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Professor da UFRN participa de um projeto que testa resultados contrários de Albert Einstein

O professor Rafael Chaves, integrante Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IIF-UFRN), participou no semestre passado do projeto “O Grande Teste de Bell”, organizado pelo Instituto de Ciências Fotônicas da Espanha (ICFO), com a participação de outros 12 laboratórios e de pesquisadores de vários países. Através de um game, os pesquisadores…

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O professor Rafael Chaves, integrante Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IIF-UFRN), participou no semestre passado do projeto “O Grande Teste de Bell”, organizado pelo Instituto de Ciências Fotônicas da Espanha (ICFO), com a participação de outros 12 laboratórios e de pesquisadores de vários países. Através de um game, os pesquisadores utilizaram uma forma de criar partículas e comprovar os limites da física quântica.

O Grande Teste de Bell reuniu cientistas de diversos países, inclusive do Brasil, para uma série de experimentos quânticos em laboratórios ao redor do planeta, controlados por decisões feitas por voluntários. O nome é uma homenagem ao físico John Stewart Bell, que cria pares de partículas, como as de fótons, emaranhadas entre si e as envia para locais diferentes, onde propriedades das mesmas partículas, como cor e tempo de chegada, são medidas.

Se os dados colhidos nos pares mostrarem correlações fortes o suficiente, isso implica em algo surpreendente: ou as medições de uma partícula afetam instantaneamente a outra ou, mais estranho ainda, as propriedades nunca existiram, mas foram criadas pela própria medição. As duas possibilidades contradizem o realismo local, que é a visão de Albert Einstein de um universo independente de nossa observação, onde nenhuma influência pode viajar mais rápido do que a luz. Seria como pedir para estudantes escreverem as próprias questões em seus exames.

No jogo online as pessoas tinham que apertar teclas e as suas escolhas tinham que ser as mais aleatórias possíveis para passar de fase.

Os voluntários produziram 90 milhões de bits, criando sequências imprevisíveis de 0s e 1s. Estes bits foram então encaminhados para avançados experimentos em laboratórios espalhados por diferentes países, onde foram utilizados para ajustar ângulos de polarizadores e outros equipamentos e técnicas, com o intuito de determinar como partículas emaranhadas seriam medidas.

O Grande Teste de Bell pede a voluntários, conhecidos como Bellsters, que escolham medidas para fechar a assim chamada brecha da liberdade de escolha – a possibilidade que as próprias partículas influenciem a escolha de medidas.

Essa brecha, também, não pode ser fechada através de dados ou de geradores de números aleatórios, isso porque sempre existe a possibilidade de que esses sistemas físicos sejam coordenados com o emaranhamento das partículas. A escolha humana introduz o elemento de livre-arbítrio, pelo qual as pessoas podem escolher, independentemente, do que as partículas estejam fazendo.

De acordo com o pesquisador do IIF-UFRN, Rafael Chaves, em entrevista para a Agecom, “esse experimento teve um significado duplo, tanto por possibilitar a realização de um novo tipo de teste de Bell, assim como por ser também um projeto de divulgação científica”.

Os resultados, publicados na revista Nature, contradizem a visão de Einstein, oferecendo uma alternativa para se fechar a brecha da liberdade de escolha pela primeira vez e demonstrando diversos novos métodos para o estudo do emaranhamento e do realismo local.

“O que é mais surpreendente para mim é que o debate entre Einstein e Niels Bohr, depois de mais de 90 anos de esforço para torná-lo rigoroso e experimentalmente testável, ainda mantém um elemento humano e filosófico. Sabemos que o bóson de Higgs e as ondas gravitacionais existem graças a máquinas incríveis, sistemas físicos construídos para testar as leis da física. Mas o realismo local é uma questão que não podemos responder totalmente com uma máquina. Parece que nós mesmos devemos fazer parte do experimento, para manter o universo honesto”, afirma o professor Morgan Mitchell, líder do projeto no Instituto de Ciências Fotônicas da Espanha.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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