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Rock e periferia: assistindo um show no Passo da Pátria

O Passo da Pátria fica entre a Ribeira, Cidade Alta e Alecrim. A comunidade fica as margens do rio Potengi e também da linha do trem. Mais de três mil pessoas vivem na região. O local surgiu próximo da Pedra do Rosário, um dos principais pontos turísticos da cidade.  Sua área totaliza mais de 200…

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O Passo da Pátria fica entre a Ribeira, Cidade Alta e Alecrim. A comunidade fica as margens do rio Potengi e também da linha do trem. Mais de três mil pessoas vivem na região. O local surgiu próximo da Pedra do Rosário, um dos principais pontos turísticos da cidade.  Sua área totaliza mais de 200 metros quadrados. O nome foi dado pelo então presidente da província José Olinto Meira (nome dado na época do Império para Governador), que homenageou os natalenses voluntários na Guerra do Paraguai (1864-1870) e ao fato do lugar ser passagem importante, porta de entrada da cidade na época.

No final do século XIX, era um importante local de encontro e lazer na cidade, onde funcionava um porto e uma feira, que funcionava durante a noite. Os primeiros moradores estavam relacionadas à estas duas atividades e tinham o baixo poder aquisitivo.  O porto recebia mercadorias vindas de Macaíba e São Gonçalo do Amarante.  Além disso, a fonte de renda dos moradores era a pesca artesanal, graças ao rio. Hoje, o local é conhecido nas páginas policiais pela intensa briga entre os traficantes de drogas e a Polícia Militar, além de ser um local onde a maioria dos moradores possui o baixo poder aquisitivo.

Para tirar o estereótipo de comunidade, um coletivo chamado Viramundo cria diversas atividades socioeducativas e culturais dentro da comunidade, com aulas de xadrez, breakdance e desenho. Além disso, eles promovem diversas atividades musicais, como um show de rock que aconteceu neste domingo (8) e chamou gente não só do Passo, mas também de outros lugares da capital potiguar. O projeto foi uma iniciativa do Viramundo com o coletivo Artistas Potiguares Antifascismo (Apaf), que reúne bandas, cantores, músicos, designers, ilustradores e os mais diversos ramos da arte para criticar o crescimento do movimento ultraconservador que está acontecendo não só no Brasil, mas também no restante do mundo.

De acordo com a ilustradora Ana Clara Monteiro, integrante da Apaf, é importante discutir os problemas que acontecem no Brasil na periferia, uma vez que é lá que as pessoas sentem na pele o que está acontecendo. “A gente tem que começar a falar de política na periferia, onde não tem acesso às políticas públicas e muito menos às artes. A gente vive no underground, mas pouco se comenta sobre os problemas urbanos e esses showes ajudam a criar um de bate para promover o cenário político atual”, comentou.

Antes de começar o show, a Apaf junto com os moradores do Passo da Pátria, no qual discutiram sobre o machismo e o capitalismo, além de comentar dos últimos acontecimentos do país e sobre o que mais temem da gestão de Jair Bolsonaro. A roda de conversação contou com a participação dos integrantes das bandas, os moradores e gente que estava afim de curtir o show. A intenção, segundo a Apaf, é promover um diálogo para reagir contra o fascismo que assola o país por meio da arte.

Esse também é o pensamento da banda cearense Afronta, que é divulgar as ideias antifascistas e educação através do som do hardcore. O grupo, formado apenas por mulheres, recentemente, fez uma ação com a banda Eskrota (também composto apenas por mulheres) no qual juntas lançaram um EP chamado “Ultirz”. Nas quatro faixas há letras antifascistas e feministas de dois dos nomes mais proeminentes do circuito alternativo.

Afronta, é uma banda de crust/hardcore de Fortaleza (CE), que enxerga no feminismo, nas ações antifascistas e na educação o impulso para transformação. As meninas realizaram uma turnê que além de Natal passou por João Pessoa e Recife. Em Natal, o show foi diferente, foi no Passo da Pátria. Mas, será que tem um gosto especial ? Elas respondem:

“Deve descentralizar essa ideia de fazer evento no centro e na capital, porque a mensagem tem que chegar nas classes que são as mais afetadas, que são a galera da periferia e aqueles que vivem na região Metropolitana. Sem contar que as pessoas que vão ao Centro curtir o nosso show já sabe da nossa mensagem e tem melhor o acesso à informação. Por isso é importante divulgar o nosso som e o nosso recado para aqueles que não conseguem a informação tão fácil. “.

O show contou com a abertura dos potiguares do Morto, integrantes da Apaf e ainda contou com muita vontade de gritar o que está errado neste mundo louco e caótico. Confira as fotografias a seguir:

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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