O ano era 2007, novembro ou dezembro. Eu conheci o site Jovem Nerd em uma conversa no finado MSN com Renan. No meio do papo, eu falei que estava entediada nas férias e rapidamente mandou o link do nerdcast, o podcast do site, com o tema sobre a vida de trabalho e comecei a rir horrores.
Então, eu comecei a pesquisar mais e conheci o Vince Glotto, no qual haveria lançado “A Batalha do Apocalipse”, sob o seu nome de bastismo, Eduardo Spohr, e o site estava vendendo o livro.
Inicialmente não me interessava, porém a medida que o Alexandre Ottoni e Deive Pazos divulgava a obra e como a sinopse era interessante, fiquei interessada.
Três anos depois, eu vi uma promoção no site em que os 100 primeiros compradores receberia um autógrafo do livro. Gastei minha mesada e consegui ler. Era minha válvula de escape do vestibular e estava adorando uma pessoa imaginar os anjos e o Céu como uma Terra Média de O Senhor dos Anéis. Diferente do Céu da novela “A Viagem”.
Depois, a obra de Spohr começou a ser distribuída em grandes livrarias e, rapidamente, o livro que era conhecido apenas pelos fãs do site, virou um best seller e fez a fama do carioca.
Márcio Benjamin e Eduardo Spohr durante o Fliq
Atualmente, ele veio para Natal para a Feira de Livros e Quadrinhos (Fliq) para divulgar a versão estendida de “Filhos de Éden”, trilogia divulgada após “A Batalha do Apocalipse”, além de discutir literatura fantástica com o potiguar Márcio Benjamin.
O “Filhos do Éden – Universo Expandido” foi lançado em 2016, uma enciclopédia e guia de RPG de mesa, escrito pelo próprio romancista e ilustrado por Andrés Ramos.
“O lançamento de “Os Filhos de Éden – Universo Expandido” foi justamente pensando nesta galera. Foram essas pessoas que me ajudaram. Não estou falando apenas do pessoal do Jovem Nerd, o site, mas também a equipe e os seus fãs”, comentou o escritor em entrevista exclusiva para o Brechando.
Além disso, Spohr disponibilizou em seu site pessoal o livro online “Filhos do Éden – Suplemento de RPG”, adaptação compatível com o sistema Dungeons & Dragons 5.0.
“Damos a liberdade das pessoas em adaptarem e criarem seu próprio sistema. No livro temos dois capítulos, um dedicado apenas ao RPG e o outro para fan fiction, no qual o leitor pode criar a sua parte da história.”, afirmou Spohr, que também ainda joga Role-Playing Game (sigla para RPG).
Foi difícil separar a imagem do site Jovem Nerd de Eduardo Spohr, então resolvi perguntar sobre nerdices e as mudanças que o rótulo de ser nerd obteve ao longo do tempo. Antes quemera visto como uma imagem de CDF esquisito, hoje é lembrado como uma pessoa legal e inteligente.
Mas, será que Spohr gosta de se definir assim? Spohr respondeu: “Nerd é um rótulo, o qual acho legal e não tenho problema nenhum em me definir assim. Porém, no fundo, a gente nunca pensa sobre o conceito. A gente simplesmente gosta de focar em um determinado assunto. Todo mundo é nerd em um determinado assunto. Tem gente que é nerd em RPG, outro em Guerra nas Estrelas…No fundo a gente nunca pensou em ser nerd, as coisas foram acontecendo. .”.
Quem leu “A Batalha do Apocalipse”, a leitura lembra bastante a de “O Senhor dos Anéis”, do escritor J.R.R. Tolkien. Claro, nesta conversa, tínhamos que mencionar o escritor, chegamos a discutir a dificuldade de entendê-lo diferente, por conta da linguagem pesada e o uso de muitas metáforas e excesso de personagens. Mas, ele admitiu que nem sempre é fácil de entender o neozelandês.
“A primeira vez que li O Senhor dos Anéis achei complicado e não consegui avançar na leitura. Depois, comecei a ler a série As Crônicas de Dragonlance que tem um outro estilo. Então, eu li Conan e após uma bagagem de leitura comecei a voltar a ler o Tolkien.”.
Porém, ele comentou a importância de J.R.R. Tolkien. “Tem alguns autores que são icônicos por quebrar a barreira. Não estou falando apenas da prosa e da escrita de Tolkien, mas de um homem acadêmico que resolveu escrever fantasia, vista como uma literatura menor e inferior, desrespeitada. Ele ajudou a tirar o preconceito da literatura fantástica. Assim como a J.K. Rowling com Harry Potter, pode ser feito por mulheres e crianças pudessem ler, e George R.R. Martin, com as Crônicas de Gelo e Fogo, pode mostrar a literatura aos adultos.”.
Mas será que ele pensa em escrever assuntos fora da literatura fantástica? Spohr finaliza a entrevista com esta frase: “Sempre escrevo as coisas que quis escrever e que gosto, as coisas vêm naturalmente e a literatura tem que sair no coração. Nunca pensei em escrever fantasia, as coisas foram acontecendo.”.
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