Agora, hora de falar de um bloco de carnaval que mostrou a importância de até no surgimento de um movimento político.
Vamos continuar a série de reportagem sobre os blocos de elite de Natal. Faltando uma semana da folia de momo, vamos contar a história do carnaval potiguar. Após falar do bloco Puxa Saco, hora de falar de Jardim de Infância.
O bloco virou até apelido para um novo grupo de políticos que estavam chegando no Rio Grande do Norte nos anos 70.
O playground era na rua
Fundado em 1946, o Jardim da Infância passou por várias fases até dar uma longa parada em meados da década de 1980.
Seu auge mesmo foi mesmo nos anos 70, o Jardim de Infância com Ezequiel Ferreira (na época era conhecido apelas como Ezequielzinho), Fernando Bezerra, Haroldo Azevedo, Henrique Alves (vamos falar mais na frente), Carlos Eduardo, Múcio Sá (pai da cantora Roberta Sá), Flávio Rocha (dono da Riachuelo), Wober Júnior, Bira Rocha e muitos outros que saíam às ruas trajando a fantasia tradicional do bloco: o uniforme colegial com as inicias J. I.
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Algumas fotos do bloco dá para reconhecer esses nomes e todos aqueles já foram jovens um dia.
Dentre algumas peculiaridades do Jardim da Infância, uma é a que mulher não pagava para participar. O uniforme delas também era diferente: uma jardineira com camisa social branca, boné e bolsinha a tira colo com o nome do componente bordado.
E ainda tinha hino, no qual você confere, portanto, a seguir:
Somos todos do jardim da infância, bem comportados e obedientes, se nos proíbem de beber uísque, obedecemos tomando aguardente.
… Somos crianças de muito juízo, cada um de nós tem um ideal, passar o ano inteiro estudando, para se esbaldar durante o carnaval.
… Nos somos todos do jardim da infância e temos pinta de colegial. Saímos sempre de calcinhas curtas e juntos brincamos nosso carnaval.
… Nós já sabemos muita coisa soletrar. A professora nos ensina a teoria e se recusa sempre a praticar. Parece que até elas não aprenderam, que nós queremos é só transar.
O Bloco Alerta, mencionou em seu post, que até meados da década de 70, lanças perfumes davam brilho e alegria aos foliões. Depois da dificuldade em adquiri-las em função do alto custo imposto pela proibição, a velha “loló” uma mistura química perfumada foi aos poucos substituindo as lanças.
Mesmo assim, até o inicio dos anos 80, era possível conseguir lanças perfumes da marca “Rodouro”, importada da Argentina, chegava aqui com valor muito elevado, o que a tornava raro e ao mesmo tempo muito cobiçada pelos foliões mais endinheirados.
Ainda nos anos 60 esses blocos adotaram carroções puxados por tratores, em geral, eram três as alegorias, sendo a do meio reservada para a banda do bloco.
A decoração das alegorias era o ponto alto dos blocos nas ruas, entre um “assalto” e outro. O nome do bloco ficava sempre em destaque nas laterais e traseiras dos carros alegóricos.
A animação dos foliões era garantida por uma pequena orquestra de sopro, diferente dos blocos das décadas de 40 e 50, quando eram os componentes dos blocos que tocavam os instrumentos musicais.
Quem eram os políticos do Jardim de Infância
Na mesma época, o Jardim de Infância foi uma referência para o movimento político, principalmente na década de 70. Tudo começou na década de 70, quando Aluísio e Agnelo Alves foram cassados no Governo Militar e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) precisava de novos políticos.
Por isso, a juventude do partido potiguar resolveu se candidatar a deputado estadual, que foram Henrique Eduardo Alves, Iberê Ferreira, Magnus Kelly, Antônio Câmara e Garibaldi Filho.
O nome era referência, portanto, aos membros que iam ao mesmo bloco.
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