gerar lucros quase instantâneo foi a fórmula perfeita para crescer este tipo de restaurante na cidade.
O que eu mais crítico no Foodtruck são os preços exorbitantes para um cardápio e espaço reduzido. Em suma, um espaço retangular com menos de 10 metros quadrados de área pode cobrar um sanduíche por 20 reais enquanto um restaurante de 100 metros quadrados custa 10 reais com muito mais recheio e mais opções.
Em Natal, por exemplo, fazer com que um evento bombe na cidade tem que colocar os foodtrucks, para a tristeza da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), uma das entidades que deseja estes caminhões sejam regulamentados, pois alegam que a concorrência é desleal, uma vez que muitos caminhões não pagam os impostos ou emitem notas fiscais.
Lembra da minha teoria do foodtruck que comparei para falar dos ônibus? Ainda se encaixa neste artigo. O preço e a comida de um restaurante e do foodtruck é o mesmo. Entretanto, o restaurante fica longe da sua casa, o atendimento é péssimo, sujo, maltratado, não lhe fornece benefícios e o garçom é um rude.
O foodtruck, por sua vez, a comida é tão gostosa, passa perto de sua casa, lhe trata bem e fornece um serviço de qualidade. Qual que você escolhe? O foodtruck. Ou seja, as pessoas pagariam até mais caro se o serviço fosse bem aliviado, bom serviço, mais pessoas. Em suma, as pessoas vão pagar caro por algo quando é bom.
Entretanto, a maioria que vão aos foodtruck mostra que o público-alvo são pessoas de classe média alta e afins, que dificilmente vão para restaurantes populares, trailers e os “aclamados sebosões”, que são os mais criticados quanto à qualidade das comidas desses lugares, falam que é sujo e não é comida de verdade. Aí vem o questionamento: Só porque os carrinhos são tendências vindas fora do país que é bom?
Fui criada comendo no Passaporte, Nero’s Burg, Madruga e dentre outros trailers espalhados nesta cidade. Esses que citei tem qualidades melhores, mais acessíveis e são tão confortáveis quanto um foodtruck e restaurante fechado. Além disso, eles têm mais opções de cardápio do que os caminhões.
Alguns estão há mais de 30 anos de carreira e são referências do mercado. Como todo bom brasileiro, eles adoram inventar coisas e até aperfeiçoar algo que já existe nos estabelecimentos de renome. Os cozinheiros são tão criativos quanto um chefe de restaurante francês e não é porque os locais são mais simplórios que vai ser horrível.
Quando vejo a nova tendência aparece um misto de alegria e tristeza. Alegria, porque vi os natalenses aderindo as novas tendências rapidamente, algo que era difícil há anos atrás. Porém, minha tristeza de o que era para ser uma comida de fácil acesso, serem poucos a ter condições de pagar para comer e é o contrário do que deveria ser proposto para comida de rua. Enfim, uma hipocrisia.