A editora da UFRN resolveu fazer uma coleção especial para comemorar a memória da bibliotecária mais famosa da instituição de ensino, a Zila Mamede, no qual os seus seis livros tiveram uma nova roupagem
A Zila Mamede não foi somente bibliotecária como também escritora. Por isso, a editora da UFRN (EDUFRN) resolveu neste ano lançar a coleção “Zila, Toda Poesia”. Seu objetivo é, portanto, exibir as novas versões dos livros, que são: “Rosa de Pedra”, “Salinas”, “O Arado”, “Exercício da Palavra”, “Corpo a Corpo” e “A Herança”.
O objetivo desta nova coleção é celebrar os 70 anos do lançamento de “Rosa de Pedra”, que só foi publicado em um volume. Nesta reedição, há uma nova materialidade, que contou com o editor Helton Rubiano e pelo designer gráfico Rafael Campos. Cada título possui seu próprio volume e as capas tem a ilustração dos bordados da artista Ângela Almeida.
Além disso, o livro tem uma importância tão grande na literatura potiguar, que inspirou até nome de banda.
Sobre os livros de Zila
Em 17 de outubro de 1953, Zila Mamede lançou o seu primeiro livro, Rosa de Pedra, editado pelo Departamento de Imprensa do Rio Grande do Norte. A direção da empresa era do crítico e poeta Antônio Pinto de Medeiros. Além disso, esse livro teria a edição da Edições Hipocampo, sob a administração dos poetas Thiago de Melo e Geir Campos, mas a editora faliu antes da publicação.
A ilustração aconteceu nas mãos do escritor e artista plástico Newton Navarro, recebendo de crítica. Entre eles estavam Mauro Mota e Osman Lins, no jornal Diário de Pernambuco, e Jaime dos G. Wanderley, no Diário de Natal.
A sua relação com o mar foi explicitamente vista no livro “Salinas”, com lançamento em 1958, no qual inclusive ganhou prêmios, onde dizia que o rio, o mar, a rua e a natureza estão no nosso cotidiano. Por ironia do destino, Zila morreria anos depois afogada enquanto fazia seu nado matinal no rio Potengi.
Amizade com Drummond
O seu terceiro livro, “O Arado”, ela recebeu o elogio de Carlos Drummond de Andrade, onde ela enviou o manuscrito do livro e ressaltou em carta a sua alegria de vê-la “crescendo em poesia” e o seu constrangimento em propor qualquer modificação a um poeta. “Receio ainda sugerir o que é apenas a minha verdade, uma verdade precária nos limites do meu ser”, disse Drummond.
Quando “O Arado” finalmente saiu, a autora enviou a Drummond, que lhe escreveu em 11 de fevereiro de 1960: “Zila, amiga querida: Seu livro está aqui, encantando um velho leitor que já o conhecia bem e agora se alegra de tornar a ver o amigo. Tão puro ele é em sua aderência à terra, aos bichos, à vida natural”.
O livro por muito tempo esteve na lista de leitura para as provas de português do vestibular de ingresso à UFRN.
Na década de 70 lançou mais dois livros “Exercício da Palavra”. Recebendo elogios de João Cabral de Melo Neto, e “Corpo a Corpo”, cuja obra comemorou seus 50 anos de vida e 25 anos de carreira como poeta.
O último livro
“A Herança”, de 1984, é o último livro de Zila Mamede, que faleceu no ano seguinte. Sua morte causou espanto pela forma trágica que aconteceu, porém o seu legado na literatura potiguar continua.
Dividido em duas partes, O Sangue e O Afeto, é um livro permeado de nostalgia e silêncio. Na primeira parte, a poeta evoca seus familiares amados. Na segunda parte, seus amigos amados. Entre eles estão Oswaldo Lamartine, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e José Bezerra Gomes. Neste livro, Zila aumenta a potência de sua poesia: a linguagem ergue-se, reina. Em A Herança as palavras vão além de si mesmas. Tudo neste livro é significado, ritmo, cor, imagem.
disse Marize Castro em texto para a Agência de Comunicação da UFRN (Agecom)
No ano seguinte, portanto, a Biblioteca Central recebeu o seu nome em forma de homenagem.
Confira a seguir, os seis livros de Zila Mamede
A reedição especial dos livros de ZIla Mamede já estão disponíveis para venda no site da EDUFRN ou na livraria mais próxima.
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